Se você procura espécies de peixes para criar e, assim, viver da piscicultura, saiba que o pescado brasileiro tem sido cada vez mais apreciado no mundo. Não à toa, as exportações subiram 22% em 2022, com um ganho de mais de 15 milhões de dólares para produtores brasileiros.
O país que consome mais peixes exportados pelo Brasil é os Estados Unidos — justamente a economia mais poderosa do mundo. Por isso, esse mercado representa uma ótima oportunidade de negócio por aqui, uma vez que temos uma vasta gama de espécies de peixes propícias para criação em cativeiro e o consumo interno desses produtos está em crescimento, assim como o seu faturamento.
Pensando nisso, elaboramos este guia completo com as principais espécies de peixes para criar, listando as que são mais facilmente encontradas no Brasil. Leia até o final e comece agora uma empreitada de sucesso!
Qual é a importância da piscicultura para a economia brasileira?
Não é nenhum exagero afirmar que a piscicultura brasileira tem se tornado um dos principais pilares da economia do país. O aumento da produção de peixes por aqui, principalmente da tilápia, e o estabelecimento de novos canais de venda são alguns dos motivos que explicam o aumento das exportações do peixe brasileiro.
Além disso, o crescimento do setor também é resultado de uma maior profissionalização e de aumento da escala de produção dos criadores nacionais, proporcionando a entrada no mercado internacional. Vale lembrar que os clientes estrangeiros são bastante exigentes em termos de qualidade e de volume.
A exportação surge como uma forma de escoar a produção e diminuir a dependência das empresas de um só mercado, o brasileiro. Os vendedores nacionais também conquistaram uma importante vantagem competitiva: a entrada no mercado para produtos congelados, como a tilápia em filé ou inteira.
Os índices de expansão da piscicultura brasileira como um todo podem se tornar ainda mais relevantes nos próximos conforme a melhoria da segurança jurídica para a produção de pescado de cultivo.
Outro detalhe importante se relaciona à tendência de que a União libere um maior uso de águas, justamente pela importância crescente do setor, além de mais programas governamentais que estimulem esse setor.
Os dados da Embrapa, citados no primeiro parágrafo do texto e que apontam um crescimento de 22% da exportação, são ainda mais relevantes quando consideramos o contexto global: a guerra entre Rússia e Ucrânia desacelerou a economia mundial, mas nem isso foi o suficiente para paralisar o crescimento da piscicultura nacional.
Os fatores para considerar e crescer no mercado
Para ter um negócio de sucesso, é preciso tomar decisões estratégicas. Antes de começar um projeto de criação de peixes, é importante conhecer o mercado, saber quais são as melhores espécies de peixes com alevinos disponíveis e todas as ferramentas e rotinas necessárias para manter o pleno funcionamento da infraestrutura de criação.
Esse pode ser um desafio para empreendedores que não têm experiência nesse modelo de negócio. Afinal, segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Brasil apresenta 8.400 km de costa marítima e somos o país com o maior reservatório de água doce do mundo. Como se não bastasse, há uma rica malha hidrográfica com rios e riachos.
Nesse sentido, temos todas as condições para que a piscicultura se desenvolva ainda mais por aqui. Sendo mais específico, para se ter uma ideia, são mais de 2.500 espécies de peixes já identificadas em todo o território brasileiro.
Quais são as espécies de peixe para criar em água salgada?
As espécies de peixes podem ser separadas em grupos ou famílias que variam conforme as suas características físicas, como tamanho e estrutura corporal, hábitos alimentares, locais em que podem ser encontradas e até em demanda para consumo nos territórios nacional e internacional.
Os peixes marinhos se diferenciam por serem, normalmente, de porte maior. A produção para venda comercial, ou seja, piscicultura marinha, não é tão comum e não recebe tantos investimentos quanto a de água doce no país. Porém, caso essa seja a sua decisão de negócio, é preciso conhecer as melhores espécies. Confira as principais!
1. Beijupirá (Rachycentron canadum)
O beijupirá, que também é conhecido como pirabiju, parambijú, bijupirá, cobia ou cação de escama, é um peixe encontrado na Zona Tropical e Subtropical. No Brasil, está em abundância pelo Nordeste, nas zonas costeiras do Piauí e Ceará, mas pode ser encontrado até no litoral da Argentina.
Essa espécie pertence à família Rachycentridae e apresenta boas características para aquicultura, crescendo rápido e chegando aos 3 ou 4 quilos em apenas um ano.
Em condições normais de cultivo, o peixe pode chegar a 10 kg em 16 meses, além de apresentar facilidade para desovar em cativeiro, resposta positiva à vacinação e boa adaptabilidade ao ambiente de confinamento. Seu comércio é mais popular em países como EUA e Bélgica, porém, tem ganhado destaque no Brasil nos últimos anos.
2. Garoupa (Epinephelus marginatus)
Pertencente à família Serranidae e à subfamília Epinephelinae, a garoupa também é conhecida como garoupa verdadeira, dusky grouper, crioula, galinha-do-mar e piracuca. Um detalhe interessante é que esse peixe é encontrado em todo o mundo.
No Brasil, ele habita toda a costa do Sergipe, até o Uruguai, além de uma porção do litoral Norte da Argentina. A espécie é considerada uma das mais valorizadas pelos consumidores nacionais e, por isso, tem alto valor no mercado — podendo atingir US$60,00/kg.
Mais comum no Sudeste brasileiro, o peixe pode chegar a medir até um pouco mais de 1,5 metro e atingir 60 quilos, apresentando características interessantes para a produção em cativeiro, em tanques-rede, tanques ou viveiros escavados.
Entretanto, um fator que dificulta a prática é que esse é um peixe hermafrodita protogínico: todos nascem fêmeas e, eventualmente, podem se tornar machos.
3. Dourado-do-mar (Coryphaena hippurus)
Esse peixe marinho é pertencente à família Coryphaenidae e pode ser encontrado nas regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Sul do país. Essa espécie é maior que sua versão de água doce, chegando aos 2 metros de comprimento e 40 kg.
São peixes muito valorizados para uso comercial e pesca esportiva. Essa espécie tende a se aproximar da costa brasileira entre os meses de outubro e março.
4. Salmão do Atlântico (Salmo salar)
Pertencente à família Salmonidae, o salmão é um peixe muito conhecido e consumido no mundo todo. Essa espécie não é encontrada naturalmente no Brasil, sendo originária da costa leste da América do Norte. A variedade landlocked (isto é, que não migra) foi introduzida no Brasil no início dos anos 90 por um grupo de truticultores de Minas Gerais.
Na natureza, nasce em água doce, mas passa sua vida no mar, retornando ao ambiente dulcícola em que nasceu na época de reprodução.
