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Diversificação de culturas: práticas para cultivo de diferentes grãos

Modificado em: agosto 8, 2024

Na busca de melhores alternativas que garantam a rentabilidade no campo, alinhadas com as diretrizes globais da sustentabilidade e ao aproveitamento dos recursos do solo de maneira eficiente, a diversificação de culturas é uma das estratégias que têm um papel de destaque nesse contexto.

Afinal, o Brasil, principalmente nas últimas três décadas, vem experimentando notável crescimento na produção agrícola, com ênfase no mercado de grãos. O país já é considerado o “celeiro do mundo” e lidera na exportação mundial de sete alimentos, com soja e milho ocupando as primeiras colocações.

Isso só prova a necessidade de inovar e continuar os investimentos nesse setor, que é um dos mais importantes para o nosso PIB. Para isso, também é necessário lidar com os principais desafios das questões fitossanitárias e do aproveitamento de insumos.

Para trazer mais detalhes, neste artigo, falaremos mais a fundo sobre o que é diversificação de culturas, ressaltando a sua importância, as práticas recomendadas e apresentando um guia aplicado para que você saiba como implementá-la na sua propriedade.

Boa leitura!

Importância da diversificação de culturas na agricultura

A estratégia de diversificação é um tema dinâmico que vem conquistando espaço no agronegócio brasileiro. Ela é uma técnica que proporciona a expansão das fronteiras do negócio para outras culturas, sem esgotar o campo produtivo e garantindo melhor sinergia com as técnicas de plantio, resultando em colheitas contínuas em todas as estações e condições.

Além disso, ela favorece a sustentabilidade no aproveitamento dos recursos da área cultivável, bem como uma maior economia na utilização de insumos e demais manejos agrícolas.

Vamos tomar como exemplo uma de suas aplicações para grãos: a rotação de culturas. Essa prática permite alternar espécies que são distintas entre si em termos de sistema radicular e exigências nutricionais, como as leguminosas e gramíneas. Assim, a cada safra, é possível aproveitar os recursos do solo com mais equilíbrio e reduzir a necessidade de aplicação de adubos a longo prazo.

Além disso, pelo fato de essas culturas serem anuais, há uma intensa rotatividade no campo. Portanto, ter conhecimento sobre as práticas recomendadas garantirá retornos financeiros muito mais atrativos.

Práticas recomendadas para o cultivo de diferentes culturas de grãos

Essas são as principais técnicas de plantio para um melhor aproveitamento da diversificação de culturas na sua propriedade. Acompanhe.

Plantio direto (SPD)

É um sistema de implantação de culturas no solo não revolvido protegido por cobertura morta e um dos mais eficientes métodos para controle e prevenção de erosão. 

Além desses benefícios, podemos citar a contribuição para a economia de combustível nas atividades agrícolas, por diminuir o trânsito de maquinários na área e por não ser necessário o revolvimento do solo. Essa técnica também garante melhor preservação da água disponível para as plantas e maior tolerância em períodos de estiagem.

Rotação de culturas

É uma das técnicas mais antigas e eficazes no controle de doenças e pragas do solo e uma importante parceira na preservação das características nutricionais da área de cultivo. Para a diversificação de culturas de grãos, consiste em uma alternância planejada de diferentes espécies na mesma área, em intervalos específicos.

Para melhor entendimento, confira a seguir um exemplo aplicado para a soja, no período de quatro anos, em um talhão:

  • primeiro ano: no período do outono/inverno, pode-se cultivar aveia branca. Na primavera/verão, milho;
  • segundo ano: cultiva-se trigo no outono/inverno e soja na primavera/verão;
  • terceiro ano: aveia no outono/inverno e soja na primavera/verão;
  • quarto ano: novamente, poderia ser trigo no outono/inverno e soja na primavera/verão.

Note que, para a rotação de culturas ter o resultado desejado com os grãos, deve-se conhecer bem as particularidades de cada cultivo, desde exigências nutricionais e clima até se há pragas e doenças correlacionadas entre si, sendo uma abordagem mais complexa.

Inclusive, nesse exemplo aplicado acima, cada uma foi utilizada estrategicamente, conforme suas necessidades de maneira que o solo forneça nutrientes, ao mesmo tempo que possa se beneficiar dessas mesmas culturas. 

Isso acontece porque a soja, por ser uma leguminosa, contribui para a disponibilidade de nitrogênio, para que outra, como o milho, possa aproveitar esse recurso sem exigir tanto da área cultivável.

Além disso, pode-se aproveitar as épocas mais frias (outono/inverno) para o plantio de espécies que se desenvolvem melhor, como o trigo, enquanto se espera a primavera/verão para aproveitar a soja. Dessa maneira, tem-se a utilização eficiente do campo, ao mesmo tempo que a renda é diversificada e mantém-se constante em diferentes estações.

Manejo Integrado de Pragas (MIP)

Esse modelo é uma estratégia de controle de pragas que procura preservar ou incrementar fatores relacionados com a mortalidade natural de pragas. Ele é baseado nas técnicas de combate alinhadas aos parâmetros ecológicos, econômicos e sociológicos

Ele é fundamentado em:

  • diagnose — etapa que identifica de maneira simples e direta os inimigos naturais para elaboração estratégica de controle;
  • tomada de decisão — conforme a situação do campo, vem a decisão de aplicar, ou não, métodos artificiais de combate (controle químico, biológico aplicado ou comportamental);
  • seleção de método de controle — a melhor abordagem deve estar alinhada com parâmetros técnicos (eficácia), fatores ecotoxicológicos (que preservem a saúde humana e o meio ambiente) e sociológicos (acessível e adaptável para o ser humano).

