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Cultivo de espécies aquáticas: como selecionar as mais adequadas?

Modificado em: agosto 8, 2024

O cultivo de espécies aquáticas — ou aquicultura — é uma atividade econômica em franca expansão. Por isso, o interesse dos produtores em seu funcionamento tem aumentado, à medida que eles buscam informações para desenvolver os próprios criadouros e entrar nesse segmento mercadológico.

Nesse cenário, algumas decisões precisam ser tomadas para viabilizar e dar início ao projeto. Entre elas, uma escolha de grande impacto envolve definir o que vai ser cultivado na propriedade. 

Afinal, há diversas opções, incluindo camarões, peixes, algas, ostras, mexilhões, entre outras. No entanto, aspectos regionais, como o clima, o mercado consumidor e o acesso a recursos, por exemplo, afetam esse direcionamento.

Entenda o que considerar nessa hora e tome a melhor decisão para seu empreendimento com a ajuda deste conteúdo!

Processo de seleção de espécies para o cultivo aquícola

O direcionamento do cultivo de espécies aquáticas está centrado na escolha do que será produzido. Desde elementos naturais até aspectos econômicos impactam nessa definição, se correlacionando para criar o cenário de cada região e propriedade. 

Todo esse processo ainda passa por questões técnicas, como métodos de reprodução, alevinagem, domesticação e adaptação de espécies ao ambiente artificial, seleção dos indivíduos, entre outros pontos.

Todavia, os principais fatores a avaliar para tomar a decisão acerca do que será criado estão ligados à localidade onde será realizado o manejo. Eles se destacam entre os demais ao precisarem ser considerados para garantir que o projeto aquícola seja bem-sucedido por estarem sujeitos a questões externas e não sob controle do produtor.

Fatores para seleção de espécies aquáticas para cultivo

A nível fundamental, o processo de seleção de espécies aquáticas para cultivo na aquicultura depende da análise de certos fatores que estão sujeitos à regionalidade. Descubra a importância de cada um!

Clima

A temperatura é o principal aspecto climático a ser avaliado para definir quais variedades escolher para o cultivo de espécies em água. Isso porque boa parte dos animais aquáticos se mantém na mesma condição que o meio em que vivem, tendo suas funções corporais e metabólicas sujeitas às mudanças externas. 

Dessa forma, manter cada espécime nos níveis ideias é o que garante o crescimento, a saúde, a qualidade e o rendimento da criação. Portanto, o clima é um dos fatores que mais impactam a seleção das opções.

A tendência é que as características regionais do ambiente afetem os espaços de produção, especialmente em modelos desenvolvidos na natureza, sem cobertura ou sem controle térmico. Nesses casos, é preferível optar por exemplares nativos ou adaptados à sua localização.

Água

Ao planejar um empreendimento aquícola, os recursos hídricos da região estão entre os principais pontos a avaliar no início do projeto. A começar pela sua disponibilidade para definir o sistema a ser empregado — com recirculação, estático ou por renovação.

Afinal, direcionar o cultivo de espécies aquáticas passa por esse fator, uma vez que os impactos da escolha de como será o uso da água não param, nem se limitam, a essa questão técnica.

É preciso entender que a troca ou não desse insumo com frequência afeta aspectos como pH, turbidez, oxigenação e microbiota, favorecendo determinadas opções de espécimes em detrimento de outras. 

Um exemplo que ganha espaço em situações de escassez hídrica são os peixes de respiração aérea, já que eles conseguem complementar o oxigênio retirado pelas brânquias com a coleta direta no ar.

Ainda, o tipo de água a ser utilizado — doce ou salgada — também demanda uma análise. Isso porque os seres presentes em uma não podem ser cultivados em outra, devido às características anatômicas e fisiológicas distintas que necessitaram desenvolver para viver em cada habitat ao longo da história.

Dessa forma, as criações realizadas no segundo meio ocorrem com a instalação de estruturas em estuários ou áreas calmas do mar — para o manejo de ostras, camarões ou peixes — ou em viveiros próximos — caso da carcinicultura marinha. 

Entretanto, é importante saber que há espécies de camarão cultivadas no Brasil em água doce. Aliás, o mais comum é a utilização de tanques circulares ou escavados e recobertos com geomembrana PVC, para a piscicultura.

Mercado consumidor 

O cultivo de espécies aquáticas é um negócio e, como tal, depende de um mercado consumidor interessado para ser bem-sucedido. Ou seja, a escolha do que cultivar também precisa considerar sua dinâmica.

Na prática, vale buscar por pesquisas mercadológicas para entender quais são as características, os perfis de consumo que adquirem esse produto e os espécimes preferidos de cada grupo. 

Para ter uma visão adequada, a dica é optar por informações regionais, pois essa segmentação facilita as análises. Entre as relações que podem ser feitas utilizando esses dados, os exemplos mais notórios são:

  • a preferência de cada classe social;
  • a predominância por pescados e frutos do mar nativos ou exóticos;
  • a escolha de marcas com base na sua origem;
  • a avaliação de produtos locais frente a importados ou de outros estados;
  • o local em que são adquiridos (mercados, supermercados, direto do produtor etc.).