5. Robalo (Centropomus undecimalis)
Outra aposta da piscicultura marinha nacional são os robalos (peva/peba — Centropomus parallelus —, ou o flecha — Centropomus undecimalis). As espécies estão presentes em toda a costa do Atlântico, desde a Carolina do Norte (nos EUA), até o rio Mampituba, em Santa Catarina.
Sua distribuição no Brasil segue seu principal habitat: o mangue. Dessa forma, é uma ótima opção para produção na Bahia, Pará e Maranhão.
6. Linguado (Paralichthys orbignyanus)
O linguado tem alto valor comercial e apresenta ótimas características para piscicultura, sendo considerada uma espécie bastante promissora para a aquicultura brasileira.
Isso porque ela é tolerante a diferentes faixas de temperatura e salinidade, elevadas concentrações de compostos nitrogenados e sobrevivência em águas ácidas. O linguado é encontrado em todo o território entre o Mar del Plata, na Argentina, e o Rio de Janeiro, no Brasil.
Quais são as espécies de peixes para criar em água doce?
As espécies de água doce são as mais comuns em nosso país, mas o trabalho de piscicultura varia conforme as condições ambientais de cada região. Assim, algumas mais favoráveis para pescados específicos. Confira uma lista com as mais conhecidas e importantes.
1. Tilápia
Esse peixe pertence à família Cichlidae e apresenta mais de 10 variações em seu habitat, chegando aos 4,3 quilos de peso e 60 cm de comprimento. A espécie é nativa da África, mas tem sido introduzida em diversas partes do mundo pelo seu sabor agradável.
Atualmente presente no mundo todo e largamente produzida em todas as outras regiões do país — não à toa, é o peixe de água doce mais consumido do país e o segundo no mundo.
Para produção, é possível usar viveiros escavados, tanques-rede, gaiolas flutuantes ou raceways. Por esses motivos, é considerado o “carro-chefe” de nossa aquicultura.
O hábito alimentar da tilápia é generalista, baseado no consumo de peixes, insetos, ovos, entre outros. No entanto, a espécie é predominantemente onívora.
A temperatura ideal da água para a criação e reprodução das tilápias é entre 26º e 28 º C. Em ambientes mais frios a temperatura não pode ser inferior a 12 º C.
2. Carpa comum
A carpa comum pode chegar a mais de 1,2 metro e 40 kg, porém, normalmente é comercializada ainda pequena — entre 1 e 6 kg. A espécie tolera temperaturas entre 4ºC e 36°C do ambiente aquático. No Brasil, sua produção concentra-se nos estados do Sul e Sudeste.
As carpas fazem parte da família Cyprinidae, que conta com mais de 200 espécies distribuídas em mais de 200 gêneros e é considerada a maior entre os peixes de água doce. Existem diversas variações desse peixe, que mudam em tamanho, peso, cores e até mesmo comportamentos.
Muitas delas surgiram por mutação genética espontânea da espécie mais comum: a carpa comum ou cinza. Entre as mais usadas em aquicultura, estão:
- carpa húngara;
- carpa capim;
- carpa prateada;
- carpa cabeça grande;
- carpas coloridas utilizadas para ornamentação. Elas apresentam cores variadas como laranja, branca, marrom, preta, amarela, dourada ou vermelha), e também são conhecidas pelo nome em japonês: nishikigois. Todas são exóticas e encontradas apenas em cativeiro.
3. Tambaqui (Colossoma macropomum)
O tambaqui é um peixe de origem amazônica que se destaca na produção em viveiros. É mais cultivado e consumido na região Norte do país — mais especificamente, na Amazônia, Rondônia e Mato Grosso. A espécie pode medir 90 cm de comprimento e pesar até 45 kg.
Os tambaquis também são generalistas em sua alimentação, mas comem especialmente frutas, folhas, sementes, plâncton, minhocas, pequenos insetos, sementes que caem na água e matéria vegetal em decomposição.
O peixe é reofílico, o que significa que ele procria com a piracema, ao subir a correnteza entre os meses de agosto e dezembro. Seus alevinos sobrevivem dentro da vegetação flutuante na bacia do rio Amazonas e em alguns rios do sudeste do país. Os adultos da espécie podem viver cerca de 15 anos.
4. Pacu (Piaractus mesopotamicus)
O pacu, pacu caranha ou, simplesmente, caranha faz parte da família Serrassalmidae, sendo encontrado na Bacia Paraná/Paraguai.
A criação do Pacu é facilitada pela capacidade de adaptação da espécie, pois eles também vivem sob condições ambientais desfavoráveis, migrando durante as primeiras chuvas e desovando na seca.
Na aquicultura, a produção do pacu é destaque na região Centro-Oeste — Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul. Normalmente são produzidos em represas rurais e viveiros escavados, mas se adaptam a tanques-rede também. Esse peixe é onívoro em seu habitat, podendo ultrapassar 20 quilos e alcançar 70 a 80 cm de comprimento.
5. Pirarucu (Arapaima gigas)
Nativo da Bacia Amazônica e Araguaia/Tocantins, sendo pouco conhecido nas outras regiões do país, o pirarucu pertence à família Arapaimidae e também é conhecido como bacalhau da Amazônia, já que esse é o principal local onde a espécie é encontrada.
O pirarucu apresenta alimentação bem variada, composta de peixes, tartarugas, caramujos, plantas, gafanhotos e cobras. Quando adulto, na natureza, ele chega a atingir até 3 metros de comprimento e pode pesar mais de 200 quilos.
Inclusive, é possível encontrar os pirarucus chamados de gigantes: aqueles que têm mais de 2,5 metros de comprimento. Contudo, eles são cada vez mais raros, já que eles são mais velhos e o crescimento da pesca no Brasil impede que muitos deles cheguem à essa idade.
A produção dessa espécie na piscicultura é feita em represas rurais, viveiros escavados, tanques acima do nível do piso ou tanques de rede. Sua carne não tem espinhos em “y”, o que é um dos fatores que explicam os motivos pelos quais esse peixe tem uma boa comercialização.
Sem dúvida, uma ótima oportunidade para quem quer entrar no mercado. Outro detalhe interessante é que o pirarucu costuma ser encontrado em águas rasas e calmas, o que facilita a pesca dessa espécie.
6. Pirapitinga (Piaractus brachypomus)
Também conhecido como pacu negro ou caranha, esse peixe é encontrado nas bacias Amazônica e Araguaia-Tocantins. Habita regiões de mata alagada e lagos, sendo uma espécie herbívora, com algumas tendências frutíferas.
É um peixe conhecido pelas suas escamas. Pode alcançar até 88 cm de comprimento e 25 quilos, apresentando boas características para a aquicultura.
7. Piraíba (Brachyplatystoma filamentosum)
A paraíba pertence à família Pimelodidae, sendo um peixe encontrado nas bacias Amazônica e Araguaia-Tocantins — nesta última, é considerado uma ótima opção de pesca, pois pode ser encontrado durante todo o ano.
