O conhecimento sobre a nutrição vegetal e a fertilidade do solo é um dos fatores decisivos e determinantes para a rentabilidade no campo. Afinal, com uma boa disponibilidade de nutrientes, será possível ter colheitas com mais qualidade e preservar a saúde do solo no decorrer das safras.
Nesse aspecto, é preciso fornecer, de maneira equilibrada, tanto os macronutrientes quanto os micronutrientes, além de aplicar outras práticas de manejo do solo. Essa fase gera muitas dúvidas sobre como planejar de forma eficiente para maximizar o aproveitamento dos insumos agrícolas.
Conscientes da importância desse tema, elaboramos este guia que esclarecerá os principais pontos para uma nutrição vegetal de excelência e como cada um deles contribui para a produtividade agrícola.
No final, também detalharemos como realizar a adubação eficiente para cada cultura e como escolher os tipos de acordo com a necessidade agrícola. Acompanhe.
Qual é a importância da nutrição vegetal?
A nutrição vegetal é um ponto que merece muita atenção para assegurar a alta produtividade, colheitas de excelente qualidade e capacidade de comercialização no tempo estimado.
No entanto, é importante esclarecer que só o fornecimento desses elementos não garante necessariamente a rentabilidade. Mesmo sendo fértil, o solo pode ter características que dificultam o desenvolvimento das raízes e a absorção de nutrientes, como:
- compactação;
- pedregosidade;
- toxidez de alumínio;
- nematoides;
- pragas e doenças do solo.
Quais pontos devem ser acompanhados na nutrição vegetal?
Na hora de escolher os adubos mais adequados, há uma série de elementos que devem ser observados. Abaixo, explicamos o que você deve considerar.
pH do solo
Esse é o primeiro fator e um dos mais importantes a serem avaliados. Os solos brasileiros têm acidez e baixos níveis de nutrientes naturalmente, além de serem bastante intemperizados.
Por isso, a análise de solo realizada por um engenheiro agrônomo se faz necessária, pois tem como objetivo diminuir a acidez, avaliar o teor de toxicidade de alumínio, salinidade, aumentar a disponibilidade de nutrientes e fornecer a adubação adequada no decorrer do ciclo da cultura, tudo de maneira sustentável.
Dessa forma, o potencial hidrogeniônico (pH) é calculado a partir do logaritmo negativo de base 10 da concentração molar de íons hidrogênio. A sua escala varia de 0 a 14, no qual 7 representa um pH neutro.
A faixa entre 5,8 e 6,5 é a que oferece a maior disponibilidade de nutrientes importantes para as plantas. Solos com valor menor que 7 são caracterizados como ácidos e, acima de 7, enquadram-se como alcalinos.
Para corrigir a acidez, é comum usar calagem, em que o cálcio substitui o H+ nos complexos de troca do solo (argila e matéria orgânica). Já para a redução do pH de solos alcalinos, utiliza-se o gesso agrícola.
Macronutrientes
São os de maior importância na nutrição vegetal. Acompanhe os principais.
Nitrogênio (N)
É um dos mais importantes nutrientes para plantas e tem uma particularidade de ser absorvido tanto na sua forma catiônica quanto aniônica. Sua principal fonte é o ar, mas para ser aproveitado pelas plantas, precisa ser fixado ou combinado a outros elementos.
A aquisição desse componente depende da presença de outros nutrientes no solo e nas próprias plantas, além de bactérias fixadoras (do gênero Rhizobium e Bradyrhizobium) que se desenvolvem nas raízes de algumas culturas, especialmente as leguminosas.
Entre as principais funções desse elemento na nutrição dos vegetais, podemos citar a estimulação do seu desenvolvimento, contribuição direta na fotossíntese, além de fazer parte da biomassa, na formação de carboidratos e proteínas.