Entre as estratégias de controle implementadas pelo MIP, temos o controle biológico, que aborda a aplicação de inimigos naturais, como predadores, parasitoides e agentes patógenos, com o objetivo de diminuir a população do inseto-praga.

Outro modelo bastante utilizado é o cultural, em que a diversificação de culturas é uma excelente ferramenta. Com o conhecimento de rotação, por exemplo, podemos diminuir a ocorrência de pragas e doenças do solo. Adicionalmente, práticas como o plantio direto ajudam a reduzir o nascimento de plantas daninhas na área cultivável.

Consorciação de culturas

Esse modelo se refere ao cultivo de mais uma espécie em uma mesma área, durante uma estação, para aproveitar melhor os recursos do solo. Para um bom planejamento, o agricultor deve considerar cada cultivo a densidade, período de maturação, arquitetura, irrigação necessária e exigências nutricionais.

Os principais tipos relacionados são os de fileira, um modelo disposto em fila, sendo uma combinação comum a mistura de cereais e leguminosas como milho e feijão, e em faixas, nos quais as parcelas são mais espaçadas e permitem a utilização de maquinários.

Por fim, temos a consorciação em aleias, um tipo que une árvores, arbustos ou sebes. Essa conformação permite que as plantas mais altas protejam as mais baixas contra fatores como vento e radiação solar intensa. Também é um método interessante para aplicar a diversificação de culturas em grãos.

Como implementar estratégias de diversificação de culturas

Para que a diversificação de culturas na agricultura seja bem executada, é preciso seguir alguns passos importantes. Confira o que deve ser feito, sem complicações.

Faça o planejamento para o ano da safra esperada

Aqui, é fundamental levantar todos os fluxos financeiros, como receitas, projeto de irrigação, gastos com insumos agrícolas, maquinários, logística para a comercialização agropecuária e a finalidade comercial, se será commodity, ou para produção à agroindústria a fim de uma implementação estratégica e eficiente da diversificação de culturas em grãos. 

Adicionalmente, nesse aspecto, também se avalia a previsão de rentabilidade e quais técnicas de plantio serão integradas (rotação de culturas, consorciação, plantio direto etc.).

Observe o ponto de irrigação e demais necessidades de controle de pragas do solo antes da implementação.

Realize a implementação da rotação de culturas

Após o planejamento, estabeleça quais serão as culturas implementadas. Ou seja, delimite qual será o cultivo com maior rentabilidade e desenvolva a estratégia com foco nisso.

Por fim, é importante considerar que esse planejamento não deve conter apenas uma sequência de plantios, mas também a análise de solo. O objetivo é avaliar o teor de acidez, fazer as correções necessárias, avaliar a adaptabilidade das espécies, além de conhecer pragas e doenças para medidas preventivas.

Adote as técnicas de plantio

Como abordado mais acima neste artigo, lembre-se das técnicas do plantio direto e do Manejo Integrado de Pragas (MIP). Essas estratégias ajudarão a conservar a saúde do solo, manter a alta produtividade e medidas de controle fitossanitário alinhadas ao meio ambiente. 

Entretanto, é importante salientar que, para o sucesso delas na aplicação da diversificação de culturas, se faz necessário ter conhecimento da região e das suas condições climáticas. 

Por exemplo, as táticas aplicadas no semiárido que apresenta abordagens mais voltadas para a agricultura de sequeiro são totalmente diferentes da região sul, além de necessitar de projetos de irrigação mais eficientes, como os modelos via gotejamento, e possível elaboração de reservatórios.

Por outro lado, no centro-oeste, em que a produção de grãos se concentra, as condições são outras. Decorrentes de um período de entressafra mais quente e disponibilidade hídrica em períodos mais curtos, pode-se considerar a adição de forrageiras na rotação de culturas, intercalado com as leguminosas, para fornecer maiores teores de biomassa na área cultivável.

Faça o acompanhamento

Por fim, é preciso fazer o monitoramento para que, após a implementação da diversificação de culturas, seja possível acompanhar a eficácia e identificar possíveis anomalias na lavoura, principalmente sobre pontos da rentabilidade e a presença de insetos e doenças que podem ser prejudiciais à produtividade.

Embora esse processo de produção possa ser realizado manualmente, atualmente já existem diversas tecnologias para uma análise mais completa e otimização do trabalho humano.

Nesse cenário, é possível contar com sensores que detectam as condições ambientais em pequenas áreas, sendo que os principais tipos podem medir umidade, radiação solar, taxa de molhamento foliar e compactação do solo.

Como visto no nosso artigo, a diversificação de culturas para grãos é um processo que está ganhando destaque no agronegócio, especialmente por ser um aliado à sustentabilidade em garantir a rentabilidade do produtor, sem esgotar os recursos do solo e ambiente.

Além disso, ela facilita o uso de técnicas de plantio que permitem incorporar o Manejo Integrado de Pragas, diminuir a utilização de defensivos agrícolas e gerar economia a longo prazo.

Gostou do post? Além dessas estratégias citadas para grãos, é fundamental conhecer os principais tipos de maior importância econômica no Brasil. Saiba mais, conferindo o nosso guia detalhado sobre o tema!

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