Pode existir em pequeno, médio e grande porte, alcançando até 300 quilos e 3 metros de comprimento. Entretanto, os exemplares menores são mais comuns.
8. Pirarara (Phractocephalus hemioliopterus)
A pirarara pertence à família Pimelodidae e é um peixe onívoro, por isso, alimentam-se de outros peixes, sementes, crustáceos e frutas, somente no período da tarde até a noite — permanecem imóveis durante o dia.
Pode ser encontrado nas bacias Amazônica e Araguaia-Tocantins. Tal como o pirarucu, é outro peixe de grande porte: em média, apresenta pouco mais de 1,3 metro de comprimento e pode chegar a pesar até 80 quilos, o que o torna excelente opção para a caça.
Além de ter sentidos mais aguçados — a espécie tem bigodes com células receptivas —, a pirarara se comunica por meio de ondas sonoras. Esse peixe para criar tem uma locomoção mais lenta e se reproduz por meio de fertilização externa após a postura dos ovos.
9. Piau-açu (Leporinus macrocephalus)
O piau-açu também é chamado de piavuçu ou piauçu e pertence à família Anostomidae. É uma espécie natural do rio Paraguai, mas também é encontrado no pantanal mato-grossense, Minas Gerais, São Paulo, Goiás e nas bacias Amazônica, Araguaia-Tocantins e Prata.
São peixes onívoros que comem de tudo e podem chegar a até 68 cm de comprimento, pesando no máximo 5,3 quilos.
10. Grupo Matrinxã (Brycon spp)
Quatro espécies de peixes fazem parte do grupo Matrinxã ou Matrinchão (Brycon sp): o piraputanga (Brycon microlepis), o jatuarana (Brycon sp), a piracanjuba (Brycon orbignyanus) e a piabanha (Brycon insignis). Todos fazem parte da família Bryconidae, gênero Brycon, e apresentam boas características para a aquicultura no Brasil.
A piraputanga apresenta características que lembram grandes lambaris, chegando próximo aos 3 quilos e 60 cm de comprimento. São encontrados em toda a bacia Paraguai, habitando a maior parte dos rios pantaneiros.
Já a espécie jatuarana apresenta corpo alongado, escamas de coloração prateada e uma mancha escura atrás do opérculo. São peixes encontrados na bacia Amazônica, mais exatamente em águas rápidas, como cachoeiras. Alimentam-se de insetos, frutos e pequenos peixes. Pode chegar a 40 cm de comprimento, pouco mais de 4 quilos de peso.
Por fim, o piracanjuba, que também é conhecido popularmente como pera, piracanjuva, bracanjuva ou bracanjuba, pode ser encontrado nos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e sul de Goiás. É um peixe onívoro e se alimenta de insetos, pequenos peixes e frutas. Em termos de tamanho, chega a 70 cm de comprimento e 8,6 quilos.
11. Cachara (Pseudoplatystoma fasciatum)
O cachara, ou surubim, está distribuído em nove famílias, que se diferenciam por suas características físicas. Alcançam no máximo 1,2 metro e 70 kg, são carnívoros e se alimentam de outros peixes. A espécie é conhecida pelo seu corpo alongado e cabeça grande e achatada.
É um peixe de água doce e encontrado nas regiões Centro-oeste e Norte, nas bacias Araguaia-Tocantins, Amazônica e Prata, além dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina.
12. Pangasius (Pangasianodon hypophthalmus)
O pangasius pertence à família Pangasiidae. É uma espécie que alcança até 1,3 m e pode ser encontrada de forma natural apenas na Ásia, nas bacias Mekong e Chao Phraya.
Mesmo não sendo natural do Brasil (ele é originalmente asiático), o peixe tem chamado a atenção para a aquicultura, sendo uma ótima opção para quem deseja entrar no mercado.
13. Dourado (Salminus brasiliensis)
O dourado é da família Bryconidae e subfamília Salminidae e é considerado o “rei dos rios”, sendo uma excelente opção para a pesca esportiva. Ele pode chegar a 1,5 metro de comprimento e pesar até 31 kg, dependendo de seu habitat.
É uma espécie carnívora — estão no topo de sua cadeia alimentar e se alimentam de outros peixes. Por isso, eles têm uma mandíbula extremamente forte e são considerados bons lutadores.
Normalmente, essa espécie é mais encontrada na bacia do Prata. Ela tem um comportamento solitário e de caráter migratório, ocasionado por fatores como a temperatura da água e a disponibilidade de alimentos.
As fêmeas atingem maturidade sexual por volta dos 5 anos e, a partir dessa etapa, fazem uma desova anual na piracema. Como crescem lentamente, podem viver mais de 15 anos.
14. Curimbatá (Prochilodus sp)
O curimbatá pertence à família Prochilodontidae e a espécie também é conhecida como “sardinha dos rios brasileiros”. Essa espécie apresenta características físicas que variam entre gêneros.
Enquanto os machos podem pesar mais de 5 quilos e chegar aos 58 cm, as fêmeas ultrapassam os 70 cm e pesam mais de 6 quilos em alguns casos. O peixe é facilmente encontrado em todo o país, com uma presença maior presente nas bacias Amazônica, do Prata, do São Francisco e Araguaia-Tocantins.
15. Jaú (Zungaro jahu)
O jaú é da família Pimelodidae e é considerado um dos maiores peixes de água doce do Brasil, chegando a pesar 120 kg e medir até 1,6 metro. É nativo da Bacia do Paraná-Paraguai. Uma curiosidade é que ele gosta de se esconder entre pedras submersas.
16. Truta-arco-íris (Oncorhynchus mykiss)
Esse peixe pertence à família Salmonidae. A espécie é originária da América do Norte e foi introduzida no Brasil no final da década de 40, na região de Campos do Jordão (SP). Atualmente, é produzida em grandes altitudes, nas regiões Sudeste e Sul do país.
A truta-arco-íris é um peixe carnívoro que pode alcançar 1,22 metro de comprimento e pesar mais de 25 quilos.
17. Lambari
O lambari é da família Characidae e é conhecido por apelidos como “sardinha de água doce”, piava, piaba, matupiris ou lambari do sul. É um peixe pequeno e não passa dos 10 cm, por isso eles são utilizados como iscas para peixes de maior porte durante a pesca esportiva.
Assim como a maioria dos peixes, o lambari é onívoro, entretanto, com uma propensão a se alimentar de detritos e sedimentos, como restos de frutos, sementes, vegetais aquáticos, escamas e insetos. Muito popular em todo o Brasil, essa espécie é encontrada em todas as regiões do país.
