Mais que saber o que é aquicultura sustentável, é preciso dominar suas boas práticas para aproveitar as vantagens que elas oferecem aos empreendimentos dessa atividade. Afinal, muitas dessas ações tornam a produção mais qualificada e atraem o mercado consumidor.
Além disso, ganhos sistêmicos com o impacto da sustentabilidade nas esferas econômicas e sociais geram retorno aos produtores a partir da expansão mercadológica que acarretam. Nesse contexto, vale a pena descobrir mais sobre o assunto.
Confira um compilado neste conteúdo!
Quais são os níveis de sustentabilidade aplicáveis à aquicultura?
Para começar, é fundamental ir além de entender o que é a aquicultura sustentável, quais seus princípios e suas vantagens. Pois, na prática, esse conceito não se limita ao meio ambiente, tendo efeitos em diversos níveis. Descubra cada um deles!
Econômico
A aquicultura, assim como outras atividades mercantis, precisa se manter a longo prazo, sendo viável e gerando resultados para os produtores enquanto movimenta o mercado e cria uma cadeia de suprimentos equilibrada em que todos os negócios envolvidos conseguem progredir. Esse é o conceito de sustentabilidade econômica.
Esses objetivos começam a ser moldados com a adoção de práticas que elevem a qualidade dos produtos, associadas ao investimento em soluções que ampliam a produtividade e otimizam os custos sem prejudicar os outros níveis da sustentabilidade.
Todas essas ações ainda devem ocorrer de forma harmônica com as demais forças mercadológicas, desde fornecedores até vendedores. O objetivo é criar um ambiente comercial justo, em que nenhum dos elos é explorado.
Social
A aquicultura, enquanto atividade econômica, não deixa de ser uma oportunidade de desenvolvimento social. Afinal, é uma forma de gerar emprego e renda ao longo de toda a sua cadeia produtiva ou em suporte a ela. Mais que isso, pode ser explorada por diversos grupos e coletividades como meio de subsistência.
Outra vertente da sustentabilidade aplicada a esse nível é a contribuição desse modo de produção para a disponibilidade de fontes de proteína alimentar, para a variedade de alimentos e, em última instância, para a segurança nutricional. Isso porque, se realizada de maneira correta, sua expansão e exploração acontecem sem prejudicar o ambiente ou a sociedade, reduzindo a fome.
Ambiental
Talvez o nível mais conhecido de sustentabilidade na aquicultura ou nas demais atividades empreendedoras seja a ambiental. Isso não é à toa, já que esse âmbito tem ganhado relevância com as mudanças climáticas e a evolução da legislação nesse sentido.
Especificamente na produção em meio aquático, isso deve ser acompanhado com atenção, à medida que há uma interdependência dos ecossistemas para que o desenvolvimento das criações ocorra adequadamente.
Nesse caso, buscar reduzir os impactos significa manter a exploração econômica sem o risco de esgotar ou comprometer a capacidade do espaço em que está. Como efeito, a continuidade do projeto também é assegurada, uma vez que depende do ambiente.
Quais os impactos positivos da sustentabilidade na aquicultura?
A existência de tais níveis de sustentabilidade demonstram a amplitude que esse conceito atinge. Diante disso, cabe perceber que, do ponto de vista mercantil, todas essas iniciativas também têm relevância na geração de resultados de negócio. Ou seja, focar em uma aquicultura sustentável é investir no desenvolvimento do empreendimento.
Sob esse viés, seus ganhos começam pelo eixo econômico, à medida que promover uma cadeia de suprimentos equilibrada permite construir parcerias para o acesso a melhores insumos, para a implementação antecipada de tecnologias de ponta e para a entrada em novos mercados.
Já no âmbito social, uma mão de obra bem desenvolvida e recompensada só tem a agregar qualidade ao manejo. Da mesma forma que a entrega de um produto bom a um preço justo possibilita a consolidação da marca junto ao consumidor.
Na mesma linha, manter uma produção que respeita o meio ambiente é um diferencial competitivo, uma vez que atrai clientes. Via de regra, contar com certificações de boas práticas operacionais e ambientais, coloca o projeto em destaque, oportunizando uma precificação diferenciada que melhora a lucratividade.
Quais são as melhores práticas para uma aquicultura sustentável?
O impacto da implementação da sustentabilidade na aquicultura a torna um investimento interessante. Veja quais práticas podem ajudar a adotá-la!
Investir em uma proposta de aquicultura integrada e multitrófica
Uma aquicultura integrada e multitrófica se baseia na convivência de espécies que têm diferentes tipos de alimentação em um mesmo ambiente de maneira a reaproveitar os nutrientes gerados por uma delas na cadeia alimentar de outra.
