Promover a sanidade na aquicultura é fundamental para o ecossistema aquático e para o bem-estar animal. Além disso, por meio de práticas simples na criação de peixes, a serem adotadas com o objetivo de melhorar a qualidade da produção, o que é entregue ao mercado será de maior qualidade.
Além do impulso nos ganhos, a credibilidade também será aprimorada, o que vai contribuir de forma direta para a lucratividade. Pensando nisso, elaboramos este material para que você entenda um pouco mais sobre a importância da sanidade, confira quais são as doenças mais comuns, qual é o diagnóstico e como tratá-las, de modo que todos esses ganhos sejam usufruídos com mais precisão.
Continue a leitura e saiba mais!
Importância da sanidade na aquicultura
Quando falamos sobre qualquer tipo de cultivo, devemos considerar a necessidade de traçar estratégias práticas que vão impactar diretamente a lucratividade da produção. A sanidade na aquicultura é um desses pontos, uma vez que vai manter o sistema de criação sustentável tanto do ponto de vista financeiro quanto ambiental e sanitário.
A partir do momento que o produtor entende quais são as principais doenças, como identificá-las e tratá-las, ele terá mais controle na circulação de patógenos, reduzindo riscos que ameaçam o desempenho do cultivo. Com isso, as metas traçadas de ganhos poderão ser alcançadas com mais facilidade, pois haverá a oportunidade de tratar problemas que aumentam a mortalidade dos animais.
Haverá ainda mais cuidado quanto ao manejo, mais atenção na escolha da ração e melhor controle da qualidade da água. O produto oferecido ao mercado terá mais adesão, o que impacta de forma positiva na credibilidade do negócio e na satisfação dos clientes.
Doenças mais comuns
Existem algumas doenças comuns na aquicultura. Conhecê-las contribuirá para que você avalie de forma mais precisa a criação e entenda se existem alguns sinais que indicam qualquer tipo de problema. A seguir, a gente explica quais são eles. Confira!
Ictiofitiríase
Também chamada de doenças dos pontos brancos ou íctio, trata-se de um problema que costuma surgir quando há queda de temperatura de forma brusca. O parasita penetra no peixe com o intuito de concluir o seu ciclo de vida, e pode fazer isso por meio das nadadeiras, do tecido branquial, das escamas ou da córnea.
Depois de realizar a penetração, ele passa por uma mudança de fase de vida. A alimentação do parasita é composta principalmente por fragmentos do tecido, secreções e células inflamatórias. Quando as temperaturas estão muito baixas, o desenvolvimento é consequentemente retardado.
É possível observar se o peixe está com essa doença caso haja a presença de pontos brancos, o que origina o seu nome popular. A movimentação também é um indicativo, uma vez que é comum os animais se deslocarem contra as paredes ou o fundo dos viveiros.
Hidropsia
É provocada pela bactéria do gênero Aeromonas. Quando o peixe está com essa bactéria, ele vai produzir e acumular em sua cavidade abdominal um volume significativo de líquido esverdeado ou cor-de-rosa. Como o ventre se expande, a doença é popularmente conhecida como barriga d’água. Outras consequências da presença dessa bactéria são inflamações intestinais, hipertrofia, lesões renais etc.
Fungos
A criação ainda pode ser acometida por fungos. Trata-se de um problema facilmente identificável, uma vez que vão aparecer no corpo do animal massa branca em diferentes regiões. Se isso acontecer, existe a necessidade de fazer a troca imediata de 50% da água. Em seguida, é preciso que diariamente cerca de 20% da água seja trocada.
Argulose
Essa enfermidade é também conhecida como piolho d’água. É causada por um crustáceo parasita de nome Argulus foliaceus, cujas fêmeas mordem os peixes no local onde estão fixas, e provoca feridas ao longo do corpo por se alimentarem do sangue do animal.