18. Pintado (Pseudoplatystoma corruscans)
O pintado faz parte da família dos Pimelodidae e tem distribuição exclusiva na América do Sul, presente no Brasil nas bacias do Rio Paraná e a do rio São Francisco, onde são encontrados com até 100 kg e 1,7 metro de comprimento.
O peixe é revestido de couro em vez de escamas e tem hábitos alimentares carnívoros, se alimentando de peixes menores. De hábitos noturnos, é comumente encontrado nas calhas dos rios, mas também em margens, poços e barrancos verticais.
19. Tucunaré (Cichla spp)
O tucunaré faz parte da família Cichlidae, junto a, pelo menos, outras 14 espécies do peixe. Os maiores podem chegar a 1 m e são encontrados nas bacias Amazônica e Araguaia-Tocantins, em reservatórios da bacia do Prata e algumas regiões do rio São Francisco.
Ele também é um exímio predador, baseando a sua alimentação no consumo de peixes menores, anfíbios, pequenos crustáceos e insetos aquáticos. Não é uma espécie migratória, pelo contrário, é conhecido por ser extremamente territorialista e protetor — defende o seu espaço e a sua cria, que fica aninhada até alcançar uma idade segura para a sua independência.
Vive principalmente na margem dos rios e como não desistem facilmente de uma boa presa, são uma excelente opção para a pesca esportiva.
20. Traíra e Trairão (Hoplias spp)
Os traíras e trairões, também conhecidos como lobós, são peixes pertencentes à família Erithrynidae e são exclusivos da América do Sul. Esses peixes podem alcançar até 13 kg e 1 metro de comprimento e estão presentes em quase todo o território de água doce nacional — em açudes, lagos e reservatórios.
21. Jundiá (Rhamdia quelen e Learius marmoratus)
Pertencente às famílias Pimelodidae e Heptapteridae, o jundiá onça pode atingir mais de 10 quilos e medir até 1 metro. Esse peixe é encontrado na bacia amazônica, com captura facilitada na divisa entre Mato Grosso e Pará.
Uma característica interessante é que sua maturidade sexual é atingida no primeiro ano de vida nos dois gêneros. Após atingir cerca de 17 centímetros, já estará pronto para se reproduzir.
Quais são as características ideais para a prática da piscicultura?
Apesar de já tradicionais em outras partes do mundo, a piscicultura nacional é mais focada na produção de espécies de água doce. De acordo com a Embrapa, os peixes mais cultivados no Brasil atualmente são:
- Norte: tambaqui, pirapitinga, tambatinga, pirarucu e jatuarana;
- Nordeste: tilápia;
- Centro-oeste: tambaqui, pacu e pintados;
- Sudeste: tilápia, pacu e pintados;
- Sul: carpas, tilápia e jundiá.
Um detalhe curioso é que a maior parte da criação das espécies nativas está na região Norte do país, com 53,7% do índice total e uma produção de 143.500 toneladas em 2022.
A produção varia conforme as condições de cada região. Fatores como temperatura da água e sua qualidade, bem como tipo de solo, influenciam no local ideal para o cultivo de cada espécie. O ideal é que o ambiente recrie as condições do habitat do peixe ou que ele apresente facilidade para adaptação.
Fica evidente que o Brasil tem uma enorme diversidade para um negócio de piscicultura. Apesar de as espécies de água doce apresentarem maior produção nacional, existem vários peixes oriundos do ambiente marinho que podem receber investimento neste negócio.
Vale lembrar que não basta apenas conhecer as espécies de peixes e saber escolher entre elas, é necessário entender como cuidar da saúde do peixe em cativeiro, como criar e manter um projeto de aquicultura rentável e, claro, ter noções de gestão de negócio para ter mais sucesso no investimento.
Além disso, nem todas as espécies encontradas no Brasil podem ser pescadas ou reproduzidas para fins de piscicultura. Existem algumas características desejáveis para tornar uma espécie mais comercial e importante para essa atividade econômica. São as seguintes:
- bons índices de aceitação no mercado e de conversão alimentar;
- propagação da espécie de forma natural ou artificial (reprodução em condições de cativeiro com uso de hormônios);
- adaptação a diferentes sistemas produtivos e altas densidades;
- boa adaptação a diferentes climas;
- alta rusticidade;
- ciclo de vida mais curto;
- altos rendimentos de carcaça e geração de cortes comerciais;
- aproveitamento integral de carcaça (coprodutos);
- hábito alimentar onívoro (redução de custo da ração);
- bom crescimento em condições de cativeiro;
- resistência ao manejo intensivo;
- resistência às doenças e parasitoses;
- alto valor comercial;
- facilidade para aceitar ração;
- carne branca;
- sabor suave;
- ausência de espinho em “y” na carne;
- carne com bom sabor e textura agradável;
- várias possibilidades de preparo, ou seja, versatilidade gastronômica.
Todos esses fatores devem ser considerados no momento de escolher qual espécie cultivar. Atualmente, a opção mais institucionalizada nacionalmente é a tilápia, com tecnologia e mercado bem desenvolvidos dentro de toda a cadeia produtiva da espécie.
Outros peixes atrativos para esse tipo de negócio são as carpas (comum, colorida, prateada, cabeça grande e capim), curimatã, tambaqui, pacu, tambacu, paqui, patinga, piauçu e pirarucu.
Esses são os exemplos de água doce, mas existem também as opções de espécies marinhas que, como falamos, representam grande potencial para produção nacional. Optar por elas pode parecer arriscado, porém, é a garantia de entrada em mercados menos saturados, com mais opções e possibilidades de desenvolvimento e crescimento do negócio.
Quais são os pontos críticos no manejo e na infraestrutura dos peixes?
Conforme é possível conferir em nosso infográfico, entre as condições ideais para a piscicultura, podemos destacar:
- tanque-rede;
- tanque circular ou retangular;
- lona para revestimento de tanques escavados;
- sacolas para transporte dos peixes;
- aeradores para fazer a oxigenação dos tanques;
- sistema de controle de temperatura e pH da água;
- vestimenta apropriada (jardineiras com botas acopladas e capas de chuva).
Outro ponto crítico para o sucesso da piscicultura é manter a conformidade da atividade junto aos órgãos reguladores. Para isso é preciso obter um Registro Geral de Pesca (RGP), um alvará de funcionamento e a autorização do IBAMA.
Por isso, antes de iniciar a sua atividade, busque informações junto aos órgãos e entidades responsáveis, como universidades, a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), institutos estaduais de pesquisa em aquicultura e a própria Embrapa. Como vimos neste artigo, o Brasil tem as condições ideais para a criação de diversas espécies de peixes — muito além da amada tilápia.
Com todas essas informações, ficará mais fácil escolher um ou mais peixes para criar no seu espaço. Se você já atua nessa área ou se está pensando em começar, siga-nos no Facebook, Instagram, LinkedIn, Twitter e YouTube para acompanhar as novidades do setor!
