Na agronomia, diversas práticas atendem às principais necessidades de famílias e pequenos produtores. Nesse contexto, o ideal é adotar formas sustentáveis que não impactem negativamente o solo e o meio ambiente, pois isso também influencia a credibilidade que a sua propriedade tem. É nesse ponto que a policultura ganha destaque.
Com essa prática, há vários benefícios para o solo e para o ambiente em geral, já que a diversificação da produção reduz a necessidade de consumo de nutrientes.
Neste material, além de entender mais sobre o conceito de policultura, você esclarecerá dúvidas sobre as principais técnicas e os benefícios que essa prática oferece. Continue a leitura e saiba mais!
Conceito de policultura
A policultura, como o próprio nome indica, é a prática de cultivar mais de uma espécie em sua plantação. Dessa forma, você diversifica a produção, evitando se concentrar em uma única cultura e podendo alcançar um mercado mais amplo ou até mesmo atender ao consumo próprio.
Vale destacar que esse tipo de produção é mais comum em pequenas propriedades, mas oferece ganhos significativos, especialmente para quem está começando na área.
Policultura x monocultura
O próprio nome já sugere a diferença entre policultura e monocultura. A monocultura se refere ao cultivo de apenas uma cultura, sendo mais comum em grandes propriedades.
A plantação de soja em algumas regiões do Brasil costuma ser o único cultivo pelos proprietários, e esse tipo de cultura vem crescendo a cada ano, por exemplo. Para se ter uma ideia, mesmo com a seca que afeta muitas regiões do país, o crescimento deve ser de 14% nos primeiros 8 meses de 2024.
Já a policultura é mais comum entre pequenos produtores. Como mencionado, trata-se de uma estratégia que envolve o cultivo de mais de uma cultura, trazendo diversos benefícios econômicos (para a gestão do negócio) e impactos ambientais positivos.
Benefícios da policultura
Agora, é importante entendermos quais são alguns dos principais benefícios da policultura para o produtor e também para a agricultura. Confira!
Diversificação de culturas
O primeiro benefício está relacionado à diversificação de culturas. Dessa forma, há melhorias no solo e um impacto positivo na lucratividade do negócio. É importante considerar que, caso haja um declínio nas vendas de uma das culturas, há a possibilidade de investir na comercialização da outra, o que ajuda a reduzir as perdas financeiras.
Ao tratar uma propriedade como uma empresa como qualquer outra, as chances de alcançar os resultados esperados aumentam consideravelmente. Assim, o produtor pode definir metas e traçar estratégias para alcançá-las, tendo a policultura como uma das principais abordagens.
Redução de pragas e doenças
O que pouca gente sabe é que a diversificação de culturas traz ganhos também para o controle de pragas e doenças. A lógica é simples: a partir do momento em que você conta com um ecossistema mais amplo, consequentemente vai haver uma barreira natural para espécies que não se alimentam delas.
Quando há apenas uma cultura, caso haja qualquer tipo de praga, elas se propagam de forma muito rápida. Dessa forma, os prejuízos são grandes, além de impactar em acordos previamente firmados com os clientes.
Melhoria da qualidade do solo
Quando há o investimento em apenas uma cultura, o solo fica esgotado e pode trazer prejuízos até mesmo para o ciclo da água no local. Afinal, são sempre os mesmos nutrientes que elas absorvem.
Com a diversificação, haverá impactos diferentes, pois cada cultura necessita de nutrientes diferentes. Ou seja, solos mais produtivos representam mais chances de haver melhorias dos produtos que são entregues aos seus clientes e parceiros.
Redução de riscos
Esse tópico está diretamente ligado com os anteriores. A partir do momento em que a produção conta com um solo melhor e mais nutritivo, há o controle de pragas e ainda há mais oportunidades de vendas (especialmente para casos sazonais), naturalmente os riscos de haver perdas são muito menores.
Deve-se destacar ainda que há espécies que se adaptam melhor a períodos de seca, enquanto outras não conseguem manter o crescimento saudável com umidade muito alta. Com isso, você vai poder investir naquela que melhor é influenciada pelo clima daquele período.
Segurança alimentar
A discussão sobre segurança alimentar tem ganhado cada vez mais destaque nos últimos anos, principalmente devido à crescente preocupação por parte de associações não governamentais e à sua inclusão na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Quando diferentes culturas são produzidas em uma mesma área, ocorre um empoderamento econômico e um incentivo à agricultura local.
Consequentemente, a economia regional é estimulada, proporcionando maior controle sobre a segurança alimentar. Isso, por sua vez, reduz a dependência de importações e de grandes propriedades em relação à distribuição de alimentos.