Outra característica do parasita é o fato de que ele se desloca das escamas para depositar ovos no ambiente. O diagnóstico da doença é simples, pois o buraco provocado por ele é facilmente identificado, possibilitando o tratamento antes mesmo que ocorra a reprodução.
A medicação deve ser aplicada para evitar que o parasita se instale novamente no corpo do animal
Verme âncora
Essa doença é conhecida como verme âncora, mas se trata de um nome popular. Afinal, não é provocada por um verme, e sim por um crustáceo, que se prende no corpo do peixe com o objetivo de sugar o seu sangue. Um dos principais riscos que ela causa é o fato de que pode provocar anemia, além de depositar os óvulos no ambiente, o que leva à necessidade de desinfetar o espaço.
Como é o diagnóstico de doenças?
O diagnóstico de doenças pode ser feito de diferentes maneiras. A seguir, listamos algumas práticas que podem ser adotadas no dia a dia para que sejam identificadas de forma ágil. Assim, o tratamento se inicia logo, de modo que os danos sejam amenizados ou reduzidos.
Observe os animais durante a alimentação
Uma dica simples que pode ser adotada no dia a dia da criação é a observação dos peixes enquanto eles se alimentam. Como vimos em algumas doenças que apresentamos mais acima, alguns problemas trazem como consequência um comportamento fora do padrão. Além disso, se um animal se isolar ou se destacar por qualquer outro motivo é um sinal de que pode haver um problema por ali.
Assim, você tem a possibilidade de fazer um diagnóstico ágil e começar o tratamento quanto antes, uma vez que existem doenças altamente infecciosas e que podem contaminar toda a sua criação.
Entenda os principais tópicos que precisam ser analisados na sua criação
Mais que ter atenção na sua criação, existe a necessidade de entender quais são as mudanças mais comuns que ocorrem nos peixes se eles tiverem com alguma doença.
Peixes que estejam com a presença de alguma bactéria ou protozoário, por exemplo, não costumam se alimentar normalmente. Caso um grande número de animais estejam infectados, vai ser comum sobrar ração na superfície da água, especialmente se esse não for um comportamento comum.
Além disso, eles apresentam dificuldades de nadar ou acabam nadando de forma irregular, com um movimento torto ou meio de lado. Outros comportamentos que também podem ser observados:
- pegar água na superfície;
- apresentar feridas no corpo;
- respiração ofegante;
- pontos brancos na escama;
- vermelhidão em alguma parte do corpo;
- raspando nas pedras, como se estivesse coçando, entre outros.
Como deve ser o tratamento e a prevenção dessas doenças?
O tratamento e a prevenção dessas doenças envolvem algumas medidas práticas que podem ser adotadas no dia a dia de sua produção. A seguir, selecionamos algumas das principais que exigem atenção para garantir a sanidade na aquicultura. Confira!
Qualidade da água
Esse tópico é importante não apenas para a sanidade e biossegurança na aquicultura, como também para a qualidade de forma geral do que você coloca no mercado. Caso contrário, a credibilidade será afetada, o que reduz a lucratividade e a vinda de novos clientes.
É necessário entender as particularidades da espécie criada e quais são as características da água que devem estar presentes para um controle periódico. Entre os elementos que devem ser avaliados, destacam-se a temperatura, o pH do tanque, a oxigenação etc.
Hoje, a tecnologia trabalha muito a favor dos produtores. Há aeradores, por exemplo, que permitem reduzir o estresse dos animais porque uniformizam a temperatura e a oxigenação. Além dele, há sistemas de recirculação da água.
Quem deseja adquirir um produto como esse, precisa considerar que ele tem um custo mais alto, mas trata-se de um investimento que facilita a limpeza do local e reduz gastos com a troca de água.
Higienização
Por falar em troca de água, a higienização também é um fator fundamental para que haja a sanidade na aquicultura. Caso os tanques e os equipamentos presentes estejam com uma má limpeza, fungos e bactérias vão se proliferar com mais facilidade, pois vai haver o acúmulo de restos de comidas, fezes e demais matérias orgânicas.