Se você procura espécies de peixes para criar e, assim, viver da piscicultura, saiba que o pescado brasileiro tem sido cada vez mais apreciado no mundo. Não à toa, as exportações subiram 22% em 2022, com um ganho de mais de 15 milhões de dólares para produtores brasileiros.
O país que consome mais peixes exportados pelo Brasil é os Estados Unidos — justamente a economia mais poderosa do mundo. Por isso, esse mercado representa uma ótima oportunidade de negócio por aqui, uma vez que temos uma vasta gama de espécies de peixes propícias para criação em cativeiro e o consumo interno desses produtos está em crescimento, assim como o seu faturamento.
Pensando nisso, elaboramos este guia completo com as principais espécies de peixes para criar, listando as que são mais facilmente encontradas no Brasil. Leia até o final e comece agora uma empreitada de sucesso!
Qual é a importância da piscicultura para a economia brasileira?
Não é nenhum exagero afirmar que a piscicultura brasileira tem se tornado um dos principais pilares da economia do país. O aumento da produção de peixes por aqui, principalmente da tilápia, e o estabelecimento de novos canais de venda são alguns dos motivos que explicam o aumento das exportações do peixe brasileiro.
Além disso, o crescimento do setor também é resultado de uma maior profissionalização e de aumento da escala de produção dos criadores nacionais, proporcionando a entrada no mercado internacional. Vale lembrar que os clientes estrangeiros são bastante exigentes em termos de qualidade e de volume.
A exportação surge como uma forma de escoar a produção e diminuir a dependência das empresas de um só mercado, o brasileiro. Os vendedores nacionais também conquistaram uma importante vantagem competitiva: a entrada no mercado para produtos congelados, como a tilápia em filé ou inteira.
Os índices de expansão da piscicultura brasileira como um todo podem se tornar ainda mais relevantes nos próximos conforme a melhoria da segurança jurídica para a produção de pescado de cultivo.
Outro detalhe importante se relaciona à tendência de que a União libere um maior uso de águas, justamente pela importância crescente do setor, além de mais programas governamentais que estimulem esse setor.
Os dados da Embrapa, citados no primeiro parágrafo do texto e que apontam um crescimento de 22% da exportação, são ainda mais relevantes quando consideramos o contexto global: a guerra entre Rússia e Ucrânia desacelerou a economia mundial, mas nem isso foi o suficiente para paralisar o crescimento da piscicultura nacional.
Os fatores para considerar e crescer no mercado
Para ter um negócio de sucesso, é preciso tomar decisões estratégicas. Antes de começar um projeto de criação de peixes, é importante conhecer o mercado, saber quais são as melhores espécies de peixes com alevinos disponíveis e todas as ferramentas e rotinas necessárias para manter o pleno funcionamento da infraestrutura de criação.
Esse pode ser um desafio para empreendedores que não têm experiência nesse modelo de negócio. Afinal, segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Brasil apresenta 8.400 km de costa marítima e somos o país com o maior reservatório de água doce do mundo. Como se não bastasse, há uma rica malha hidrográfica com rios e riachos.
Nesse sentido, temos todas as condições para que a piscicultura se desenvolva ainda mais por aqui. Sendo mais específico, para se ter uma ideia, são mais de 2.500 espécies de peixes já identificadas em todo o território brasileiro.
Quais são as espécies de peixe para criar em água salgada?
As espécies de peixes podem ser separadas em grupos ou famílias que variam conforme as suas características físicas, como tamanho e estrutura corporal, hábitos alimentares, locais em que podem ser encontradas e até em demanda para consumo nos territórios nacional e internacional.
Os peixes marinhos se diferenciam por serem, normalmente, de porte maior. A produção para venda comercial, ou seja, piscicultura marinha, não é tão comum e não recebe tantos investimentos quanto a de água doce no país. Porém, caso essa seja a sua decisão de negócio, é preciso conhecer as melhores espécies. Confira as principais!
1. Beijupirá (Rachycentron canadum)
O beijupirá, que também é conhecido como pirabiju, parambijú, bijupirá, cobia ou cação de escama, é um peixe encontrado na Zona Tropical e Subtropical. No Brasil, está em abundância pelo Nordeste, nas zonas costeiras do Piauí e Ceará, mas pode ser encontrado até no litoral da Argentina.
Essa espécie pertence à família Rachycentridae e apresenta boas características para aquicultura, crescendo rápido e chegando aos 3 ou 4 quilos em apenas um ano.
Em condições normais de cultivo, o peixe pode chegar a 10 kg em 16 meses, além de apresentar facilidade para desovar em cativeiro, resposta positiva à vacinação e boa adaptabilidade ao ambiente de confinamento. Seu comércio é mais popular em países como EUA e Bélgica, porém, tem ganhado destaque no Brasil nos últimos anos.
2. Garoupa (Epinephelus marginatus)
Pertencente à família Serranidae e à subfamília Epinephelinae, a garoupa também é conhecida como garoupa verdadeira, dusky grouper, crioula, galinha-do-mar e piracuca. Um detalhe interessante é que esse peixe é encontrado em todo o mundo.
No Brasil, ele habita toda a costa do Sergipe, até o Uruguai, além de uma porção do litoral Norte da Argentina. A espécie é considerada uma das mais valorizadas pelos consumidores nacionais e, por isso, tem alto valor no mercado — podendo atingir US$60,00/kg.
Mais comum no Sudeste brasileiro, o peixe pode chegar a medir até um pouco mais de 1,5 metro e atingir 60 quilos, apresentando características interessantes para a produção em cativeiro, em tanques-rede, tanques ou viveiros escavados.
Entretanto, um fator que dificulta a prática é que esse é um peixe hermafrodita protogínico: todos nascem fêmeas e, eventualmente, podem se tornar machos.
3. Dourado-do-mar (Coryphaena hippurus)
Esse peixe marinho é pertencente à família Coryphaenidae e pode ser encontrado nas regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Sul do país. Essa espécie é maior que sua versão de água doce, chegando aos 2 metros de comprimento e 40 kg.
São peixes muito valorizados para uso comercial e pesca esportiva. Essa espécie tende a se aproximar da costa brasileira entre os meses de outubro e março.
4. Salmão do Atlântico (Salmo salar)
Pertencente à família Salmonidae, o salmão é um peixe muito conhecido e consumido no mundo todo. Essa espécie não é encontrada naturalmente no Brasil, sendo originária da costa leste da América do Norte. A variedade landlocked (isto é, que não migra) foi introduzida no Brasil no início dos anos 90 por um grupo de truticultores de Minas Gerais.
Na natureza, nasce em água doce, mas passa sua vida no mar, retornando ao ambiente dulcícola em que nasceu na época de reprodução.
