O armazenamento de grãos tem um papel fundamental na logística do agronegócio brasileiro. Ainda assim, surpreendentemente, nem todos os produtores reconhecem a importância dessa etapa.
Quando não há uma estrutura mínima para uma gestão adequada desse processo, os agricultores enfrentam dificuldades para gerar oportunidades de negócio mais vantajosas ou preços mais atrativos. Então é necessário realizar a venda o mais rápido possível.
Isso porque a falta de armazenamento leva a um dilema: perder a produção ou comprometer a qualidade da commodity produzida. Como esse tema é muito importante, preparamos este artigo sobre os principais aspectos desse processo, os tipos, melhores práticas e desafios que não devem ser ignorados para o sucesso. Acompanhe!
O que é armazenamento de grãos?
É o processo de preservar cereais produzidos, como trigo, arroz, milho, soja, entre outros, a fim de garantir sua qualidade e integridade desde o momento da colheita até a comercialização. Para essa etapa, é preciso considerar os principais fatores:
- processo de higienização adequada;
- processo de secagem;
- aplicação de manejo integrado específico para pragas de grãos armazenados;
- programação da logística de carregamento e distribuição.
Saber como armazenar grãos, protegendo-os contra influências externas que possam comprometer sua integridade, é fundamental para assegurar os investimentos realizados ao longo de toda uma safra. Principalmente no Brasil, que se destaca como um dos maiores produtores mundiais de grãos em 2024.
Além disso, nosso país também mantém a liderança na exportação de soja, com 42%, seguido pelos Estados Unidos, com 31%, e a Argentina, com 7%, conforme relatado pelo portal do Exame Agro.
Qual a importância do armazenamento de grãos?
O armazenamento de grãos é vital para o produtor por garantir a qualidade e melhor fluxo na rede de distribuição até o consumidor final. Além disso, ele:
- reduz os gastos com transporte;
- protege contra a oferta excedente;
- assegura contra a depreciação;
- prolonga a validade dos grãos.
Onde é feita a armazenagem?
Atualmente no mercado, existem diversas maneiras de armazenar grãos. É fundamental conhecer seus tipos para saber como empregá-los. Veja abaixo.
Armazenamento em silos
São estruturas mais robustas e de melhor qualidade. Os principais tipos são:
- silos metálicos: recipientes verticais empregados para armazenar grãos, pós e outros materiais a granel. Amplamente encontrados em indústrias agrícolas, alimentícias e químicas, eles asseguram a preservação e a qualidade dos produtos estocados. Os melhores são os de aço inoxidável, conforme as normas ASTM A240 ou equivalentes;
- silo de espera: também conhecido como “silo pulmão”, este tipo de estrutura é utilizada como suporte durante a recepção dos grãos. Ela armazena os grãos limpos, mas úmidos, por algumas horas, até que sejam transferidos para o secador e atinjam a umidade adequada para o armazenamento;
- silo secador: é o silo destinado para promover a secagem dos grãos por meio do ar natural ou aquecido. É importante notar que esse processo é gradual e requer cuidado para evitar o aumento da umidade, pois isso pode levar ao aquecimento e à fermentação da massa de grãos, comprometendo sua qualidade;
- silo de concreto: são modelos construídos principalmente com concreto armado ou pré-moldado e são conhecidos por sua durabilidade e resistência para armazenamento de grandes quantidades;
- silo armazenador: os silos recebem os produtos limpos após a secagem em secadores e, quando necessário, são submetidos à aeração para garantir a uniformidade da umidade e o resfriamento da massa de grãos;
- silo de expedição: recebem os grãos dos silos armazenadores por meio de transportadores e os insumos são descarregados, por gravidade, sobre o veículo (como modal ferroviário ou caminhão);
- silos de bola: são fardos revestidos por plástico que comportam entre 200 e 600 kg, podendo ser transportado;
- baterias: é um conjunto de silos metálicos reunidos em uma central para recebimento e processamento.
- silo bolsa: também conhecidos como silos bag, eles são estruturas de armazenamento em formato de bolsas flexíveis que possibilitam guardar diversos tipos de grãos e silagem. No entanto, esse método é comumente empregado em culturas como milho, soja e arroz.
