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Como fazer o diagnóstico e tratamento de doenças em organismos aquáticos?

Modificado em: dezembro 31, 2024

Há alguns motivos que explicam o sucesso da piscicultura e da aquicultura do Brasil. Um deles é o lucro decorrente de uma produção adequada, é claro. Contudo, ninguém enriquece se não tomar alguns cuidados básicos com seus organismos aquáticos, de modo a manter o bem-estar das espécies.

Afinal, ninguém vai querer comprar o seu produto se o mercado perceber que as suas práticas não são as melhores e levam ao adoecimento constante das espécies nos criadouros.

Neste post, vamos mostrar a importância de adotar uma rotina dedicada ao cuidado com seus organismos aquáticos. O artigo conta com a participação de Marcelo Carrão Castagnolli, Mestre em Aquicultura pela UNESP e Gestor Comercial de Aquanegócios da Sansuy. Continue a leitura!

A saúde dos organismos aquáticos

As medidas de proteção devem ser estendidas a todos os organismos aquáticos de um sistema de criação. Embora os peixes possam ser o foco principal de práticas como aquicultura e piscicultura, alguns produtores também se dedicam ao desenvolvimento de crustáceos, moluscos, algas, rãs, tartarugas, entre outros — assim, é fundamental cuidar de todos eles.

Os consumidores estão cada vez mais preocupados com a procedência dos alimentos que consomem — e isso inclui a proteína animal. Nesse sentido, medidas dedicadas a otimizar a saúde dos organismos aquáticos também são um investimento para quem quer expandir as suas vendas.

A importância do diagnóstico precoce

O diagnóstico precoce é fundamental para que a produtividade não seja afetada. Marcelo Carrão Castagnolli indica algumas alterações abruptas que podem se manifestar:

  • mudança na coloração nos corpos d’água;
  • alterações no comportamento dos peixes;
  • natação errática;
  • dificuldade dos peixes em submergir;
  • natação em círculos;
  • aparecimento dos primeiros sinais;
  • indicativos de desnutrição;
  • presença de parasitas;
  • doenças.

Marcelo ainda indica que o diagnóstico precoce garante tempo hábil para realizar as correções nas práticas de manejo e nos teores dos parâmetros indicativos da qualidade da água. Além disso, facilita a adoção de procedimentos profiláticos e terapêuticos necessários para evitar a ocorrência de mortandades elevadas e prejuízos econômicos aos produtores.

Gestor Comercial de Aquanegócios da Sansuy ainda aponta que, no universo da produção de organismos aquáticos, a máxima de que é melhor prevenir do que remediar é bem verdadeira. Assim, ele indica algumas medidas de prevenção:

  • foco na manutenção dos indicativos da qualidade da água;
  • remoção dos sólidos orgânicos da água dos corpos d’água;
  • adoção de práticas de quarentena ao introduzir mais animais ou ao agregar novos lotes de “sementes” (alevinos, girinos ou pós-larvas);
  • escolha de rações balanceadas e adequadas à espécie e ao estágio de desenvolvimento dos animais;
  • fornecimento das quantidades diárias de alimento recomendadas pelo fabricante da ração, de modo a evitar a desnutrição e as sobras.

As principais doenças em organismos aquáticos

Há diversas enfermidades que acometem os organismos aquáticos. Conheça as principais!

Ictiofitiríase

Também chamada de “doença dos pontos brancos” ou simplesmente “íctio”, essa enfermidade é causada por um protozoário com o nome científico de Ichthyophthirius multifiliis. Ele é transmitido aos demais peixes da criação quando há a introdução de animais infectados em um tanque, por exemplo, mas o uso inadequado de instrumentos de manejo também pode ocasionar o problema.

O sintoma mais característico, e que pode ser descoberto por meio da inspeção visual, é o surgimento de alguns pontinhos brancos no corpo das espécies — fique atento principalmente às nadadeiras.

Costiose

Assim como a ictiofitiríase, a costiose é causada por protozoários, como o Ichthyobodo spp e o Chilodonella spp. Outra similaridade é que essa enfermidade também costuma ser causada pela introdução de peixes e/ou acessórios contaminados no ambiente de criação.