Por outro lado, sua deficiência ocasiona folhas com coloração verde pálida ou amarelada, com ênfase nas mais velhas (clorose). Em casos severos, podem apresentar coloração marrom, semelhante a queimadas, que se espalha ao longo das folhagens. Também há a inibição do crescimento das raízes e da planta, bem como redução na produtividade de grãos e frutos.
Potássio (K)
O potássio é um macronutriente em forma de cátion, sendo amplamente encontrado na planta. Ele é aproveitado especialmente pelo sistema radicular e contribui em manter pH celular e tecidual entre 7 e 8 para ativação de sistemas enzimáticos, influencia na firmeza das paredes celulares da planta (turgor), melhor absorção de água e translocação de nutrientes na vegetação.
Entretanto, quando há ausência, percebe-se inibição do crescimento das raízes, plantas raquíticas, atraso na floração, necrose nas bordas das folhas, podendo avançar até as nervuras e causar queda das folhas (fenômeno conhecido como “fome de potássio”).
Cálcio (Ca)
É um macronutriente catiônico secundário de extrema importância para o desenvolvimento das plantas, presente no solo na forma de carbonatos, sulfatos e silicatos. Na nutrição vegetal, ele contribui para a estrutura do organismo, sendo componente da parede celular. Também participa da germinação do grão de pólen e do crescimento do tubo polínico.
Outro ponto importante desse elemento é proporcionar melhor disponibilidade de molibdênio e outros micronutrientes. Já em questões de deficiência, temos a diminuição do crescimento das raízes, dificuldade na germinação do grão de pólen e problemas com turgidez de frutos.
Magnésio (Mg)
Assim como o potássio e o cálcio, o magnésio é encontrado no solo em minerais primários, carbonatos, sulfatos, minerais secundários e matéria orgânica. Ele ajuda na ativação de enzimas, contribui para melhorar o metabolismo do nitrogênio, auxilia a síntese de proteínas, a geração dos aminoácidos e a absorção de fósforo.
Sem as doses necessárias, as culturas apresentam clorose, iniciando nas nervuras e se espalhando das margens para o centro da folha, redução do crescimento, inibição da floração, necrose e morte precoce das folhas, bem como degeneração dos frutos.
Fósforo (P)
O fósforo é um elemento disponível em forma de ânion de extrema importância para o crescimento das culturas agrícolas. Na natureza, ele ocorre em formas orgânicas e inorgânicas, geralmente ligado ao cálcio, ferro e alumínio, com a maior parte não disponível para as plantas.
É interessante destacar que o pH recomendado para a sua disponibilidade deve ser entre 6,0 e 6,5. Esse elemento é importante por proporcionar regulação hormonal na fisiologia vegetal, melhor auxílio no processo de ácidos nucleicos, fundamental pela regulação de enzimas e participação no processo de fixação de nitrogênio.
Já em termos de deficiência, percebe-se folhas mais velhas com coloração púrpura/avermelhada, plantas raquíticas, além da diminuição na quantidade e tamanho dos frutos.
Enxofre (S)
Encontra-se na natureza de duas maneiras: na matéria orgânica, na forma de sulfetos e sulfatos, e livre na natureza, estando disponível apenas em depósitos vulcânicos ou sedimentares.
Ele é importante por atuar na regulação hormonal, no crescimento e na diferenciação celular. Inclusive, é um dos nutrientes que mais contribuem para a resistência das plantas contra pragas e doenças. Sendo vital para a síntese de proteínas e para a qualidade nutricional dos cereais.
Já a sua deficiência causa clorose uniforme ou em folhas mais jovens, redução do crescimento das plantas e folhas, da floração e gera folhas com coloração verde-amarelada.
Micronutrientes
Micronutrientes também são importantes, ainda que a quantidade necessária seja menor. A falta de qualquer um deles pode resultar em problemas no crescimento, desenvolvimento das plantas e no metabolismo, o que afeta diretamente a qualidade e a quantidade da produção.