Com base nesses levantamentos, é fundamental procurar compreender as opções que são ideais para a aquicultura e as que são voltadas à pesca comercial. Em seguida, é hora de avaliar as possibilidades da sua propriedade perante os demais fatores — especialmente o clima — para, por fim, analisar o tamanho do nicho que atendem. 

Esse último ponto serve para estipular a lucratividade do projeto e seu custo-benefício. Diante disso, fica evidente que é uma etapa complexa, mas indispensável para fazer a melhor seleção em prol dos resultados empresariais.

Infraestrutura e recursos 

Via de regra, a infraestrutura de um projeto de aquicultura é um fator avaliado sob a perspectiva do valor de investimento envolvido. Porém, ao fundo disso, está a questão da seleção das variedades para o cultivo de espécies.

Não à toa, pois a depender da realidade regional serão necessárias mais ou menos adaptações no espaço para que certas opções de cultivos sejam adotadas. Logo, há uma correlação entre essa decisão e o que está disponível no meio.

Nesse contexto, o sistema aplicado — extensivo, semi-intensivo, intensivo ou superintensivo — afeta na definição, uma vez que cada um depende da presença de determinadas condições ambientais. Pode-se exemplificar isso comparando as criações feitas no mar e as em água doce.

Seleção de espécies aquáticas e regionalidade

Aproveitar as potencialidades locais para o cultivo de espécies aquáticas é uma forma de praticar uma aquicultura muito mais sustentável, ao mesmo tempo que amplia sua capacidade de gerar resultados.

Entre as práticas para isso, a escolha de espécimes nativos ou o melhoramento de espécies cultivadas para que se adaptem ficam em destaque. Esse último inclui a indução de mudanças fisiológicas e comportamentais em prol de uma evolução tanto na nutrição quanto na reprodução.

Todavia, tudo começa por entender o clima, que permanece sendo o fator principal a ser considerado por quem quer maximizar os ganhos nessa atividade. Assim, cabe aplicar técnicas de avaliação para perceber as dinâmicas atmosféricas. A mais utilizada organiza dados meteorológicos em modelos que mensuram:

  • a variação nas temperaturas;
  • a presença de umidade no ar;
  • a incidência de radiação solar;
  • a frequência da precipitação;
  • a maritimidade ou continentalidade;
  • o relevo, solo e vegetação.

A partir desses pontos, eles mapeiam como funcionam os padrões climáticos do lugar escolhido para desenvolver o projeto aquícola, estabelecendo desde um histórico até projeções e cenários futuros. Dessa maneira, fica fácil conhecer seus impactos na atividade, podendo favorecer ou eliminar alguma opção de criação.

As limitações que a legislação ou os órgãos municipais e estaduais de meio ambiente podem impor quanto a essa definição também devem ser consideradas. Afinal, tratam-se de medidas para proteger o ecossistema das bacias hidrográficas, evitando que populações aquáticas fundamentais para o equilíbrio se percam.

Cultivo de espécies aquáticas eficiente e rentável

A regionalidade também afeta o perfil do cliente. Considerando que um cultivo de espécies aquáticas eficiente e rentável tende a começar pelo atendimento do mercado consumidor local, entender isso ganha importância.

Assim, a escolha de quais opções criar nessa fase está diretamente relacionada às características desse público. Portanto, uma pesquisa dos hábitos alimentares e comportamentos de consumo permite melhorar o direcionamento. Entre os pontos a serem levantados para identificar as demandas estão:

  • quantas vezes por semana consomem frutos do mar e pescados;
  • qual a forma de apresentação (natural, limpo ou enlatado) escolhida;
  • quanto gastam na compra desses gêneros alimentícios;
  • como definem o fornecedor;
  • quais espécies preferem comer;
  • onde costumam pesquisar informações sobre as marcas.

Tantas perguntas são fundamentais para segmentar a clientela e compreender detalhes que variam de um grupo para outro. Como efeito, suas descobertas servem de guia para uma série de decisões que se conectam com o que produzir. Afinal, desde o preço até a embalagem acompanham essa definição.

Com esses aspectos organizados, o empreendedor precisa estudar a viabilidade técnica para desenvolver as preferências levantadas, bem como o seu retorno econômico, confrontando esse dado com os custos do investimento. Trata-se de um quadro complexo, haja vista que atender a procura pode requerer:

  • o desenvolvimento de produtos diferenciados para se destacar da concorrência;
  • a realização de mudanças na propriedade, a fim de absorver novos processos;
  • a elaboração de uma estratégia de comunicação específica para se posicionar.

Tanta variedade disponível para o cultivo de espécies aquáticas é uma vantagem para quem quer empreender nessa atividade. No entanto, é preciso que sejam bem aproveitadas para, realmente, gerar bons resultados. Tal sucesso começa pela seleção do que cultivar, considerando principalmente a regionalidade.

A tecnologia tem um papel importante na aquicultura. Logo, o ideal é ficar atualizado sobre as novidades. Por isso, confira as tendências no setor!

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