5. Robalo (Centropomus undecimalis)
Outra aposta da piscicultura marinha nacional são os robalos (peva/peba — Centropomus parallelus —, ou o flecha — Centropomus undecimalis). As espécies estão presentes em toda a costa do Atlântico, desde a Carolina do Norte (nos EUA), até o rio Mampituba, em Santa Catarina.
Sua distribuição no Brasil segue seu principal habitat: o mangue. Dessa forma, é uma ótima opção para produção na Bahia, Pará e Maranhão.
6. Linguado (Paralichthys orbignyanus)
O linguado tem alto valor comercial e apresenta ótimas características para piscicultura, sendo considerada uma espécie bastante promissora para a aquicultura brasileira.
Isso porque ela é tolerante a diferentes faixas de temperatura e salinidade, elevadas concentrações de compostos nitrogenados e sobrevivência em águas ácidas. O linguado é encontrado em todo o território entre o Mar del Plata, na Argentina, e o Rio de Janeiro, no Brasil.
Quais são as espécies de peixes para criar em água doce?
As espécies de água doce são as mais comuns em nosso país, mas o trabalho de piscicultura varia conforme as condições ambientais de cada região. Assim, algumas mais favoráveis para pescados específicos. Confira uma lista com as mais conhecidas e importantes.
1. Tilápia
Esse peixe pertence à família Cichlidae e apresenta mais de 10 variações em seu habitat, chegando aos 4,3 quilos de peso e 60 cm de comprimento. A espécie é nativa da África, mas tem sido introduzida em diversas partes do mundo pelo seu sabor agradável.
Atualmente presente no mundo todo e largamente produzida em todas as outras regiões do país — não à toa, é o peixe de água doce mais consumido do país e o segundo no mundo.
Para produção, é possível usar viveiros escavados, tanques-rede, gaiolas flutuantes ou raceways. Por esses motivos, é considerado o “carro-chefe” de nossa aquicultura.
O hábito alimentar da tilápia é generalista, baseado no consumo de peixes, insetos, ovos, entre outros. No entanto, a espécie é predominantemente onívora.
A temperatura ideal da água para a criação e reprodução das tilápias é entre 26º e 28 º C. Em ambientes mais frios a temperatura não pode ser inferior a 12 º C.
2. Carpa comum
A carpa comum pode chegar a mais de 1,2 metro e 40 kg, porém, normalmente é comercializada ainda pequena — entre 1 e 6 kg. A espécie tolera temperaturas entre 4ºC e 36°C do ambiente aquático. No Brasil, sua produção concentra-se nos estados do Sul e Sudeste.
As carpas fazem parte da família Cyprinidae, que conta com mais de 200 espécies distribuídas em mais de 200 gêneros e é considerada a maior entre os peixes de água doce. Existem diversas variações desse peixe, que mudam em tamanho, peso, cores e até mesmo comportamentos.
Muitas delas surgiram por mutação genética espontânea da espécie mais comum: a carpa comum ou cinza. Entre as mais usadas em aquicultura, estão:
- carpa húngara;
- carpa capim;
- carpa prateada;
- carpa cabeça grande;
- carpas coloridas utilizadas para ornamentação. Elas apresentam cores variadas como laranja, branca, marrom, preta, amarela, dourada ou vermelha), e também são conhecidas pelo nome em japonês: nishikigois. Todas são exóticas e encontradas apenas em cativeiro.
3. Tambaqui (Colossoma macropomum)
O tambaqui é um peixe de origem amazônica que se destaca na produção em viveiros. É mais cultivado e consumido na região Norte do país — mais especificamente, na Amazônia, Rondônia e Mato Grosso. A espécie pode medir 90 cm de comprimento e pesar até 45 kg.
Os tambaquis também são generalistas em sua alimentação, mas comem especialmente frutas, folhas, sementes, plâncton, minhocas, pequenos insetos, sementes que caem na água e matéria vegetal em decomposição.
O peixe é reofílico, o que significa que ele procria com a piracema, ao subir a correnteza entre os meses de agosto e dezembro. Seus alevinos sobrevivem dentro da vegetação flutuante na bacia do rio Amazonas e em alguns rios do sudeste do país. Os adultos da espécie podem viver cerca de 15 anos.
4. Pacu (Piaractus mesopotamicus)
O pacu, pacu caranha ou, simplesmente, caranha faz parte da família Serrassalmidae, sendo encontrado na Bacia Paraná/Paraguai.
A criação do Pacu é facilitada pela capacidade de adaptação da espécie, pois eles também vivem sob condições ambientais desfavoráveis, migrando durante as primeiras chuvas e desovando na seca.
Na aquicultura, a produção do pacu é destaque na região Centro-Oeste — Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul. Normalmente são produzidos em represas rurais e viveiros escavados, mas se adaptam a tanques-rede também. Esse peixe é onívoro em seu habitat, podendo ultrapassar 20 quilos e alcançar 70 a 80 cm de comprimento.
5. Pirarucu (Arapaima gigas)
Nativo da Bacia Amazônica e Araguaia/Tocantins, sendo pouco conhecido nas outras regiões do país, o pirarucu pertence à família Arapaimidae e também é conhecido como bacalhau da Amazônia, já que esse é o principal local onde a espécie é encontrada.
O pirarucu apresenta alimentação bem variada, composta de peixes, tartarugas, caramujos, plantas, gafanhotos e cobras. Quando adulto, na natureza, ele chega a atingir até 3 metros de comprimento e pode pesar mais de 200 quilos.
Inclusive, é possível encontrar os pirarucus chamados de gigantes: aqueles que têm mais de 2,5 metros de comprimento. Contudo, eles são cada vez mais raros, já que eles são mais velhos e o crescimento da pesca no Brasil impede que muitos deles cheguem à essa idade.
A produção dessa espécie na piscicultura é feita em represas rurais, viveiros escavados, tanques acima do nível do piso ou tanques de rede. Sua carne não tem espinhos em “y”, o que é um dos fatores que explicam os motivos pelos quais esse peixe tem uma boa comercialização.
Sem dúvida, uma ótima oportunidade para quem quer entrar no mercado. Outro detalhe interessante é que o pirarucu costuma ser encontrado em águas rasas e calmas, o que facilita a pesca dessa espécie.
6. Pirapitinga (Piaractus brachypomus)
Também conhecido como pacu negro ou caranha, esse peixe é encontrado nas bacias Amazônica e Araguaia-Tocantins. Habita regiões de mata alagada e lagos, sendo uma espécie herbívora, com algumas tendências frutíferas.
É um peixe conhecido pelas suas escamas. Pode alcançar até 88 cm de comprimento e 25 quilos, apresentando boas características para a aquicultura.
7. Piraíba (Brachyplatystoma filamentosum)
A paraíba pertence à família Pimelodidae, sendo um peixe encontrado nas bacias Amazônica e Araguaia-Tocantins — nesta última, é considerado uma ótima opção de pesca, pois pode ser encontrado durante todo o ano.
