A aquicultura, quando praticada de forma responsável, contribui para a conservação dos recursos naturais e a segurança alimentar. A sardinha-de-água-doce, por ser uma espécie nativa de muitos ecossistemas, pode ser cultivada em sistemas integrados, promovendo a biodiversidade e reduzindo o impacto ambiental.
Essa espécie também apresenta um alto valor nutricional, sendo uma excelente fonte de proteínas e ácidos graxos. Somado a isso, seu potencial comercial é outro fator atrativo, principalmente com o crescimento da piscicultura.
Por isso, neste artigo vamos falar das características, da origem, dos requisitos para cultivo e dos desafios associados à criação dessa espécie, além de avaliar seus benefícios econômicos. Continue conosco e confira!
Características da sardinha-de-água-doce
A sardinha-de-água-doce (Triportheus spp) é uma espécie de pequeno porte, caracterizada por seu corpo alongado e prateado e suas escamas brilhantes, que lembram a sardinha marinha. Essa espécie pertence à família Characidae, a mesma de outros peixes populares como o lambari e o tambaqui.
Esses peixes são conhecidos por sua capacidade de adaptação a diferentes ambientes aquáticos, desde rios com correnteza moderada até lagos e reservatórios. Geralmente, têm comportamento gregário e são encontrados em cardumes, o que facilita sua criação em sistemas de piscicultura.
Além disso, apresentam crescimento rápido e alta taxa de reprodução, tornando-se atrativos para cultivo comercial.
Origem da sardinha-de-água-doce
Nativa de regiões tropicais e subtropicais, a sardinha-de-água-doce tem distribuição predominante na América do Sul. É comum em bacias hidrográficas como a do rio Amazonas, do rio Paraná e do rio São Francisco.
Sua abundância nos ecossistemas naturais despertou o interesse de pesquisadores e produtores em utilizá-la como uma espécie alternativa na piscicultura.
Por ser uma espécie adaptada a ambientes com condições climáticas semelhantes às brasileiras, a sardinha-de-água-doce é vista como uma opção promissora para a produção em larga escala. Isso é bastante válido em regiões onde o consumo de peixes de pequeno porte é expressivo.
Criação de sardinha-de-água-doce na piscicultura
A sardinha-de-água-doce é uma ótima opção de investimento por causa dos seus baixos custos de produção e alto potencial de mercado. Seu cultivo pode ser realizado tanto em sistemas intensivos, como tanques-rede, quanto em sistemas extensivos, como viveiros escavados.
O interesse por essa espécie também está ligado às tendências do mercado consumidor, que busca cada vez mais alimentos saudáveis, sustentáveis e acessíveis. Além disso, a sardinha-de-água-doce é valorizada por seu sabor e por ser rica em ômega-3, um ácido graxo essencial para a saúde humana.
Recursos para a criação de sardinha-de-água-doce
Para o cultivo da sardinha em cativeiro, alguns fatores críticos devem ser considerados, envolvendo estrutura, alimentação, qualidade da água e manejo adequado. É importante também realizar um planejamento financeiro detalhado e garantir o suporte técnico necessário para o sucesso da atividade.
Outro ponto relevante é a escolha do sistema de cultivo mais adequado às condições locais e ao objetivo do produtor. A seguir, veja algumas recomendações para o sucesso na atividade.
Estrutura
- Viveiros escavados — são ideais para sistemas extensivos, com áreas que variam entre 500 m² e 5.000 m². Esses viveiros devem ter drenagem eficiente e açudes que permitam o controle do volume de água;
- tanques-rede — indicados para sistemas intensivos em corpos d’água maiores, como lagos e reservatórios. Eles são confeccionados com malhas de rede que permitem boa circulação de água e evitam a fuga dos peixes.
Qualidade da água
A sardinha-de-água-doce necessita de parâmetros específicos de qualidade da água para seu crescimento e sua reprodução:
- temperatura — entre 22 °C e 28 °C;
- oxigênio dissolvido — níveis acima de 5 mg/L;
- pH — entre 6,5 e 8,0;
- transparência — deve-se evitar a turbidez excessiva, pois isso afeta a fotossíntese e a disponibilidade de oxigênio.
Alimentação
É uma espécie onívora, ou seja, se alimenta de algas, zooplâncton e rações formuladas. Em sistemas de cultivo, é fundamental oferecer uma dieta equilibrada que atenda às necessidades nutricionais da espécie, promovendo o crescimento e a saúde dos peixes.
Ciclo de produção
O ciclo de produção varia de acordo com as condições de manejo e o sistema utilizado. Em geral, o período de engorda dura entre 4 e 6 meses, dependendo do tamanho desejado para a comercialização. Durante esse tempo, é fundamental monitorar a densidade populacional para evitar o estresse e a competição por recursos.
Benefícios econômicos
A criação de sardinha em tanque apresenta elevado potencial de rentabilidade devido ao seu baixo custo de produção e alta demanda no mercado. Além disso, seu cultivo pode ser integrado a outras atividades piscícolas, otimizando o uso de recursos e aumentando a diversificação das fontes de renda.
Desafios na criação de sardinha-de-água-doce
Embora promissora, a criação de sardinha-de-água-doce enfrenta alguns desafios que precisam ser superados para garantir a sustentabilidade e a lucratividade da atividade. Destacamos alguns:
- manutenção da qualidade da água — controlar os parâmetros físico-químicos da água é indispensável, especialmente em sistemas intensivos, em que a densidade populacional é maior;
- controle de doenças — a concentração de peixes em viveiros ou tanques aumenta o risco de surtos de doenças, exigindo monitoramento constante e boas práticas de manejo sanitário;
- disponibilidade de alevinos — garantir o fornecimento de alevinos de qualidade pode ser um desafio, ainda mais em regiões onde a produção dessa espécie ainda é incipiente;
- capacitação técnica — muitos produtores carecem de conhecimentos técnicos adequados para conduzir o cultivo de forma eficiente, sendo necessário investir em treinamentos e assistência técnica;
- aceitação no mercado — embora a sardinha-de-água-doce tenha potencial, é preciso trabalhar estratégias de marketing para aumentar sua aceitação entre consumidores e consolidá-la como um produto competitivo.
Como você viu, a sardinha-de-água-doce representa uma oportunidade interessante para a piscicultura brasileira, já que combina benefícios econômicos e potencial de mercado. No entanto, para que seu cultivo seja bem-sucedido, é fundamental investir em infraestrutura adequada, boas práticas de manejo e capacitação técnica.
Superar os desafios relacionados à qualidade da água, controle de doenças e aceitação no mercado é indispensável para garantir a sustentabilidade da atividade. Com o devido planejamento e dedicação, a criação de sardinha-de-água-doce pode se consolidar como uma alternativa lucrativa e ambientalmente responsável no setor da aquicultura.
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