Desafios relacionados à policultura
Existem alguns desafios que podem ser destacados quando mencionamos a policultura no Brasil. Entre eles, destacamos alguns dos principais. Confira!
Escassez de mão de obra qualificada
A falta de mão de obra qualificada pode afetar diversas áreas dentro de uma produção agrícola. No caso da policultura, esse é um dos fatores que mais impacta, já que é necessário garantir uma implementação adequada e assegurar que o transporte e a logística atendam à demanda que chegará à sua propriedade.
Lembre-se de que, quanto mais você investir, maior será o alcance. Isso também exige um estudo detalhado do mercado e o acompanhamento contínuo de relatórios para preparar as demandas ao longo dos meses.
Custos iniciais elevados
Para quem está começando na área, o custo inicial pode ser um desafio. Como há mais de um tipo de plantação, o investimento costuma ser maior que o normal.
Haverá mais gastos com infraestrutura, logística e também com insumos para iniciar o processo. Consequentemente, um pequeno produtor iniciando suas atividades pode não ter o capital necessário para cobrir todos esses custos, o que torna necessário dividir o projeto em etapas para alcançar os resultados esperados.
Práticas de policultura
Existem diferentes práticas de policultura e a escolha vai depender de quais são os seus objetivos enquanto produtor. A partir do momento em que se ver como um empreendedor e que conta com metas a serem alcançadas, você contará com uma melhor definição sobre onde quer chegar e o que precisa para alcançar esse resultado. Assim, a escolha da prática mais adequada de policultura fica mais simples.
A seguir, explicamos alguns exemplos.
Consorciação de culturas
Para quem está começando na policultura, a consorciação pode ser uma das práticas mais recomendadas. Nessa técnica, você escolhe espécies que se complementam, ou seja, que têm necessidades semelhantes, o que ajuda a reduzir os investimentos nesse aspecto.
Um exemplo comum é a plantação de milho, feijão e abóbora, já que essas culturas oferecem suporte umas às outras, seja para o crescimento, seja no fornecimento dos nutrientes necessários para o desenvolvimento.
Outro exemplo é a plantação de café e banana, pois a bananeira oferece sombra para que o café não seja tão afetado pelas altas temperaturas, além de ambas as espécies terem necessidades semelhantes no uso do solo.
Rotação de cultura
Diferentemente da consorciação, a rotação de culturas não envolve o plantio de diferentes espécies ao mesmo tempo, mas sim em ciclos. Essa técnica é bastante vantajosa para espécies que se desenvolvem melhor em períodos sazonais. Dessa forma, você pode encerrar o plantio de uma cultura e iniciar o de outra, garantindo lucratividade ao longo do ano.
Os benefícios de empregar essa estratégia são muitos e se assemelham aos da policultura de maneira geral, como já mencionamos. Com a rotação de culturas, você pode garantir uma lavoura mais rentável e ainda viabilizar o sistema de plantio direto.
Agrofloresta
A lógica da agrofloresta é bastante semelhante à consorciação de culturas. Nesse sistema, você planta diferentes árvores e plantas com tamanhos e ciclos de vida variados. A organização dessas espécies ao longo do terreno, assim como suas necessidades de nutrientes do solo, são complementares, de modo que uma planta traz benefícios para a outra.
Hortas comunitárias ou familiares
Esse caso é muito comum para pequenas propriedades. Hortas comunitárias ou familiares também são mais propensas à subsistência familiar. Ou seja, o plantio para atender às necessidades da própria família.
Policultura no Brasil
A policultura no Brasil é uma prática que vem em contínuo crescimento. Para se ter uma ideia, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o número de propriedades que praticam a técnica aumentou de 3,6 milhões em 2006 para 3,9 milhões em 2020.
Levando em consideração que abrange especialmente pequenos produtores, trata-se de um desenvolvimento considerável e que impacta diretamente as economias locais, principalmente quando consideramos que há mais diversificação de rendas e possibilidades de investimento por parte de empreendedores.
Neste material, você pôde entender mais detalhes a respeito da policultura, seus avanços e benefícios. Como vimos, trata-se de uma prática que traz mais rentabilidade e contribui diretamente para impactos ambientais positivos e menos degradação do solo, o que possibilita mais sustentabilidade para o estabelecimento rural. Além, claro, de tornar os produtores agentes de transformação em suas próprias comunidades, trazendo mais empoderamento.
Se você deseja saber ainda sobre diversificação de culturas, continue em nosso blog e confira outro material que elaboramos!