Pode existir em pequeno, médio e grande porte, alcançando até 300 quilos e 3 metros de comprimento. Entretanto, os exemplares menores são mais comuns.
8. Pirarara (Phractocephalus hemioliopterus)
A pirarara pertence à família Pimelodidae e é um peixe onívoro, por isso, alimentam-se de outros peixes, sementes, crustáceos e frutas, somente no período da tarde até a noite — permanecem imóveis durante o dia.
Pode ser encontrado nas bacias Amazônica e Araguaia-Tocantins. Tal como o pirarucu, é outro peixe de grande porte: em média, apresenta pouco mais de 1,3 metro de comprimento e pode chegar a pesar até 80 quilos, o que o torna excelente opção para a caça.
Além de ter sentidos mais aguçados — a espécie tem bigodes com células receptivas —, a pirarara se comunica por meio de ondas sonoras. Esse peixe para criar tem uma locomoção mais lenta e se reproduz por meio de fertilização externa após a postura dos ovos.
9. Piau-açu (Leporinus macrocephalus)
O piau-açu também é chamado de piavuçu ou piauçu e pertence à família Anostomidae. É uma espécie natural do rio Paraguai, mas também é encontrado no pantanal mato-grossense, Minas Gerais, São Paulo, Goiás e nas bacias Amazônica, Araguaia-Tocantins e Prata.
São peixes onívoros que comem de tudo e podem chegar a até 68 cm de comprimento, pesando no máximo 5,3 quilos.
10. Grupo Matrinxã (Brycon spp)
Quatro espécies de peixes fazem parte do grupo Matrinxã ou Matrinchão (Brycon sp): o piraputanga (Brycon microlepis), o jatuarana (Brycon sp), a piracanjuba (Brycon orbignyanus) e a piabanha (Brycon insignis). Todos fazem parte da família Bryconidae, gênero Brycon, e apresentam boas características para a aquicultura no Brasil.
A piraputanga apresenta características que lembram grandes lambaris, chegando próximo aos 3 quilos e 60 cm de comprimento. São encontrados em toda a bacia Paraguai, habitando a maior parte dos rios pantaneiros.
Já a espécie jatuarana apresenta corpo alongado, escamas de coloração prateada e uma mancha escura atrás do opérculo. São peixes encontrados na bacia Amazônica, mais exatamente em águas rápidas, como cachoeiras. Alimentam-se de insetos, frutos e pequenos peixes. Pode chegar a 40 cm de comprimento, pouco mais de 4 quilos de peso.
Por fim, o piracanjuba, que também é conhecido popularmente como pera, piracanjuva, bracanjuva ou bracanjuba, pode ser encontrado nos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e sul de Goiás. É um peixe onívoro e se alimenta de insetos, pequenos peixes e frutas. Em termos de tamanho, chega a 70 cm de comprimento e 8,6 quilos.
11. Cachara (Pseudoplatystoma fasciatum)
O cachara, ou surubim, está distribuído em nove famílias, que se diferenciam por suas características físicas. Alcançam no máximo 1,2 metro e 70 kg, são carnívoros e se alimentam de outros peixes. A espécie é conhecida pelo seu corpo alongado e cabeça grande e achatada.
É um peixe de água doce e encontrado nas regiões Centro-oeste e Norte, nas bacias Araguaia-Tocantins, Amazônica e Prata, além dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina.
12. Pangasius (Pangasianodon hypophthalmus)
O pangasius pertence à família Pangasiidae. É uma espécie que alcança até 1,3 m e pode ser encontrada de forma natural apenas na Ásia, nas bacias Mekong e Chao Phraya.
Mesmo não sendo natural do Brasil (ele é originalmente asiático), o peixe tem chamado a atenção para a aquicultura, sendo uma ótima opção para quem deseja entrar no mercado.
13. Dourado (Salminus brasiliensis)
O dourado é da família Bryconidae e subfamília Salminidae e é considerado o “rei dos rios”, sendo uma excelente opção para a pesca esportiva. Ele pode chegar a 1,5 metro de comprimento e pesar até 31 kg, dependendo de seu habitat.
É uma espécie carnívora — estão no topo de sua cadeia alimentar e se alimentam de outros peixes. Por isso, eles têm uma mandíbula extremamente forte e são considerados bons lutadores.
Normalmente, essa espécie é mais encontrada na bacia do Prata. Ela tem um comportamento solitário e de caráter migratório, ocasionado por fatores como a temperatura da água e a disponibilidade de alimentos.
As fêmeas atingem maturidade sexual por volta dos 5 anos e, a partir dessa etapa, fazem uma desova anual na piracema. Como crescem lentamente, podem viver mais de 15 anos.
14. Curimbatá (Prochilodus sp)
O curimbatá pertence à família Prochilodontidae e a espécie também é conhecida como “sardinha dos rios brasileiros”. Essa espécie apresenta características físicas que variam entre gêneros.
Enquanto os machos podem pesar mais de 5 quilos e chegar aos 58 cm, as fêmeas ultrapassam os 70 cm e pesam mais de 6 quilos em alguns casos. O peixe é facilmente encontrado em todo o país, com uma presença maior presente nas bacias Amazônica, do Prata, do São Francisco e Araguaia-Tocantins.
15. Jaú (Zungaro jahu)
O jaú é da família Pimelodidae e é considerado um dos maiores peixes de água doce do Brasil, chegando a pesar 120 kg e medir até 1,6 metro. É nativo da Bacia do Paraná-Paraguai. Uma curiosidade é que ele gosta de se esconder entre pedras submersas.
16. Truta-arco-íris (Oncorhynchus mykiss)
Esse peixe pertence à família Salmonidae. A espécie é originária da América do Norte e foi introduzida no Brasil no final da década de 40, na região de Campos do Jordão (SP). Atualmente, é produzida em grandes altitudes, nas regiões Sudeste e Sul do país.
A truta-arco-íris é um peixe carnívoro que pode alcançar 1,22 metro de comprimento e pesar mais de 25 quilos.
17. Lambari
O lambari é da família Characidae e é conhecido por apelidos como “sardinha de água doce”, piava, piaba, matupiris ou lambari do sul. É um peixe pequeno e não passa dos 10 cm, por isso eles são utilizados como iscas para peixes de maior porte durante a pesca esportiva.
Assim como a maioria dos peixes, o lambari é onívoro, entretanto, com uma propensão a se alimentar de detritos e sedimentos, como restos de frutos, sementes, vegetais aquáticos, escamas e insetos. Muito popular em todo o Brasil, essa espécie é encontrada em todas as regiões do país.
