Os eventos climáticos El Niño e La Niña afetam diretamente a agricultura e causam grandes desafios para os agricultores em várias regiões do mundo.
El Niño é caracterizado pelo aquecimento atípico das águas do Oceano Pacífico equatorial, enquanto La Niña se refere ao resfriamento dessas mesmas águas. Essas alterações impactam o clima global e resultam em mudanças nos padrões de chuva e mudanças drásticas nas temperaturas.
Neste post, explicaremos como eles afetam a agricultura e daremos dicas práticas para minimizar seus impactos, garantindo um melhor planejamento e preservação das colheitas. Acompanhe a leitura!
O que é El Niño?
El Niño é causado pelo enfraquecimento ou mudança de direção dos ventos na região do Pacífico. Quando isso ocorre, as águas mais quentes se acumulam perto da costa da América do Sul e isso gera um desequilíbrio na atmosfera que altera as temperaturas e quantidade de chuva em diversas partes do globo.
Embora as causas exatas ainda estejam sendo estudadas, El Niño faz parte de um ciclo natural de interação entre o oceano e a atmosfera conhecido como ENSO (Oscilação Sul-El Niño). Uma curiosidade é que pescadores peruanos o nomearam assim por acontecer próximo ao Natal, associando-o ao nascimento do menino Jesus.
O que é La Niña?
Basicamente, a La Niña é o oposto do El Niño. Sendo assim, é marcada pelo resfriamento fora do comum das águas do Pacífico. Do mesmo modo que o El Niño, faz parte do ciclo climático conhecido como ENSO e ocorre em intervalos irregulares, geralmente de 2 a 7 anos.
Durante este evento, os ventos alísios ficam mais fortes e deslocam as águas quentes para o oeste do oceano. Ao mesmo tempo, as águas de temperaturas mais baixas chegam na costa da América do Sul.
Esse resfriamento altera os padrões atmosféricos globais, provocando mudanças no comportamento das chuvas e temperaturas ao redor do mundo. Assim, há um impacto direto na circulação atmosférica, pois a temperatura mais baixa da superfície oceânica interfere no transporte de calor e umidade para a atmosfera.
Embora La Niña seja considerada a “contraparte” do El Niño, seus impactos climáticos são igualmente complexos e também variam de região para região.
Quais os impactos dos fenômenos na agricultura?
Os dois fenômenos alteram profundamente o equilíbrio climático e, como consequência, afetam diretamente a produção agrícola. A seguir, vamos entender melhor os impactos de cada um dos eventos.
El Niño
No sul e sudeste do Brasil, El Niño costuma ser sinônimo de secas prolongadas, prejudicando principalmente culturas de grãos como soja e milho. A falta de chuvas também afeta a pastagem e assim compromete a pecuária. Além disso, as altas temperaturas e a baixa umidade criam um ambiente ideal para pragas que, em condições normais, não teriam tanto impacto, como a lagarta-do-cartucho e o gafanhoto.
Em contrapartida, no nordeste, as chuvas trazidas pelo El Niño podem ajudar a aliviar a seca comum da caatinga e melhorar as condições para as culturas que dependem de sistemas de irrigação.
La Niña
Durante a La Niña, o clima tende a se inverter. No norte e nordeste, as chuvas se tornam mais intensas, enquanto no sul e sudeste o cenário é de estiagem. Essa irregularidade afeta a produtividade agrícola, pois prejudica culturas que precisam de maior umidade e, por outro lado, causam o alagamento de regiões onde o volume de chuva excede a capacidade de absorção do solo.
Culturas como trigo e cevada, plantadas no inverno, sofrem com a falta de água, assim como a cana-de-açúcar, que depende de um nível estável de chuvas para se desenvolver. Ao mesmo tempo, o aumento excessivo de umidade em outras regiões favorece, novamente, o surgimento de pragas e doenças.
Quais são os sinais de alerta para esses fenômenos?
Acontecimentos meteorológicos nem sempre seguem um padrão muito bem estabelecido, mas alguns sinais podem indicar a chegada dos fenômenos El Niño e La Niña, mesmo antes dos avisos oficiais. Quando as chuvas típicas de uma estação demoram mais para chegar ou se estendem por períodos anormais, pode ser um indício da influência desses fenômenos.
No caso do El Niño, temperaturas mais altas do que o habitual e secas prolongadas podem ser percebidas no campo, especialmente em regiões do Sul e Sudeste. Por outro lado, a La Niña geralmente traz frio mais intenso e chuvas fora de época, o que resulta em solos encharcados e dificuldades na colheita.
O aumento de pragas e doenças nas lavouras também pode ser um sinal de que o clima está condizente com a chegada desses fenômenos, e isso exige atenção redobrada dos agricultores.
Como se preparar para minimizar o impacto desses fenômenos?