Dessa forma, sempre que houver troca de lote, é indicado que o produtor se preocupe em desinfetar o local. Isso porque patógenos e parasitas do lote anterior conseguem sobreviver, contaminando com facilidade os novos peixes que foram colocados no tanque.
Quarentena
Se você já conta com alguns peixes em criação e adquire um novo lote, é essencial que eles passem por um período de quarentena para observação até que sejam integrados ao lote anterior.
Dessa forma, evita-se que haja a inserção de animais que já são infectados com peixes sadios, o que poderia ocasionar a perda de toda a sua criação conforme a gravidade. Assim, é possível avaliar se aparecerá algum sintoma e se é necessário tratamento prévio antes de colocá-los no tanque.
Detalhe importante: o viveiro não pode compartilhar da mesma água, pois elas também podem levar as bactérias e os parasitas para os peixes sadios. Dessa forma, é preciso que realmente sejam espaços isolados nesse momento de análise.
Uso de antibióticos
Assim como em qualquer outra produção ou cultivo, antes de administrar o uso de antibióticos se torna necessário o diagnóstico correto da doença. Para isso, o ideal é contar com profissionais capacitados que farão uma análise mais detalhada e, com base na ciência, receitar quais são os tratamentos mais adequados para cada espécie e para cada situação.
Depois, o veterinário vai escoher o melhor antibiótico, uma vez que cada remédio conta com uma ação específica. O seu uso, normalmente, é feito de forma oral. Para isso, a quantidade exata será administrada na ração e, ao ser consumida, será absorvida no trato digestivo do animal.
Quando se trata de sanidade na aquicultura, o uso de antibióticos é fundamental para problemas de origem bacteriana, de modo que a sua produção não seja tão afetada quando surgir uma doença no seu cultivo.
Impacto ambiental da sanidade na aquicultura
Um dos pontos a serem considerados é que doenças e perdas na produção podem estar ligadas diretamente ao manejo inadequado. Com isso, a evolução natural é de que haja doenças infecciosas e parasitárias.
Quando há presença de parasitas, é sinal de que existem falhas na alimentação, de que não há um programa de rastreio da criação ou de que existem problemas como manejo, no armazenamento das rações ou desequilíbrio na integridade do ecossistema.
Com isso, o impacto ambiental da sanidade na aquicultura será sentido de diferentes formas. Primeiro, porque vai haver mais controle da qualidade da água. Medidas simples e práticas serão adotadas para manter o bem-estar animal, de modo que vai haver ganhos diretos para o ambiente como um todo.
Além disso, deve-se ressaltar que a produção de efluentes também é impactada de forma positiva. Os resíduos orgânicos, químicos e biológicos produzidos nos tanques não terão substâncias que contaminam a água e afetam suas características, fato esse que poderia colocar em risco tanto a saúde humana quanto a de outros animais que dependem dessa água no dia a dia.
Por fim, quando se considera o bem-estar do peixe, é porque a produção também está atenta à:
- gestão adequada dos resíduos nesses espaços onde há a criação dos peixes;
- redução do uso de antibióticos, uma vez que os animais estarão saudáveis;
- uso de ração de qualidade;
- uso de técnicas que contribuem para a conservação dos ecossistemas aquáticos;
- estratégias que conservam áreas naturais;
- promoção de aeração, além da circulação de água de forma adequada e com estudos;
- tratamento correto dos efluentes;
- aspectos éticos e que respeitam as diretrizes e regras locais sendo adotados, entre outros.
Neste material, você pôde entender um pouco mais sobre a importância da sanidade na aquicultura, dicas para identificar as doenças mais comuns com mais facilidade, formas de tratamento e ainda os impactos ambientais.
Como tivemos a oportunidade de observar, além de aumentar a saúde geral da sua criação, você vai contar com mais credibilidade, uma vez que a mortalidade será reduzida e o patamar de produção será mais elevado. Isso reflete automaticamente na facilidade do manejo e na lucratividade da operação.
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