Além de promover a biodiversidade aquática, isso auxilia no combate à eutrofização — enriquecimento da água com partículas orgânicas que pode levar à redução excessiva do oxigênio, inviabilizando a sustentação da vida no meio aquático.
Ou seja, é um modelo que contribui para a sustentabilidade ambiental que ainda oportuniza a construção de um sistema alimentar com melhores custos e resultados sem que haja perdas na qualidade da produção.
Manejar de forma sustentável a água e os recursos hídricos
A eutrofização é só um dos exemplos dos impactos negativos do manejo incorreto da água. Afinal, independentemente do sistema adotado ser corrente ou parado, se explorado em excesso, esse recurso pode ser reduzido, afetando outros empreendimentos ou comunidades que dependem dele, além do ecossistema de que o projeto é parte.
Assim, a aquicultura sustentável propõe o desenvolvimento de tecnologias e práticas que evitem isso, a exemplo da recirculação — que trata e reutiliza a água na atividade — e da coleta da chuva em reservatórios, reduzindo o impacto ligado à obtenção desse insumo ou à gestão de efluentes residuais.
Focar em uma produção voltada a alimentação
Uma aquicultura sustentável do ponto de vista social e econômico é aquela voltada a promover o abastecimento alimentar. Isso gera ganhos aos produtores — incluindo o acesso a um mercado consumidor em constante busca por diversidade nutricional e qualidade — e a sociedade — por atender a demanda por variedade e quantidade de fontes de proteína.
Usar sistemas de baixo impacto ambiental
Questões como a concentração de espécimes e o uso d’água são alguns elementos que tornam um sistema mais ou menos ambientalmente impactante. Esses pontos também têm relação com a propriedade em que a atividade será desenvolvida, as espécies escolhidas, o modelo de reprodução e de alimentação, entre outras tecnicidades.
Assim, escolher uma opção que permita promover a aquicultura sustentável é uma decisão complexa. Mas seguir por tal caminho é vantajoso, incluindo ganhos como:
- melhora da produtividade;
- otimização da ração;
- redução de consumo de insumos;
- melhor aproveitamento do local.
Garantir o bem-estar animal
A produtividade e a qualidade das criações têm relação direta com o bem-estar dos animais. Ou seja, sem garantir a última, os resultados almejados para o empreendimento podem não chegar.
Mais que o impacto econômico, trata-se de uma questão ambiental, já que os problemas que afetam sua saúde tendem a impactar todo o ecossistema. Nesse contexto, uma aquicultura sustentável mapeia, acompanha e maneja os aspectos que podem levar à melhoria disso. Tais elementos são diversos, incluindo:
- água: microbiota, oxigenação, características químicas etc., quando desregulados, tendem estressar os espécimes e comprometer a produção;
- concentração de indivíduos: a alta densidade de povoamento muda o comportamento de algumas espécies, gerando agressividade e danos;
- alimentação: se desequilibrada, a dieta diminui a capacidade de desenvolvimento e aumenta o risco de adoecimento;
- despesca: quando a coleta acontece de maneira incorreta, é comum haver sofrimento desnecessário.
Aproveitar as potencialidades locais
Uma maneira de promover uma aquicultura sustentável em todos os níveis é investir nas potencialidades do ecossistema e da comunidade em que se está inserido. Isso vai desde questões ambientais e climáticas até aspectos logísticos, por exemplo.
Nesse contexto, uma das melhores práticas é o investimento em espécies nativas. A essa opção se somam o uso do mar como habitat nas regiões costeiras, a busca por clientes e parceiros locais e a compra de tecnologias desenvolvidas por instituições de ensino ou fornecedores próximos. Os consequentes impactos positivos são:
- naturais: pela redução da intervenção na área de produção ou da emissão de poluentes no transporte;
- econômicos: ao movimentar cadeias de suprimentos fora de grandes centros urbanos;
- sociais: devido a ampliação da demanda por mão de obra direta ou indireta em áreas rurais, ou com poucas oportunidades.
Aplicar soluções tecnológicas
Diversas tecnologias têm aplicações capazes de atender ao que significa agricultura, pecuária e aquicultura sustentáveis no mundo atual. Inteligência Artificial, automação, sensores, sistemas de dados e de rastreamento, entre muitos outros exemplos, já são usados.
Nesse sentido, desde o monitoramento da qualidade da água até a automatização do fornecimento de alimentos entram nisso, favorecendo tanto a sustentabilidade do projeto quanto seus resultados comerciais.
