A pecuária é uma atividade de grande impacto na economia nacional. Afinal, nosso país é um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina do mundo. Além da pecuária bovina, a criação de aves, suínos, caprinos e equinos movimentam a economia, gerando empregos e promovendo mais segurança alimentar.
Essa é uma das atividades mais antigas da humanidade. Desde a domesticação dos primeiros animais, a criação de rebanhos tem sido fonte de alimento, extração de matéria-prima e força de trabalho, formando culturas e moldando paisagens.
Hoje, com o avanço da sociedade, os pecuaristas se veem diante de vários desafios, especialmente atrelados ao debate do impacto da atividade no meio ambiente e da necessidade de garantir o bem-estar dos animais.
Neste artigo, entenda o que significa pecuária, os diferentes tipos, modalidades de criação e as práticas que moldam essa atividade de grande relevância para a sociedade.
O que é pecuária?
A pecuária é uma atividade econômica do setor primário que consiste na criação de animais como bovinos, equinos, suínos e aves para produção de alimentos. Ela também atua no fornecimento de matérias-primas e é uim.
Ela faz parte do setor primário, pois reúne as chamadas atividades de extração e produção de matérias-primas diretamente da natureza.
Qual é a importância da pecuária no Brasil?
Essa área é responsável pela geração de empregos tanto no setor primário quanto em áreas rurais e urbanas. Ela envolve desde a etapa de produção até o processamento e comercialização de mercadorias. E, segundo dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, o setor emprega mais de 28 milhões de pessoas.
Outro sinal de influência desse segmento para a economia está atrelado ao fato de que o Brasil é um dos maiores exportadores de carne bovina do mundo, além de comercializar outros produtos como carne de frango, suínos e lácteos. Essas exportações contribuem para o saldo da balança comercial e para o aumento do Produto Interno Bruto.
É válido destacar alguns dados do Governo Federal, que demonstram a relevância da pecuária no PIB brasileiro, contribuindo para o crescimento econômico e arrecadação de tributos:
“Puxando o crescimento da economia do país, a agropecuária brasileira cresceu 15,1% em 2023, com um total de R$ 677,6 bilhões. O setor teve mais alta entre as atividades e refletiu diretamente no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, que aumentou 2,9% em relação ao ano anterior, com R$ 10,9 trilhões”.
A segurança alimentar é outro grande ponto de destaque para a importância da pecuária no país. A produção de alimentos como carne, leite, ovos e outros alimentos de origem animal são oriundos dessa atividade, ajudando a alimentar brasileiros e pessoas de diversos outros países.
Com uma pecuária bem desenvolvida e iniciativas voltadas para a sua promoção contínua, observam-se movimentos de desenvolvimento regional, com a interiorização da economia e manutenção do homem no campo.
A pecuária é uma atividade presente em diversas regiões do país, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social de áreas menos industrializadas. Ela também oferece a oportunidade de trabalho e renda no campo, ajudando a fixar a população rural e evitar o êxodo para as cidades.
Ao falar na importância da pecuária, não podemos deixar de mencionar a relevância na cadeia produtiva. A atividade está integrada a uma ampla cadeia, envolvendo desde fornecedores de insumos até indústrias de processamentos, transporte, comércio e serviços.
No Brasil, a pecuária é parte da identidade cultural de diversas regiões, com tradições e práticas que se mantêm ao longo de muitas gerações. Essas características fazem com que ela seja também um atrativo para o turismo rural, oferecendo aos visitantes a oportunidade de conhecer a vida no campo e o funcionamento do setor primário.
A importância da pecuária indica a necessidade de um desenvolvimento sustentável. A adoção de práticas responsáveis, como o manejo adequado do solo, a gestão de recursos hídricos e o uso de tecnologias limpas, é essencial para garantir a sustentabilidade da atividade e sua contribuição contínua para o desenvolvimento do país.
Quais os tipos de pecuária?
A pecuária pode ser classificada em três tipos considerando o sistema de criação: pecuária extensiva, intensiva e semi-intensiva. Conheça as características e diferenças de cada uma delas!
Pecuária extensiva
É o tipo de pecuária na qual ocorre criação de animais em grandes áreas de pastagem, com baixa densidade de animais por hectare e menor uso de tecnologias. Essa modalidade é mais comum em regiões com extensas áreas de terra e clima favorável à pastagem.