Inclusive, para obter a melhor qualidade desta última estrutura, utilizar uma lona ideal faz toda a diferença na durabilidade. Por isso, esteja sempre atento à procedência do material. Para ajudar nesse quesito, cabe dizer que há um modelo versátil que sugere a construção de silos com lona de forma prática e altamente eficiente: os vinisilos.
Armazéns
Eles têm muitas vantagens também, principalmente na redução de perdas. A escolha do melhor tipo deve avaliar tanto os seus investimentos quanto se você trabalha com ensacados ou a granel. Os principais modelos são:
- graneleiros: unidades que comportam grandes volumes de grãos. São estruturas horizontais em “W” ou em “V”. Além de serem de fácil construção, requerem menores investimentos em comparação aos silos;
- granelizados: são armazéns convencionais e a granel adaptados e com o fundo plano;
- de sacarias ou convencionais: são construídos com fundo plano e os grãos ficam estocados em blocos individuais. Podem ser estruturas metálicas, de alvenaria ou mistas. São ventiladas, iluminadas e impermeabilizadas;
- infláveis: estrutura construída em vinil que normalmente são montadas durante a safra ou situações de emergência;
- estruturais: não precisam de ventiladores, não expõem os grãos e geralmente são feitos de lona de vinil.
Galpões
O armazenamento de grãos em galpões ainda é uma prática comum no Brasil e no mundo.
Embora os silos citados ofereçam algumas vantagens, os galpões apresentam muitos outros benefícios. Eles são uma opção mais versátil, por poder armazenar diversos tipos de materiais, você tem a vantagem de ser construído conforme as suas necessidades, pois pode apresentar diversos tamanhos e também por sua facilidade de descarregamento.
Quais as melhores práticas de armazenamento de grãos?
Para que o armazenamento de grãos seja realizado de maneira eficaz, três pontos iniciais precisam ser considerados. Confira mais detalhes abaixo.
- teor de umidade: o percentual ideal deve ser entre 12 e 13% para evitar fermentação e ataques de fungos;
- aeração ideal: a estrutura precisa estar equipada com um sistema de aeração e ter uma taxa mínima de fluxo de ar específico de 0,05 m3 de ar por minuto a cada tonelada de grãos para armazéns verticais e de 0,1 m3 de ar por minuto para os horizontais;
- prevenção contra infestação de pragas de grãos armazenados: deve-se fazer o controle com métodos físicos (como temperatura, radiação e até utilização de pós-inertes), químicos (como aplicação de fosfinas, mediante a prescrição de um receituário agronômico) e aplicação de controle biológico. É importante utilizar esses métodos em conjunto para evitar problemas de resistência desses insetos.
Quais os riscos do armazenamento de grãos inadequado?
Insetos e fungos com suas micotoxinas, juntamente de infestações de roedores, têm causado perdas significativas aos produtores de grãos.
Inclusive, entre esses agentes, os insetos representam a principal causa de perdas durante o armazenamento dos grãos.
Conforme relatado pelo portal da Embrapa, a presença dessas pragas pode resultar em danos consideráveis, podendo alcançar entre 38% e 40% em culturas de grande importância para o país, como o milho, caso medidas preventivas e curativas não sejam implementadas.
Existem diversas espécies, porém, o gorgulho dos cereais (Rhyzopertha dominica), o gorgulho do arroz, o do milho (Sitophilus oryzae e S. zeamais) e a traça-dos-cereais (Sitotroga cerealella) são responsáveis pela maioria das perdas.
Isso acontece porque os grãos podem ser infestados durante o cultivo no campo e os insetos migram para os armazéns junto dos cereais após a colheita ou podem já estar presentes nos armazéns.
Como você viu neste artigo sobre o armazenamento de grãos, os principais tipos e os riscos, a seleção do modelo precisa ser adaptada às necessidades individuais de cada propriedade rural. Não se esqueça de que é necessário considerar cuidadosamente as características específicas de cada empreendimento ao avaliar as opções disponíveis.
Além da estocagem, é necessário cuidar do processo logístico dos seus grãos. Para entender mais sobre o assunto, confira as diferenças entre vinilona e cotonlona, e veja qual é melhor para os caminhões de transporte.