Nos casos mais sérios, a doença pode causar hemorragias e feridas nos peixes. A partir da análise de um profissional, será possível ministrar parasiticidas à água do tanque, além da modificação das práticas de higienização do espaço.

Oodiniose

Também conhecida como “doença do veludo”, por conta do aspecto aveludado que transforma o corpo dos peixes, essa enfermidade é causada por mais um protozoário: Oodinium pillullaris.

Além do “veludo”, outro sintoma clássico é a presença de pontos dourados e algumas úlceras na pele. Os organismos aquáticos também podem apresentar espasmos em suas barbatanas (tremeliques) e insuficiência respiratória. Nos casos mais graves, os peixes podem sofrer com descolamento da pele — uma vez que o parasita a devora pouco a pouco.

Doença do algodão

Manchas brancas no corpo: um sintoma comum, mas que pode sinalizar diferentes doenças. Contudo, nessa enfermidade particular esse problema é representado por tufos similares a algodão, que podem estar na superfície do corpo ou nadadeiras. Outro sintoma que pode ocorrer é a perda de escamas.

Hidropsia

Essa condição se manifesta por uma infecção bacteriana, que leva à paralisia dos órgãos internos dos peixes, provocando o aumento do volume do ventre, assim como o eriçamento das escamas.

Um detalhe importante é que a hidropsia não é exatamente uma doença, mas uma condição que gera o acúmulo de líquidos na cavidade abdominal dos organismos. Assim, o principal sintoma visível é o inchaço na barriga.

Doenças que afetam crustáceos

Além de todas as enfermidades que citamos aqui, que ocorrem geralmente em peixes, há aquelas que afetam outros organismos aquáticos — como os crustáceos. Alguns exemplos:

  • praga da lagosta;
  • baculovírus tetraédrico;
  • baculovirus esférico;
  • doença fungal quitinolítica de caranguejos;
  • necrose hipodérmica e hematopoiética infecciosa (IHHNV).

A importância do monitoramento contínuo

“De maneira geral todos as espécies de organismos aquáticos alojados em tanques ou viveiros de produção estão sujeitas a infestações causadas por ectoparasitas e endoparasitas, bem como infecções por diversos agentes causais, como fungos, bactérias e até vírus”, explica Marcelo.

O especialista ainda indica o risco de surgimento de desordens nutricionais, decorrentes de falhas no balanceamento das dietas, na formulação de rações e no manejo nutricional. “A observação diária dos viveiros e tanques de produção, dos parâmetros indicativos da qualidade da água e no comportamento dos organismos aquáticos é a melhor maneira de identificar alterações precoces”, indica o gestor.

Marcelo lista alguns dos principais sinais indicativos de problemas:

  • alterações no comportamento, como redução ou perda total do apetite, letargia, sinais de asfixia (quando os peixes ficam boquejando na superfície da água). Outro sinal de problema se manifesta quando os peixes nadam para esbarrar o corpo em alguma superfície submersa;
  • hemorragia nos olhos, nadadeiras, boca e no corpo dos animais, tanto no dorso como no abdômen;
  • aparecimento de lesões corporais, semelhantes à furúnculos, úlceras e necroses;
  • abdômen aparentemente inchado (ascite) ou comprimido, como se uma “barriga seca” surgisse na espécie;
  • olhos saltados;
  • córnea opaca, similar aos sintomas de catarata;
  • coloração anormal. Pode ser um escurecimento ou no corpo dos organismos;
  • excessiva produção de muco, em todo o corpo e, principalmente nas brânquias (“guelras”);
  • sinais de anemia observados na descoloração, palidez das brânquias;
  • brânquias com deformidades ou áreas machucadas e necrosadas;
  • surgimento de pontos brancos, amarelos ou escuros no corpo dos organismos aquáticos;
  • nadadeiras desfiadas, necrosadas ou como se estivessem desmanchando, indicando podridão ou erosão;
  • deformidades corporais, como lordose e escoliose.

Os tratamentos indicados

Marcelo explica que qualquer procedimento adotado como tratamento de enfermidades no meio aquático é bastante oneroso: “eles causam traumas, podem ser lentos e até ineficazes, além de serem potencialmente agressivos ao meio ambiente.”