18. Pintado (Pseudoplatystoma corruscans)
O pintado faz parte da família dos Pimelodidae e tem distribuição exclusiva na América do Sul, presente no Brasil nas bacias do Rio Paraná e a do rio São Francisco, onde são encontrados com até 100 kg e 1,7 metro de comprimento.
O peixe é revestido de couro em vez de escamas e tem hábitos alimentares carnívoros, se alimentando de peixes menores. De hábitos noturnos, é comumente encontrado nas calhas dos rios, mas também em margens, poços e barrancos verticais.
19. Tucunaré (Cichla spp)
O tucunaré faz parte da família Cichlidae, junto a, pelo menos, outras 14 espécies do peixe. Os maiores podem chegar a 1 m e são encontrados nas bacias Amazônica e Araguaia-Tocantins, em reservatórios da bacia do Prata e algumas regiões do rio São Francisco.
Ele também é um exímio predador, baseando a sua alimentação no consumo de peixes menores, anfíbios, pequenos crustáceos e insetos aquáticos. Não é uma espécie migratória, pelo contrário, é conhecido por ser extremamente territorialista e protetor — defende o seu espaço e a sua cria, que fica aninhada até alcançar uma idade segura para a sua independência.
Vive principalmente na margem dos rios e como não desistem facilmente de uma boa presa, são uma excelente opção para a pesca esportiva.
20. Traíra e Trairão (Hoplias spp)
Os traíras e trairões, também conhecidos como lobós, são peixes pertencentes à família Erithrynidae e são exclusivos da América do Sul. Esses peixes podem alcançar até 13 kg e 1 metro de comprimento e estão presentes em quase todo o território de água doce nacional — em açudes, lagos e reservatórios.
21. Jundiá (Rhamdia quelen e Learius marmoratus)
Pertencente às famílias Pimelodidae e Heptapteridae, o jundiá onça pode atingir mais de 10 quilos e medir até 1 metro. Esse peixe é encontrado na bacia amazônica, com captura facilitada na divisa entre Mato Grosso e Pará.
Uma característica interessante é que sua maturidade sexual é atingida no primeiro ano de vida nos dois gêneros. Após atingir cerca de 17 centímetros, já estará pronto para se reproduzir.
Quais são as características ideais para a prática da piscicultura?
Apesar de já tradicionais em outras partes do mundo, a piscicultura nacional é mais focada na produção de espécies de água doce. De acordo com a Embrapa, os peixes mais cultivados no Brasil atualmente são:
- Norte: tambaqui, pirapitinga, tambatinga, pirarucu e jatuarana;
- Nordeste: tilápia;
- Centro-oeste: tambaqui, pacu e pintados;
- Sudeste: tilápia, pacu e pintados;
- Sul: carpas, tilápia e jundiá.
Um detalhe curioso é que a maior parte da criação das espécies nativas está na região Norte do país, com 53,7% do índice total e uma produção de 143.500 toneladas em 2022.
A produção varia conforme as condições de cada região. Fatores como temperatura da água e sua qualidade, bem como tipo de solo, influenciam no local ideal para o cultivo de cada espécie. O ideal é que o ambiente recrie as condições do habitat do peixe ou que ele apresente facilidade para adaptação.
Fica evidente que o Brasil tem uma enorme diversidade para um negócio de piscicultura. Apesar de as espécies de água doce apresentarem maior produção nacional, existem vários peixes oriundos do ambiente marinho que podem receber investimento neste negócio.
Vale lembrar que não basta apenas conhecer as espécies de peixes e saber escolher entre elas, é necessário entender como cuidar da saúde do peixe em cativeiro, como criar e manter um projeto de aquicultura rentável e, claro, ter noções de gestão de negócio para ter mais sucesso no investimento.
Além disso, nem todas as espécies encontradas no Brasil podem ser pescadas ou reproduzidas para fins de piscicultura. Existem algumas características desejáveis para tornar uma espécie mais comercial e importante para essa atividade econômica. São as seguintes:
- bons índices de aceitação no mercado e de conversão alimentar;
- propagação da espécie de forma natural ou artificial (reprodução em condições de cativeiro com uso de hormônios);
- adaptação a diferentes sistemas produtivos e altas densidades;
- boa adaptação a diferentes climas;
- alta rusticidade;
- ciclo de vida mais curto;
- altos rendimentos de carcaça e geração de cortes comerciais;
- aproveitamento integral de carcaça (coprodutos);
- hábito alimentar onívoro (redução de custo da ração);
- bom crescimento em condições de cativeiro;
- resistência ao manejo intensivo;
- resistência às doenças e parasitoses;
- alto valor comercial;
- facilidade para aceitar ração;
- carne branca;
- sabor suave;
- ausência de espinho em “y” na carne;
- carne com bom sabor e textura agradável;
- várias possibilidades de preparo, ou seja, versatilidade gastronômica.
Todos esses fatores devem ser considerados no momento de escolher qual espécie cultivar. Atualmente, a opção mais institucionalizada nacionalmente é a tilápia, com tecnologia e mercado bem desenvolvidos dentro de toda a cadeia produtiva da espécie.
Outros peixes atrativos para esse tipo de negócio são as carpas (comum, colorida, prateada, cabeça grande e capim), curimatã, tambaqui, pacu, tambacu, paqui, patinga, piauçu e pirarucu.
Esses são os exemplos de água doce, mas existem também as opções de espécies marinhas que, como falamos, representam grande potencial para produção nacional. Optar por elas pode parecer arriscado, porém, é a garantia de entrada em mercados menos saturados, com mais opções e possibilidades de desenvolvimento e crescimento do negócio.
Quais são os pontos críticos no manejo e na infraestrutura dos peixes?
Conforme é possível conferir em nosso infográfico, entre as condições ideais para a piscicultura, podemos destacar:
- tanque-rede;
- tanque circular ou retangular;
- lona para revestimento de tanques escavados;
- sacolas para transporte dos peixes;
- aeradores para fazer a oxigenação dos tanques;
- sistema de controle de temperatura e pH da água;
- vestimenta apropriada (jardineiras com botas acopladas e capas de chuva).
Outro ponto crítico para o sucesso da piscicultura é manter a conformidade da atividade junto aos órgãos reguladores. Para isso é preciso obter um Registro Geral de Pesca (RGP), um alvará de funcionamento e a autorização do IBAMA.
Por isso, antes de iniciar a sua atividade, busque informações junto aos órgãos e entidades responsáveis, como universidades, a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), institutos estaduais de pesquisa em aquicultura e a própria Embrapa. Como vimos neste artigo, o Brasil tem as condições ideais para a criação de diversas espécies de peixes — muito além da amada tilápia.
Com todas essas informações, ficará mais fácil escolher um ou mais peixes para criar no seu espaço. Se você já atua nessa área ou se está pensando em começar, siga-nos no Facebook, Instagram, LinkedIn, Twitter e YouTube para acompanhar as novidades do setor!