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10 medidas de biossegurança para a prevenção de doenças na aquicultura

Modificado em: outubro 25, 2024

Para evitar perdas econômicas, interrupções na produção, impactos ambientais e garantir uma aquicultura saudável e sustentável é fundamental realizar um estudo sobre todos os pontos críticos no processo de produção, medidas de prevenção e controle de doenças.

Uma das melhores formas de melhorar as boas práticas de manejo na aquicultura é por meio da adoção de técnicas preventivas de biossegurança. A biossegurança utiliza-se da implantação de diversas medidas físicas e de manejo a fim de diminuir os riscos de ocorrência de surtos de infestações de ecto e endo-parasitas e infecções nos animais aquáticos presentes no sistema da aquicultura.

Mas para usufruir os benefícios dessas técnicas é preciso entender quais são as medidas de biossegurança a serem adotadas para prevenir a entrada de parasitas e doenças em unidades de criação de organismos aquáticos, quais são os benefícios dessas medidas e os desafios a serem superados. 

Para te ajudar, apresentamos neste artigo informações importantes sobre a prevenção de parasitas e doenças na aquicultura, baseado na entrevista realizada com Marcelo Carrão Castagnolli, Mestre em Aquicultura pela UNESP e Gestor Comercial de Aquanegócios da Sansuy.

Importância da biossegurança na aquicultura

A biossegurança é essencial para garantir a sustentabilidade e a rentabilidade da aqüicultura. Seu objetivo principal é criar um ambiente de produção seguro e saudável, protegendo tanto os animais produzidos, priorizando também a saúde dos colaboradores e consumidores.

Ao utilizar as técnicas de biossegurança na aquicultura, o produtor evita a introdução e disseminação de parasitas e patógenos nos sistemas de criação, minimiza os riscos de poluição das águas, garante a segurança alimentar, previne a disseminação de zoonoses e evita perdas na produção decorrentes de surtos de doenças.

Prevenção de doenças na aquicultura

A ocorrência de infestações de parasitas e surtos de doenças pode resultar em grandes perdas financeiras, além de comprometer a segurança alimentar e reduz riscos ao meio ambiente. Por isso, a prevenção é um dos maiores desafios da aquicultura e empregar medidas funcionais é indispensável para garantir a saúde dos animais, a qualidade dos produtos e a viabilidade econômica do empreendimento.

Segundo Marcelo Carrão Castagnolli, “a adoção de um bem delineado e exequível plano de biossegurança minimiza a exposição e a susceptibilidade dos organismos aquáticos aos surtos de infestação de parasitas e infecções por patógenos, reduz perdas econômicas por mortalidades e ajuda a prevenir mortandades”.

Quando bem executadas, as medidas de biossegurança minimizam os riscos de ocorrência de surtos de infestações e infecções e previnem o surgimento de novas doenças em unidades de produção de organismos aquáticos reduzindo não só o risco de infestações parasitárias e animais doentes, como também evitam que as instalações fiquem infectadas e que estes agentes causais se espalhem para outros locais de produção ou para outras espécies nativas presentes nos corpos d’água adjacentes. 

Além disso, ao utilizar práticas de biossegurança corretamente há uma redução do estresse nos animais, o que os torna menos suscetíveis a doenças. Garantindo um ciclo produtivo saudável, o acesso a um produto de qualidade aos consumidores minimizando as perdas econômicas.

10 medidas de biossegurança na aquicultura

Marcelo Carrão Castagnolli cita que “as principais medidas de biossegurança podem ser resumidas em gestão animal, gestão de parasitas e patógenos e gestão de pessoas”. 

Para detalhar esse tema, preparamos uma lista com as principais medidas de biossegurança que podem ser adaptadas para prevenir infestações doenças na aquicultura conforme os parâmetros definidos por Castagnolli.

1. Controle de acesso

“Educar e gerenciar o acesso e as ações de colaboradores e visitantes” é uma das medidas de gestão de pessoas mais eficientes para reduzir os riscos de contaminação na visão de Marcelo Carrão Castagnolli.

Para realizar a gestão desse controle de acesso algumas medidas que podem ser adotadas são :

  • uso de cercas para evitar o acesso indiscriminado de veículos, pessoas e animais à infraestrutura física do local de produção;
  • desinfecção de veículos, pessoas e equipamentos;
  • controle do acesso de pessoas nas áreas de produção, laboratórios, locais de armazenamento de alimentos e outras áreas críticas;
  • instruções para correta higiene pessoal dos colaboradores e visitantes;
  • fornecimento de EPIs ( tais como botas, luvas e roupas de proteção ) para colaboradores e visitantes;
  • instalação de telas anti pássaro para impedir o acesso de aves piscívoras e mamíferos voadores;
  • instalação de telas e cercamento para impedir o acesso de animais terrestres à infraestrutura dedicada à produção de organismos aquáticos.