Assim, devem ser conduzidos por profissionais experientes, que analisarão as informações disponíveis e decidirão os melhores procedimentos a serem adotados. Com isso em mente, conheça alguns dos principais tratamentos indicados para combater essas doenças!

Manutenção da qualidade da água

Manter um lote de qualidade não significa apenas cuidar da limpeza, mas garantir que os parâmetros estejam de acordo com as características de cada espécie criada.

Assim, vale a pena ficar atento a fatores como o pH do tanque, o nível da temperatura e de materiais como amônia e nitrito, que precisam ser acompanhados regularmente — e ajustados, conforme a necessidade.

Uma dica para manter a qualidade da água é empregar aeradores, que têm um papel fundamental no bem-estar dos organismos aquáticos. Eles uniformizam o nível de oxigenação e a temperatura dos tanques. Outra opção é um sistema de recirculação de água, que tem um preço mais alto, mas também reduz os custos gerais relacionados à troca do líquido.

Administração de antibióticos

A hidropsia é um dos exemplos de doenças que exigem a administração de antibióticos, principalmente depois que um médico veterinário confirma a presença de bactérias nas espécies e/ou na água.

Os antibióticos se somam a medidas como a higienização de tanques e armadilhas para predadores, uma vez que essas espécies podem transmitir microrganismos nocivos para os ambientes de criação.

Quarentena

Trata-se de um período de observação, que é muito útil ao adquirir novos peixes. Na quarentena, os organismos aquáticos ficam alojados provisoriamente em viveiros isolados dos demais.

Esse cuidado é relevante para evitar introduzir animais infectados nos criadouros, principalmente naqueles com peixes em desenvolvimento e que ainda não atingiram o seu máximo potencial em termos de tamanho. Os viveiros em quarentena não devem compartilhar a água dos outros criadouros, uma vez que o próprio líquido pode se tornar um vetor de doenças.

As abordagens alternativas

Uma abordagem alternativa, que aumenta tanto a sustentabilidade como a proteção em ambientes de criação de organismos aquáticos, é a biosseguridade na piscicultura.

Esse é um conjunto de práticas e cuidados dedicados a evitar o surgimento de doenças nos criadouros ou, caso elas já estejam presentes, dificultar a transmissão entre os organismos aquáticos.

A biossegurança é promovida por algumas ações práticas, que podem ser aplicadas por meio:

  • do monitoramento da água e do abastecimento dos tanques, uma vez que ela pode estar contaminada por microrganismos nocivos para as espécies;
  • do transporte de animais de um tanque para o outro. É preciso ter cuidado redobrado para evitar transmitir uma doença de um reservatório para outro;
  • dos equipamentos e dos veículos utilizados no manejo da criação. Como vimos, muitas vezes a doença é introduzida no ecossistema justamente pelo manejo inadequado. É preciso prestar atenção aos insumos que são utilizados no tratamento dos organismos, por exemplo;
  • da infraestrutura em que os organismos aquáticos serão criados, que precisa ser higienizada regularmente e cuidadosamente;
  • das pessoas que trabalham diretamente nos reservatórios, como produtores, visitantes, veterinários e técnicos externos;
  • dos vetores de possíveis enfermidades que possam influenciar as instalações. Até mesmo os pássaros que sobrevoam os ambientes de criação devem ser monitorados.

As medidas de prevenção

Como vimos até aqui, as doenças transmitidas por protozoários chegam ao criadouro por meio da introdução de peixes ou acessórios contaminados. Portanto, a medida número um de proteção é somente comprar organismos aquáticos de comprovada boa procedência.

Afinal, a ausência de cuidados que garantam uma boa qualidade de vida é o fator que mais contribui para o adoecimento dos organismos. Também é importante lembrar que a vida em confinamento pode ser estressante para eles. Portanto, nada de manter tanques superlotados, água de má qualidade e repetir as mesmas técnicas de manejo que geram perigos.

Essas ações enfraquecem o sistema imunológico das espécies e atraem microrganismos vetores de doenças. Como você viu no artigo, manter o bem-estar dos organismos aquáticos mantêm as enfermidades longe e ainda ajuda na produtividade, uma vez que você remove fatores que levam à má nutrição e até mesmo à morte, por exemplo.

Continue aprendendo sobre esse mercado dinâmico: conheça as melhores espécies de peixe para a piscicultura brasileira!

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