Outras opções são inovações que proporcionam novas fontes de energia, reutilizam insumos ou resíduos, minimizam a poluição do ar, da água ou da terra, e maximizam o aproveitamento de recursos.
Escolher fornecedores que também aplicam boas práticas
Não basta aplicar em boas práticas para a sustentabilidade, se seus fornecedores também não as seguem. Afinal, a imagem do empreendimento pode ser danificada pela associação com tal má conduta, removendo um dos principais impactos positivos de investir em uma aquicultura sustentável: a reputação.
Assim, cabe conhecer como atuam cada uma das demais empresas que fazem parte da cadeia produtiva em que se está inserido. Isso significa verificar licenças, histórico e adequação com a legislação, para evitar surpresas que levem a perdas reputacionais.
Atentar a biosseguridade e a sanitização
Nem sempre se associa uma boa gestão sanitária ao desenvolvimento da sustentabilidade. Porém, são práticas que andam lado a lado na aquicultura. Afinal, as contaminações ligadas a uma geram consequência na outra.
Mais que isso, ambas envolvem questões relacionadas à segurança da equipe, a riscos jurídicos e reputacionais, bem como a capacidade de crescimento dos animais ou a qualidade da produção.
Portanto, uma verdadeira aquicultura sustentável — englobando os níveis ambiental, social e econômico — somente é possível, quando se dá atenção à biosseguridade e à sanitização.
Nesse caso, os processos e procedimentos que asseguram que esses pontos que estão em ordem são uma fonte de aperfeiçoamento das medidas para atingir os objetivos sustentáveis.
Quais são os principais indicadores de aquicultura sustentável?
A sustentabilidade, como diversos outros aspectos de negócio, pode ser mensurada e acompanhada por meio de indicadores capazes de dar segurança às decisões gerenciais. Afinal, é a partir deles que um panorama preciso da situação passa ser vislumbrado e cenários, oportunidades ou desafios são mapeados.
Como efeito, os produtores conseguem entender quando, como e onde agir para tornar seus empreendimentos em aquicultura mais alinhados a essa questão, desenvolvendo melhorias que afetam positivamente toda a comunidade em que estão inseridos.
Entre o que monitorar, alguns indicadores se destacam. Confira os principais em nível econômico, social e ambiental a seguir!
Indicadores econômicos
Indicadores econômicos de uma aquicultura sustentável exploram aspectos que vão desde a capacidade da proposta de se manter a longo prazo até seu impacto na cadeia de suprimentos e no mercado. Isso inclui mensurar:
- a taxa de retorno sobre o investimento e o tempo necessário para recuperar o capital inicial;
- o custo-benefício das ações desenvolvidas, considerando tanto o financeiro quanto outros ganhos;
- a lucratividade e a rentabilidade — lucro líquido, margem entre outros;
- os custos de potenciais danos causados a terceiros pela exploração da atividade;
- os benefícios que podem ser obtidos por agentes externos pela existência do projeto — abertura de outras empresas para suprir demandas geradas, por exemplo;
- o período em que há a continuidade e a manutenção do empreendimento;
- a taxa de risco — caso haja falta de interesse mercadológico, má gestão, restrições legais, eventos naturais destrutivos etc.:
- a diversidade de mercados explorados e a potencialidade de crescimento para novos.
Indicadores ambientais
Uma aquicultura sustentável do ponto de vista ambiental envolve o melhor e mais eficiente uso dos recursos, associado a redução ou a eliminação de danos ao meio. Nesse contexto cabe avaliar:
- o aproveitamento do espaço, da água e da energia;
- a taxa de utilização de insumos renováveis em relação ao total;
- a quantidade de resíduos ou excedentes comparada a produção efetiva;
- a probabilidade de haver efeitos como poluição, assoreamento ou acúmulos de substâncias danosas na natureza;
- o impacto no ecossistema e os riscos negativos envolvidos.
Indicadores sociais
Já no campo social, uma aquicultura sustentável pode ser mensurada por meio de indicadores que incluem a comunidade e a equipe do empreendimento. São eles:
- uso ou aquisição de produtos, ou serviços no mercado local;
- aproveitamento da mão de obra de pessoas da região;
- empregos e renda gerados;
- venda da produção nas cercanias.
Investir em uma aquicultura sustentável gera vantagens para o meio, o mercado e a sociedade. Mas, acima de tudo, para o próprio empreendimento, que se beneficia de retornos para sua reputação, com o fácil acesso de mão de obra ou fornecedores qualificados, para a competitividade e para a continuidade do projeto.
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