2. Biossegurança física

A biossegurança física refere-se a todas as medidas estruturais e de controle de acesso aplicadas nas instalações de aquicultura para impedir a entrada e a disseminação de patógenos, bem como para proteger o ambiente aquático e a produção aquícola. 

Essas medidas visam isolar, monitorar e controlar fatores externos que podem comprometer a saúde dos organismos aquáticos e a sustentabilidade do sistema de produção.

Algumas das principais medidas de biossegurança física que podem ser realizadas são: 

  • controle de acesso ( já abordado anteriormente );
  • instalação de barreiras físicas como redes de proteção, cercas e telas;
  • quarentena para a introdução novos organismos aquáticos em áreas de manutenção e observação separadas da infraestrutura de produção;
  • filtragem e tratamento de água;
  • sistemas de desinfecção, como rodolúvios e pedilúvios.

Para Marcelo Carrão Castagnolli, a melhor forma de conseguir uma biossegurança eficaz é mediante a elaboração de um plano que contenha informações atualizadas sobre perdas e mortalidades observadas e a utilização de drogas, medicamentos e produtos químicos no combate e tratamento de infestações e infecções.

Ele ainda afirma que “a avaliação contínua e revisões periódicas no plano de biossegurança é de suma importância. Além disso, recomenda-se executar estes procedimentos pelo menos uma vez ao ano para verificação da eficácia, atualizações, modernizações em conformidade com a legislação local, estadual e federal”.

Por fim, Castagnólle ressalta que “todas as pessoas envolvidas no manejo e nas atividades diárias em uma unidade de produção de organismos aquáticos devem ter ciência do plano de biossegurança e reconhecer os procedimentos específicos e em vigor”. 

3. Protocolos de higienização

Os tanques e equipamentos utilizados na aquicultura devem ter protocolos de limpeza e higienização bem definidos para evitar a presença de parasitas, fungos e bactérias, a fim de garantir a qualidade de vida dos animais da criação e reduzir os riscos de infestações e doenças.

O ideal é que os materiais, apetrechos e roupas de trabalho ( baldes, puçá, redes etc. ) utilizados na limpeza sejam próprios e não tragam impregnações e contaminações de outros ambientes.

4. Monitoramento sanitário

O monitoramento sanitário é uma das principais práticas de biossegurança na aquicultura, sendo responsável pela detecção precoce de ocorrência de parasitoses e doenças, na gestão de riscos sanitários e na manutenção da saúde dos organismos aquáticos. 

Essa prática envolve a vigilância constante e sistemática dos organismos aquáticos alojados, monitoramento dos parâmetros indicativos da qualidade da água e das instalações de produção, visando garantir que as condições ideais e as boas práticas de manejo sejam aplicadas e mantidas e, que eventuais problemas sejam identificados rapidamente para evitar maiores impactos.

Algumas das medidas de monitoramento sanitário que Castagnolli destaca são: “exames periódicos dos organismos aquáticos e dos colaboradores, monitoramento constante e diário dos parâmetros indicativos da qualidade da água, inspeção regular das instalações e da infraestrutura, verificação da data de validade dos alimentos e suplementos alimentares, e o registro do uso de drogas, medicamentos e produtos químicos”.

5. Educação e treinamento

A educação e o treinamento constante de todos os envolvidos na aquicultura ajuda a compreensão dos colaboradores e na aplicação correta das práticas de prevenção de infestações, de doenças e contaminações conforme abordado acima.

Para isso, é necessário capacitar os colaboradores para que eles consigam identificar sinais de infestações e de doenças, realizar procedimentos de higienização, desinfestação e desinfecção seguindo criteriosamente os protocolos sanitários. 

6. Quarentena

Animais recém-chegados e que estejam ou não com suspeita de infestação e infecção por agentes causais de doenças devem ser mantidos em quarentena em locais planejados e construídos para o isolamento da infraestrutura de produção e dos demais organismos aquáticos e não devem compartilhar o mesmo destino da água de escoamento dos aquários, tanques e viveiros de produção.

Essa medida é importante para evitar a contaminação da infraestrutura da granja aquática e que outros animais sejam infestados ou infectados nos criadouros. Dessa forma, a atividade permanece saudável e não há perdas com impacto econômico na produção.

7. Qualidade da água

A qualidade da água é de suma importância para a minimização dos estresse e da saúde dos organismos aquáticos e para a prevenção de doenças e infestações parasitárias. Por isso, é preciso monitorar parâmetros como alcalinidade total, dureza total, pH, temperatura, teor de gás carbônico e oxigênio dissolvidos na água, entre outros, e ajustá-los quando for necessário para garantir que o local esteja adequado para a manutenção da saúde dos organismos aquáticos.