É normal que os agricultores fiquem apreensivos ao enfrentar fenômenos como El Niño e La Niña. No entanto, com estratégias bem planejadas, é possível minimizar os impactos negativos e garantir uma colheita mais segura.
Uma ótima prática é acompanhar as previsões climáticas e monitorar indicadores meteorológicos, pois assim você pode antecipar ações para proteger a produção. Investir em práticas de manejo do solo, como a rotação de culturas, também ajuda a manter a saúde do terreno e prevenir a perda de nutrientes. Em períodos de estiagem, investir em sistemas de irrigação adequados é a solução para manter o desenvolvimento das plantas e evitar prejuízos maiores.
Outra medida importante é estar atento ao controle de pragas e doenças, que costumam se intensificar durante esses fenômenos. E não se esqueça de buscar apoio técnico e se manter atualizado sobre práticas sustentáveis e adaptativas.
Quais tecnologias ajudam a prever os fenômenos El Niño e La Niña?
Os fenômenos El Niño e La Niña são alvo de intensos estudos por cientistas do mundo todo, já que afetam de maneira significativa o clima global. Para mitigar os impactos, principalmente no setor agrícola, é importante prever quando e de que forma esses eventos vão ocorrer, o que permite que produtores e outros setores se organizem com antecedência.
Com os avanços tecnológicos, hoje há várias ferramentas de monitoramento que aumentam a precisão dessas previsões. Satélites meteorológicos, por exemplo, fornecem dados em tempo real sobre a temperatura da superfície do mar e condições atmosféricas, essenciais para detectar os sinais de desenvolvimento de El Niño ou La Niña.
Além disso, modelos climáticos complexos ajudam a simular e projetar mudanças no clima ao longo do tempo. Assim, permitem uma avaliação mais detalhada de como esses fenômenos podem afetar a agricultura.
Também são usadas as boias oceanográficas, que coletam dados diretamente do oceano, como temperatura e salinidade da água. Essas informações são fundamentais para acompanhar o comportamento das correntes marítimas e antecipar mudanças climáticas.
Plataformas de monitoramento online e aplicativos especializados também permitem que os agricultores acessem previsões climáticas atualizadas e se preparem com bastante antecedência.
Qual o papel da sustentabilidade na diminuição dos impactos desses fenômenos?
A sustentabilidade na agricultura é uma estratégia capaz de diminuir os efeitos de fenômenos como El Niño e La Niña, pois contribui para maior resiliência e preservação dos recursos naturais. Algumas ações sustentáveis que podem ser empregadas são:
- conservação do solo — técnicas como o uso de cobertura vegetal e manejo adequado reduzem a erosão e a perda de nutrientes. Assim, preservam a fertilidade do solo, mesmo em condições climáticas adversas;
- preservação da biodiversidade — manter áreas de vegetação nativa nas proximidades das lavouras favorece o equilíbrio ecológico, ajuda na proteção contra pragas e promove a regulação climática local;
- diversificação de culturas — introduzir diferentes tipos de plantas em rotação ou consórcios agrícolas fortalece a resiliência das colheitas, protegendo a produção contra os impactos variáveis de seca ou chuvas excessivas;
- uso racional da água — a captação e o armazenamento de água da chuva, além de técnicas de irrigação eficientes, garantem uma melhor gestão hídrica, indispensável durante períodos de escassez;
- agricultura de baixo impacto — reduzir o uso de insumos químicos, como fertilizantes e pesticidas, minimiza a contaminação do solo e das águas, além de preservar a biodiversidade;
- integração lavoura-pecuária-floresta — essa prática promove a sinergia entre diferentes atividades produtivas. Desse modo, recupera áreas degradadas e aumenta a produtividade de maneira sustentável.
A sustentabilidade na agricultura contribui diretamente para a longevidade das atividades agrícolas, principalmente diante de fenômenos climáticos como El Niño e La Niña. Ao incorporar práticas que preservam o solo, protegem a biodiversidade e otimizam o uso da água, os produtores conseguem reduzir os impactos dessas variações climáticas e manter uma produção mais eficiente e equilibrada.
Isso acontece porque a implementação de métodos sustentáveis promove o equilíbrio ecológico e diminui a dependência de insumos químicos, preservando os ecossistemas que sustentam a atividade agrícola. Assim, a agricultura sustentável se torna uma boa estratégia para enfrentar os desafios climáticos e garantir a continuidade da produção de alimentos.
Fenômenos como El Niño e La Niña mostram o quanto a agricultura é sensível às variações climáticas. Seus efeitos, imprevisíveis e muitas vezes intensos, exigem que os produtores se adaptem constantemente para minimizar perdas e garantir a saúde das lavouras.
Entender os impactos de cada evento é o primeiro passo para desenvolver estratégias mais eficientes e alcançar uma produção sustentável, mesmo diante dos desafios climáticos.
Se você quer se aprofundar ainda mais nas influências do clima na agricultura, vale a pena conferir nosso post sobre como as chuvas afetam a produção agrícola.