Pecuária intensiva
Nesta modalidade, ocorre a criação de animais em espaços menores, com alta densidade de animais por hectare e maior uso de tecnologias, como confinamento, ração balanceada e controle sanitário. É um tipo de pecuária que trabalha com foco na otimização da produção em menor espaço e tempo.
Pecuária semi-intensiva
A semi-intensiva, como o nome sugere, é um tipo intermediário, que combina algumas características da modalidade extensiva e da modalidade intensiva.
Em geral, ela inclui práticas nas quais os animais podem ter acesso a pastagens, como na pecuária extensiva. No entanto, eles também recebem cuidados sanitários e suplementação alimentar, assemelhando-se à modalidade intensiva.
Quais as modalidades de pecuária?
As modalidades de pecuária são estabelecidas segundo a finalidade da produção. No Brasil, temos cinco tipos principais: de corte, leiteria, de lã, de trabalho e de postura.
Pecuária de corte
A pecuária de corte é voltada para produção de carne. Entre as principais espécies criadas para corte estão os bovinos, suínos, ovinos e aves.
A carne bovina é a mais consumida no Brasil e no mundo, sendo utilizada em diversos pratos e cortes. A carne de frango, por sua vez, é uma das mais acessíveis, o que faz com que ela também tenha amplo consumo, inclusive em mercados internacionais.
Os suínos, além das carnes, são utilizados para a produção de outros produtos, como embutidos. No caso das carnes de ovinos e caprinos, como o cordeiro, o volume de produção e consumo é mais baixo, porém, ainda assim, eles têm participação importante no mercado.
Pecuária leiteira
Associada à produção de leite e derivados, incluindo produtos como queijo, iogurte e manteiga, a pecuária leiteira é expressiva no país. As principais espécies criadas para leite são os bovinos, ovinos e caprinos.
O leite de búfala (bubalinos) também está presente no mercado nacional, sendo usado para produção de queijos e produtos para um mercado mais exclusivo.
Pecuária de lã
A lã é um produto de grande valor comercial, por isso, a pecuária de lã é muito relevante em nosso mercado. Ela é utilizada na indústria têxtil para fabricação de roupas, cobertores e tapetes.
Pecuária de trabalho
A pecuária de trabalho usa a força animal na realização de atividades agrícolas como o transporte de cargas. Cavalos, bois, vacas, burros, mulas, equinos e bovinos são as criações mais comuns nesse contexto.
Avicultura de postura
Dedicada à criação de aves para a produção de ovos, a avicultura de postura utiliza principalmente as galinhas. Neste setor, há uma série de práticas de manejo que envolvem o controle da alimentação, da água, da iluminação, da temperatura e da saúde das aves, visando garantir a máxima produção de ovos com qualidade.
Além dessas modalidades, existem outras importantes como a apicultura, que se dedica a criação de abelhas para produção de mel, própolis e outros produtos apícolas. Temos também a equideocultura, voltada para a criação de equinos para esporte, lazer e reprodução.
Quais as práticas e técnicas de pecuária?
Tão importante quanto dominar questões conceituais é conhecer as diversas práticas e técnicas existentes. Isso auxiliará na identificação de oportunidades e na promoção de alimentos de qualidade, com eficiência, impactando positivamente o preço dos produtos e as ações de sustentabilidade.
Criação e manejo de animais
A criação e o manejo de animais são questões fundamentais na rotina de profissionais que atuam na pecuária, já que influenciam diretamente a saúde, o bem-estar e a produtividade do rebanho.
Inúmeras práticas e técnicas são empregadas para garantir o sucesso da produção, abrangendo desde a seleção genética até o manejo sanitário e nutricional. Entenda!
- Seleção genética — a genética consiste na escolha de animais com características desejáveis para a produção, incluindo questões como adaptabilidade ao clima, resistência a doenças e produtividade. Esses cuidados ajudam na segurança e produtividade da produção;
- Manejo reprodutivo — prática direcionada para a maximização da eficiência reprodutiva do rebanho, garantindo o nascimento de crias saudáveis e em quantidade adequada. Nele, realizadas ações de inseminação artificial, controle do ciclo reprodutivo, indução do cio, diagnóstico e acompanhamento da reprodução;
- Manejo sanitário — direcionado para a prevenção e controle de doenças por meio de ações de higiene, vacinação, vermifugação e monitoramento da saúde dos animais;
- Manejo ambiental — contempla todas as ações voltadas para a redução do impacto negativo da pecuária no meio ambiente, buscando a sustentabilidade por meio de práticas como a gestão de resíduos, gestão hídrica e recuperação de pastagens.