Uma forma de manter a qualidade da água na aquicultura é utilizando aeradores para piscicultura, que aumentam o teor de oxigênio dissolvido e atuam na redução dos teores de gás carbônico presentes na água de tanques e viveiros destinados à produção de organismos aquáticos.

8. Desinfecção

Limpeza e desinfecção são medidas de prevenção e biossegurança que têm como objetivo eliminar parasitas e patógenos e prevenir a disseminação de infestações e doenças entre os organismos aquáticos. 

Este processo envolve a limpeza de veículos, tubulações, equipamentos, viveiros, tanques, aquários, redes, puçás e ferramentas, ou seja, de qualquer superfície que entre em contato com os organismos aquáticos ou com a água do sistema de produção. Além disso, sistemas de desinfecção, como rodolúvios e pedilúvios, podem ser instalados.

A desinfecção adequada, quando realizada regularmente, reduz significativamente os riscos de introdução e ou propagação de parasitas ou doenças contribuindo para um ambiente saudável atuando de forma efetiva na prevenção de infestações e doenças.

9. Manejo adequado de alimentos e rações

O manejo adequado de alimentos, suplementos e rações é fundamental para a manutenção da saúde e da nutrição dos organismos aquáticos propiciando um crescimento adequado.

Para minimizar os riscos de contaminação por patógenos, as rações devem ser armazenadas em locais secos e protegido do acesso de roedores e as datas de validade devem ser sempre verificadas para evitar o uso de produtos vencidos.

Além disso, é importante que a oferta e distribuição das rações e alimentos sejam feitas criteriosamente, seguindo as orientações e as quantidades adequadas para as necessidades dos animais, a fim de evitar o comprometimento da qualidade da água com possíveis sobras e resíduos.

10. Gestão de resíduos

Por fim, a gestão correta para o tratamento da água efluente e dos resíduos deve ser realizada no manejo de dejetos orgânicos, restos de ração, materiais biológicos e resíduos químicos gerados durante o ciclo de produção.

A implementação de sistemas eficientes para a coleta, tratamento e descarte desses resíduos é importante para evitar a contaminação do meio ambiente – água, solo, subsolo e lençol freático em áreas adjacentes, bem como a disseminação de parasitas e patógenos.

Benefícios da adoção de medidas de biossegurança

Marcelo Carrão Castagnolli afirma que “as boas práticas de manejo e de biossegurança reduzirão o risco de perdas catastróficas por surtos de infestações e doenças infecciosas e também de perdas de baixo impacto econômico que, ao longo do tempo podem afetar os resultados financeiros do empreendimento”.

Podemos citar ainda entre os diversos benefícios dessa medida :

  • prevenção de doenças: a implementação de medidas de biossegurança, como a desinfestação e desinfecção adequada dos equipamentos, a seleção de espécies resistentes a doenças e o isolamento de indivíduos infectados, ajuda na prevenção de doenças;
  • segurança alimentar: ao garantir a sanidade do ambiente de produção e livre de contaminantes, parasitas e patógenos, a qualidade dos alimentos produzidos na granja aquícola é preservada;
  • sustentabilidade ambiental: a biossegurança promove práticas mais sustentáveis, como o manejo adequado dos resíduos e o uso consciente de recursos naturais, reduzindo o impacto ambiental da atividade;
  • controle de vetores e pragas: insetos, anfíbios, aves, répteis e mamíferos podem transportar parasitas e patógenos para as áreas de criação de organismos aquáticos, podendo também colocar em risco a saúde dos animais alojados, dos colaboradores e consumidores da carne do pescado. Medidas como a instalação de barreiras físicas e o monitoramento constante das áreas de produção são essenciais.

Desafios da implementação da biossegurança

Marcelo Carrão Castagnolli acredita que “a desinformação seja o maior desafio enfrentado para a adoção de medidas de biossegurança em unidades de produção de organismos aquáticos”.

A desinformação realmente é um desafio significativo, pois a falta de conhecimento adequado sobre práticas e protocolos de biossegurança pode levar à aplicação inadequada de medidas preventivas e curativas. 

Quando os profissionais da aquicultura não estão bem informados sobre as melhores práticas de biossegurança, eles podem aplicar procedimentos inadequadamente, reduzindo a eficácia das medidas de prevenção.

Para superar esses obstáculos é necessário um esforço contínuo em educação, treinamento e investimento em tecnologias adequadas por parte das empresas que realizam a aquicultura.

Esperamos que estas dicas auxiliem você a trabalhar na prevenção de doenças na aquicultura. Se você não sabe por onde começar e quer garantir a qualidade na produção, vale a pena saber mais sobre a sanidade na aquicultura. Confira o nosso artigo sobre o assunto.

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