Eles devem ser incluídos no manejo porque estão envolvidos nas enzimas ou atuam como ativadores na estrutura da planta. São eles:
- boro (B): responsável por facilitar o movimento da seiva e contribuir para a formação da parede celular, o boro também é indispensável para o metabolismo das culturas;
- cobre (Cu): importante para a fotossíntese, síntese de enzimas e proteínas, além de contribuir para a respiração dos vegetais;
- ferro (Fe): ótimo para estimular a produção energética da planta;
- manganês (Mn): útil na oxidação e redução no sistema de transporte de elétrons;
- molibdênio (Mo): é um importante componente no processo de fixação do nitrogênio realizado pelas bactérias;
- zinco (Zn): vital para a síntese de proteínas e para a formação de enzimas, além de garantir a integridade durante a formação da parede celular.
Como realizar a adubação adequada para diferentes culturas?
Entenda os principais aspectos a serem considerados para uma boa nutrição para diversas culturas.
Análise de solo
Como falamos, além da avaliação do pH, esse parâmetro permite uma maior precisão no que deve ser considerado na hora da adubação correta. Lembre-se de que esse ponto precisa ser analisado junto a um profissional, como o engenheiro agrônomo.
Conhecer as características da cultura
Cada uma tem uma exigência específica de nutrientes e formas de aplicação durante o seu ciclo. Com esse conhecimento aprofundado, será possível conquistar mais economia e precisão.
Irrigação bem direcionada
Observe a disponibilidade hídrica ou se é necessária a construção e impermeabilização. Nesse aspecto, contar com manta de PVC promoverá um melhor acabamento em reservatórios e redução de desperdício por infiltração no solo.
Manejo da textura do solo adequada
Esse ponto influencia a retenção de água e nutrientes. Solos arenosos, por exemplo, drenam mais rapidamente e podem necessitar de adubações mais frequentes, ao contrário dos argilosos.
Qual a importância do manejo nutricional?
Um manejo nutricional preciso melhora a produtividade e fortalece a resistência das plantas contra doenças, contribui para a segurança alimentar global e fomenta alternativas mais sustentáveis para o meio ambiente.
Além disso, devido à demanda impulsionada pelo crescimento populacional, a busca por insumos tem aumentado. Em 2023, as entregas de fertilizantes no Brasil alcançaram 45,82 milhões de toneladas, o que representou um aumento de 11,6% em relação a 2022.
Essa tendência ressalta a importância de conhecer os procedimentos corretos na nutrição vegetal para uma aplicação mais precisa e econômica.
Como escolher tipos de adubos?
Separamos os principais aspectos a serem considerados. Veja.
Realize o planejamento
Estime a produtividade desejada, o método de manejo utilizado, o histórico da área de cultivo, as condições climáticas da região, implementos disponíveis e recursos financeiros.
Conheça os principais modelos
De maneira geral, são classificados em três tipos: adubo orgânico (que envolve húmus, esterco e demais resíduos de origem vegetal), mineral, que são produzidos por meio de rochas, e organominerais, que têm as duas características anteriores.
Saiba as reais necessidades da cultura
Como abordado mais acima, cada uma pede um teor específico para desenvolvimento. Por exemplo, a cultura da banana exige maiores quantidades de potássio que outras espécies frutíferas.
Determine a melhor forma de aplicação
É por meio dessa determinação que será possível estabelecer o melhor aproveitamento dos fertilizantes. Os principais são por via do solo, adubação foliar e fertirrigação.
A nutrição vegetal pode parecer complexa, porém, compreender os fatores e suas interações que compõem o manejo nutricional para suprir as necessidades de nutrientes das culturas ajuda a aumentar a produtividade. Portanto, sempre considere os aspectos abordados neste guia e conte com um engenheiro agrônomo para melhores recomendações.
Agora que você aprendeu mais como adubar a sua produção agrícola, precisa entender melhor como a agroindústria funciona para otimizar sua lucratividade. Confira tudo em nosso artigo sobre o tema!