A agroenergia já é uma realidade no Brasil. Basta pesquisar sobre os produtos que ela gera e as suas fontes, nomes que têm se tornado cada vez mais conhecidos no mercado: biodiesel, etanol, biogás, biomassa, entre outros.
Neste post, vamos explicar melhor o conceito de agroenergia e o crescimento desse setor no Brasil, com foco no futuro. Abordaremos seus benefícios e desafios. Boa leitura!
O conceito de agroenergia
Em primeiro lugar, é importante entender bem o conceito: trata-se da produção de energia a partir de fontes orgânicas de origem não fóssil, como biogás, biodiesel, biomassa e outros derivados de resíduos florestais, agrícolas (gerados pelo trabalho no campo, por exemplo) e óleos.
Essas fontes são geradas pela biomassa produzida no processo de fotossíntese, que se transforma em energia. Dessa forma, é possível desenvolver diversos tipos de combustíveis por meio do trabalho com matéria orgânica.
A importância da agroenergia
A agroenergia é uma fonte de energia limpa e renovável, que tem um papel importante na redução das emissões de gases do efeito estufa. Afinal, os combustíveis fósseis são os principais poluentes, como é o caso do petróleo, do gás natural e do carvão.
Como o Brasil ocupa um destaque nesse setor, os investimentos também vão gerar emprego e renda para os trabalhadores do país. O potencial de exportação também é outro fator a se levar em conta.
A agroenergia no Brasil
O Brasil é uma das principais referências mundiais quando o assunto é agroenergia. Programas exclusivos para biocombustíveis como o etanol e o biodiesel atraem a atenção de outras nações por conta da possibilidade de gerar alternativas econômica e ecologicamente viáveis, de modo a reduzir o uso dos produtos fósseis.
Menos poluente e mais barata, a geração de energia com a utilização de produtos agrícolas já representa a segunda principal fonte de energia primária do país, de acordo com informações do governo federal.
Além disso, o consumo de álcool já supera o da gasolina, enquanto o biodiesel cresce a cada dia como uma alternativa relevante na matriz de combustíveis no país — principalmente por meio da mistura obrigatória com a gasolina.
Adicionalmente, em nosso país foi desenvolvido o Programa Nacional de Agroenergia (PNA), estabelecedor de normas para a produção de biocombustíveis em quatro principais fontes: biodiesel, etanol, florestas energéticas e resíduos agropecuários.
As vantagens da agroenergia
As principais vantagens desse modelo de energia são as seguintes:
- capacidade de renovação — as fontes de agroenergia são renováveis, o que significa que elas podem ser reabastecidas periodicamente. O mesmo não acontece com os combustíveis fósseis, por exemplo, que se exaurem após o uso. Portanto, a bioenergia garante o fornecimento de capacidade produtiva no futuro;
- eficiência operacional — a utilização de fontes renováveis pode ser uma iniciativa mais eficiente em relação ao uso dos meios tradicionais. Um exemplo de como isso ocorre é o funcionamento do biodiesel, que tem uma densidade maior que a da gasolina. Nesse sentido, uma quantidade menor do primeiro é necessária para gerar a mesma quantidade de energia da segunda;
- sustentabilidade — a agroenergia é, por definição, bem mais benéfica que os combustíveis fósseis. Afinal, geram menos gases de efeito estufa em relação aos combustíveis fósseis, o que garante a preservação do planeta por mais tempo;
- capacidade de reciclagem — a gestão adequada dos resíduos produzidos pelo agronegócio, como a compostagem de insumos orgânicos e a reciclagem de embalagens de agrotóxicos, contribui para a preservação ambiental e para a redução de custos para os produtores;
- desenvolvimento tecnológico do agronegócio — a pesquisa de fontes renováveis fomenta o desenvolvimento tecnológico no país. Quando a produção agrícola se moderniza, também há mais produtividade e redução de desperdícios, uma vez que o maquinário é capaz de utilizar melhor a água e aplicar defensivos agrícolas em áreas bem localizadas, por exemplo;
- entre outros benefícios.
O futuro da agroenergia no Brasil
Confira algumas práticas inovadoras que vão gerar o desenvolvimento da agroenergia no país!
Utilização de resíduos agrícolas
Os resíduos gerados pelo trabalho na agricultura, assim como na pecuária, são uma das principais fontes para a bioenergia no país. Esse processo já está a pleno vapor e tende a melhorar significativamente nos próximos anos.
Um exemplo de como isso acontece é o processo de biodigestão, quando resíduos vegetais e dejetos animais se transformam em biogás e biofertilizante. O biogás, inclusive, tem o potencial de gerar energia em caldeiras, além de servir como uma fonte renovável.
Integração de energia solar e eólica
A integração entre as fontes eólica e solar na matriz elétrica brasileira já é uma realidade. Isso ocorre principalmente por conta da competitividade dos seus parques nos leilões de energia.
Além disso, muitos consumidores têm optado por um modelo conhecido por geração distribuída — quando são instalados sistemas fotovoltaicos em residências e empresas.
Um desafio para o crescimento dessas duas fontes é que ambas são suscetíveis a fatores naturais, como a alteração da direção dos ventos e a insolação solar ao longo do ano. Também há a participação do ONS (Operador Nacional do Sistema), um órgão que define o intercâmbio das energias das usinas e as fontes que terão prioridade.
IA nos processos de agroenergia
A inteligência artificial (IA) é uma área da tecnologia que busca reproduzir o conhecimento humano, o que inclui o aprendizado, a compreensão de linguagem e o processo de tomada de decisão. Ela já chegou ao universo da agroenergia.
De acordo com um artigo de Maurício Antônio Lopes, pesquisador da Embrapa Agroenergia, esse órgão federal, além de universidades e empresas, estão desenvolvendo soluções de biorrefinaria para transformar biomassa e resíduos agrícolas industriais em bioprodutos e bioinsumos destinados a fomentar o uso de energias renováveis.
A novidade está na aplicação crescente da inteligência artificial, de modo a acelerar a descarbonização das indústrias química, de materiais e, é claro, energética. A tecnologia é capaz de trabalhar com grandes volumes de dados e algoritmos avançados para fortalecer a gestão de procedimentos e políticas rumo à sustentabilidade no agronegócio.
Geração de energia com base na economia circular
A geração de energia com base na economia circular é um modelo de produção e consumo que reaproveita resíduos. O assunto também entrou no radar do governo federal, com o desenvolvimento de uma Estratégia Nacional.
O próprio conceito de economia circular enfatiza a necessidade de reaproveitamento de materiais. Nesse caso, essa missão é aplicada para estimular o uso de fontes renováveis e o abandono progressivo de combustíveis fósseis, que não podem ser reutilizados.
Os desafios para o futuro da agroenergia no Brasil
O principal desafio é harmonizar as políticas agrícolas e energéticas, de modo a minimizar o conflito entre ambos os setores. Nesse sentido, os governantes têm a importante missão de conscientizar a sociedade para a necessidade desse trabalho conjunto.
A produção de agroenergia também exige ações sustentáveis. Ao serem descartados de qualquer forma no meio ambiente, os resíduos gerados pelo trabalho com biocombustíveis podem intoxicar a fauna e a flora locais, além de poluir a água.
Como vimos no artigo, a agroenergia é um tema promissor no Brasil. Afinal, o nosso agronegócio é um dos setores mais produtivos — e só ele já gera resíduos suficientes para fomentar fontes renováveis. Isso é importante para reforçar práticas sustentáveis e até mesmo para gerar emprego e renda.
Quer conferir outros conteúdos como este? Então, assine a nossa newsletter para não perder nada!