Se a expressão free flow deixa você com dúvidas mesmo quando descobre que tem a ver com um novo modelo de pedágio, não se preocupe, pois você não está sozinho nessa. Apesar de não ser uma novidade no mundo, esse conceito ainda não faz parte do dia a dia dos brasileiros – ou pelo menos não fazia.
Afinal, uma lei de 2021 está promovendo a adoção desse formato de controle e cobrança pelas estradas do país. Então, para não ser pego de surpresa e enquadrado por não cumprir essa legislação, é importante informar-se.
Por isso, confira este artigo e fique a par dos principais pontos!
O que é pedágio free flow?
Free flow é uma expressão em inglês que basicamente significa fluxo livre. A partir disso, fica fácil associar seu nome ao conceito, uma vez que se trata de um modelo de pedágio em que a passagem é livre.
Mas não se engane, a cobrança e seu pagamento não vão deixar de ocorrer. Apenas não há mais a necessidade de parar em praças físicas para realizar essas atividades. Outro diferencial está no custo, que é proporcional aos quilômetros rodados.
Condicionado ao que estabelece a Lei 14.157/21, esse formato que já existe em vários lugares do mundo, do Chile à China, cria uma nova maneira de as estradas administradas por concessionários funcionarem.
Como ele funciona na prática?
O valor no free flow adota o critério de proporcionalidade, limitando o custo pela distância percorrida. Para medir isso, são utilizadas tecnologias como câmeras, sensores e antenas localizadas em pórticos ou outros locais de controle, que leem tanto tags quanto placas.
Nesse cenário, desde o reconhecimento ótico de caracteres até a transmissão por radiofrequência são opções que se baseiam na em um Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos para funcionar.
Já o pagamento não é realizado nas praças de pedágio, podendo ocorrer de duas formas. A primeira, voltada para os veículos que possuem uma etiqueta eletrônica instalada, possibilita a cobrança direta via fatura da operadora do tag.
Por ser o ideal para as concessionárias, os descontos para estimular sua instalação vão de 5% a 70%, incluindo vantagens para carros leves que recebem reduções progressivas quando passarem mais de uma vez pelo mesmo lugar dentro do mês.
Aqueles que não optarem por aderir ao tag vão ter um trabalho extra. Mas nem por isso deixam de ser obrigados a pagar. Aliás, essa atitude será classificada como uma infração de trânsito, passível de multa e perda de pontos na carteira.
Para evitar esses problemas, carteiras digitais, WhatsApp, cartão de crédito, PIX, app, chatbot ou portal da administradora da rodovia são meios para quitar o valor devido em um prazo máximo de 15 dias corridos.
Como está sendo a implementação do primeiro pedágio free flow no Brasil?
Por se tratar de um processo complexo, que exige uma mudança nas estradas e a necessidade de adoção de meios de identificação dos veículos, a implementação do free flow no Brasil tende a ocorrer em etapas.
Desde 2012, são realizados testes nas rodovias Engenheiro Constâncio Cintra e Santos Dumont, no estado de São Paulo. Em 2013, foi a vez de a Governador Adhemar Pereira de Barros e Professor Zeferino, em 2014, serem usadas para tal análise.
Com a promulgação da Lei, o trecho Rio-Santos da BR-101, também conhecido como Presidente Dutra, passou a contar com o sistema em 3 pontos: km 538 em Paraty, km 447 em Mangaratiba e km 414 em Itaguaí, a partir de 30 de janeiro de 2023. Ainda, está prevista sua implantação na altura de Guarulhos, no ano de 2025.
Quais são os desafios para a implementação desse sistema?
Ainda que o free flow seja um modelo que se alinha ao momento de transformação digital pelo qual a sociedade está passando, a amplitude das mudanças necessárias e outras limitações tendem a contribuir para desacelerar sua implementação. Veja quais são esses desafios!
Limitações legais
O Código de Trânsito Brasileiro define a obrigatoriedade de os veículos contarem com dois itens de identificação: as placas e o número do chassi. Assim, legalmente tornar um dever de todas a instalação de qualquer equipamento para o controle e a cobrança de pedágios encontra uma barreira.
Barreiras tecnológicas
Em contraponto à questão legal, sistemas ópticos de leitura ou outras soluções que usam imagens para reconhecer placas podem não ser tão precisos ou sofrer com problemas, como barreiras visuais que impeçam seu funcionamento. Associado a isso, não há um Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos que liste todos os dados para consulta.
Dificuldades culturais e educacionais
Na prática, se depender da adesão voluntária, será preciso superar crenças culturais preestabelecidas para educar os motoristas e proprietários de veículos sobre a importância de utilizar meios de reconhecimento extras. Além disso, o free flow em si precisa ser visto como uma vantagem para ser bem aceito.
Quais são as vantagens desse sistema?
A construção de uma mentalidade positiva em relação ao free flow começa por mostrar para motoristas e empresas proprietárias de veículos as vantagens desse sistema. Descubra as principais a seguir!
Pagar só pelo que usar
Como o preço varia conforme a quilometragem percorrida, sendo calculado a partir de tarifas específicas para cada trecho, quem está na estrada só paga pelo que realmente usou. Ou seja, esse modelo é mais justo ao refletir o quanto cada veículo desgastou e aproveitou a rodovia.
Praticidade e agilidade
O atual modelo de pedágio, em que os motoristas precisam parar para pagar, cria lentidão nas estradas já cheias do Brasil. Removendo essas paradas, o trânsito deve fluir, reduzindo o tempo de viagem.
Economia que vira segurança
Enquanto a concessionária não precisa mais construir a infraestrutura da praça de pedágio, os transportadores passam a gastar menos com a manutenção para superar o desgaste causado pelas paradas constantes.
Se o primeiro se torna investimento para melhorar a condição das estradas brasileiras, o segundo diminui as chances de falha mecânica. Assim, ambos são uma garantia de segurança para quem dirige.
Como isso impacta na vida do motorista de caminhão?
Diante das vantagens, fica evidente que os motoristas e donos de caminhão têm muito a ganhar com isso. O free flow torna a vida na estrada prática e segura. Sem falar que seus custos são mais justos, refletindo a realidade de uma rota com pedágios.
Para tanto, é preciso adequar-se a esse modelo. A dica é ver se a rodovia em que você pretende trafegar já está usando esse formato, mesmo que de maneira opcional, e avaliar qual é o melhor caminho para usufruir dessa comodidade.
O free flow deve ser uma grande mudança no funcionamento das estradas brasileiras. Ainda que haja desafios para sua implementação, as vantagens mais que compensam o investimento para quem dirige, facilitando o fluxo rodoviário num país que depende desse modal.
Se saber mais sobre custos de transporte e locomoção nas estradas é algo de que você precisa, aproveite para conferir também o conteúdo O que é o vale-pedágio e como emiti-lo?