Adiante, detalharemos técnicas e práticas voltadas para a sanitização e genética, já que são duas técnicas de grande efeito na pecuária e na segurança alimentar e que costumam gerar dúvidas entre os produtores.
Os pecuaristas devem ter em mente a implementação de boas práticas e técnicas de forma integrada e eficiente. Elas contribuem para a saúde e o bem-estar dos animais, aumento da produtividade do rebanho, sustentabilidade da produção e ganho no valor bruto da produção agropecuária.
Alimentação animal
O manejo nutricional tem o objetivo de fornecer aos animais uma dieta balanceada e adequada às suas necessidades, garantindo o crescimento, a reprodução e a produção de leite ou carne.
Entre as principais práticas estão a formulação de dietas, com o cálculo das necessidades nutricionais dos animais e a elaboração de dietas que atendam a essas necessidades. Também podemos incluir a oferta de alimentos de qualidade, em quantidade e frequência adequadas.
Os pecuaristas também investem na observação do consumo de alimentos pelos animais para identificar possíveis problemas nutricionais. Em alguns casos, é necessário realizar a suplementação, orientada por veterinários, com o objetivo de fornecer vitaminas, minerais e outros nutrientes que possam estar deficientes na dieta.
Sanidade animal
O manejo sanitário reúne uma série de práticas e medidas voltadas para a prevenção, controle e erradicação de doenças nos rebanhos, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.
Boas práticas sanitárias também contribuem para a produtividade e qualidade dos produtos. Por isso, ela é considerada uma área essencial nas atividades agropecuárias à medida que as doenças podem causar grandes prejuízos econômicos e comprometer a sustentabilidade da produção.
Neste contexto, a vacinação é uma das principais ferramentas de prevenção de doenças na pecuária. Ela consiste na administração de antígenos (vírus ou bactérias atenuados, ou inativados) para estimular o sistema imunológico dos animais a produzir anticorpos, tornando-os resistentes às doenças.
Os pecuaristas devem seguir um calendário de vacinação específico para cada espécie e região, considerando as doenças mais prevalentes.
Outra prática que gera efeitos importantes é a vermifugação, que consiste no controle de parasitas internos (vermes) e externos (carrapatos, moscas, piolhos) que podem afetar a saúde e o desempenho dos animais. No entanto, a frequência da vermifugação varia de acordo com a região e o sistema de criação.
Além disso, o controle de vetores (insetos e outros animais que transmitem doenças) é importante para prevenir a disseminação de doenças. Algumas medidas incluem o uso de repelentes e inseticidas.
Para garantir proteção adequada, é necessário adotar práticas de higiene e sanitização das instalações e dos animais, já que isso previne a proliferação de agentes patogênicos.
Entre os principais cuidados nesse sentido estão a manutenção dos locais de criação, mantendo-os limpos e secos, removendo dejetos regularmente, desinfetando equipamentos e utensílios e fornecendo água limpa e fresca para os animais.
Genética e melhoramento animal
Como destacamos no tópico de criação e manejo de animais, a escolha de animais com características desejáveis ajuda a alcançar melhores resultados na criação. A seleção genética pode ser feita por métodos que incluem a seleção massal, individual, por progênie e via inseminação artificial e transferência de embriões.
Compreender a genética dos animais permite identificar os genes responsáveis por determinadas características e selecionar os animais com maior potencial genético para a produção.
A genética contribui para o aumento de produtividade, melhora na qualidade dos produtos, redução dos custos de produção, aumento da resistência a doenças e adaptação às condições de produção. Investir em boas práticas pode fazer toda a diferença na qualidade e resultados da gestão de um rebanho.
Como você pode ver, a pecuária é um setor que influencia fortemente a economia e na segurança alimentar no Brasil e no mundo. Para garantir bons resultados é necessário que o pecuarista tenha conhecimento em práticas de manejo e técnicas adequadas às demandas de sua produção.
A criação e o manejo dos animais, o manejo sanitário, a genética e o melhoramento animal são apenas alguns dos aspectos que demandam atenção e investimento por parte dos produtores.
Adotando práticas eficientes e sustentáveis, é possível promover um ambiente de trabalho eficiente, com produção alinhada com as expectativas do mercado, contribuindo para a segurança alimentar, desenvolvimento econômico e a preservação do meio ambiente.
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