Bacalhau da Amazônia é um dos apelidos do pirarucu, uma espécie de grande porte que oferece uma excelente oportunidade para os produtores que querem investir na piscicultura. Entretanto, para desfrutar das vantagens que esse peixe pode oferecer, é preciso conhecer bem suas características.
Pensando nisso, neste post, vamos mostrar alguns detalhes do pirarucu e das possibilidades de criação: alimentação, cenário produtivo no Brasil e outros cuidados importantes para quem quer aproveitar essa oportunidade.
Continue conosco e boa leitura.
A definição de pirarucu
Também conhecido como arapaima ou arapaima gigas (seu nome científico), o pirarucu é um peixe que naturalmente é encontrado em rios, lagos e pântanos na bacia amazônica. Por isso, ele pode ser considerado o “bacalhau da Amazônia”, já que esse é o principal local onde a espécie vive e porque seu sabor e corte são similares ao da espécie normalmente consumida no período da Páscoa.
Por ser uma espécie do topo da cadeia alimentar, o pirarucu normalmente tem uma alimentação bem variada — ele come outros peixes, caramujos, plantas e até mesmo cobras e tartarugas. Quando adulto, não é incomum que ele atinja (ou ultrapasse) os 2 metros de comprimento e pese mais de 200 quilos.
Por todo esse tamanho, o pirarucu é o maior peixe de escamas de água doce do mundo. Tecnicamente, alguns deles têm potencial de atingir até 4,5 metros de comprimento, mas isso tem sido cada vez mais raro. Isso porque essa espécie está ameaçada de extinção.
A criação privada tem sido cada vez mais incentivada, fazendo do pirarucu uma das principais espécies de peixe para quem quer investir ou enriquecer suas práticas de piscicultura.
A importância para o ecossistema
O pirarucu é uma das espécies de peixes que estão no topo da cadeia alimentar. Por isso, exerce importante função ecológica dentro do ecossistema, por meio da matéria e da energia que são transferidas quando seres vivos se alimentam uns dos outros.
As características do pirarucu
Em relação às suas características físicas, os pirarucus têm a cabeça geralmente afunilada, com um tom de verde-cobre. Suas bocas são voltadas para cima e seus corpos são aerodinâmicos e repletos de escamas, com uma coloração preta com centro branco.
O pirarucu tem uma barbatana dorsal que percorre as suas costas e chega até a cauda, que é grande e de tom avermelhado. Não à toa, seu nome foi retirado da língua tupi e pode ser traduzido como “peixe vermelho”.
Uma curiosidade é que o pirarucu macho adquire uma coloração mais avermelhada, em seu flanco, durante o ciclo reprodutivo. Já as fêmeas ganham um tom castanho.
Outro ponto que chama a atenção é que os pirarucus só respiram fora d’água: aí, eles vêm à superfície em intervalos de 10 a 20 minutos. Quando ele está próximo de fazer isso, é comum que o peixe já permaneça junto à superfície antes de subir definitivamente.
Esse movimento só é possível porque o pirarucu tem uma bexiga natatória que se abre em sua barriga e atua como uma espécie de pulmão. Os pescadores da bacia amazônica conhecem bem o ruído que essa espécie faz quando está próxima da superfície: um ruído alto de respiração, similar a uma tosse, que pode ser ouvido até de longe.
A produção do pirarucu
Para iniciar uma criação bem-sucedida, é muito importante que o piscicultor adquira pirarucus juvenis de produtores idôneos, que tenham credenciamento legal para essa atividade e sejam reconhecidos no mercado.
Dessa forma, o produtor adquire matrizes de peixes de boa procedência, o que aumenta as chances de uma produção de qualidade. Vamos conhecer outras características relevantes para a criação do pirarucu.
Taxa de crescimento
A taxa de crescimento dessa espécie é alta — um pirarucu pode atingir e ultrapassar os 50 kg em 4 ou 5 anos. A velocidade dessa evolução é influenciada pelo nível da alimentação e a temperatura da água, por exemplo.
Reprodução
O pirarucu geralmente se reproduz em épocas de cheias, quando há uma concentração de oxigênio na água e há um aumento da disponibilidade de alimentos para os filhotes.
Após a desova, os filhotes são protegidos e alimentados pelos pais. Um detalhe é que os machos costumam construir ninhos na margem da água ou em áreas de corredeiras.
Instalações adequadas para a criação
As instalações para uma criação de pirarucu incluem principalmente os tanques (escavados e circulares, por exemplo) ou viveiros que proporcionem um ambiente confortável e seguro para os peixes.
Mais um detalhe importante é a temperatura: essa espécie prefere temperaturas entre 22 e 30 °C. O espaço é outro dos principais critérios que todo produtor deve ter em mente. Afinal, é necessário fornecer um ambiente adequado para que os peixes possam se movimentar e se desenvolver naturalmente.
Além disso, as instalações devem ser construídas de acordo com as normas e regulamentos locais e nacionais, garantindo a segurança e bem-estar dos peixes e do meio ambiente.
Água de qualidade para a manutenção da saúde
Prestar atenção à qualidade da água é fundamental para que os pirarucus se mantenham saudáveis. Por isso, o produtor precisa se certificar de que ela está livre de contaminações e que tenha níveis adequados de pH, oxigênio, temperatura, entre outros.
A alimentação do pirarucu
Os pirarucus se alimentam principalmente de outros peixes, mas também comem algas, inseto, moluscos e crustáceos. Esse gigante usa uma estratégia conhecida por “sucção”: ele abre a boca e gera um vácuo, sugando todos os alimentos próximos.
Para os produtores, o ideal é oferecer uma alimentação balanceada e rica em proteínas, por meio de camarões, insetos e outros peixes. Outra preocupação é a variedade da dieta, já que isso garante os nutrientes necessários para o desenvolvimento do pirarucu.
Os cuidados a serem tomados
Os cuidados para uma criação bem-sucedida são os seguintes:
- priorize tanques escavados ou circulares, as melhores estruturas para a criação do pirarucu. Isso porque ele pode ser abastecido por água, que vem de um canal feito com um tubo de PVC, com a vazão totalmente controlada pelo produtor;
- assim que ele alcançar ao menos 1 kg, transfira o pirarucu para o tanque de engorda. O ideal é que permaneçam nele por um ano;
- mantenha uma densidade de 10 m² por cada peixe assim que eles alcançarem o peso de 1 kg;
- a alimentação pode ser natural (tilápias, lambaris e forrageiras), mas o arraçoamento deve ser cuidadoso para garantir uma boa produtividade;
Como você viu no artigo, o pirarucu é uma espécie que deve estar no radar de profissionais envolvidos com a aquicultura e piscicultura. O peixe tem uma excelente aceitação entre os consumidores brasileiros, além da possibilidade de exportação.
Continue aprendendo sobre esse mercado dinâmico: conheça as melhores espécies de peixe para a piscicultura brasileira!