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Piracema: qual a importância desse fenômeno natural para o ecossistema?

Modificado em: novembro 4, 2024

A piracema é um fenômeno natural que ocorre todos os anos, sendo fundamental para o ciclo de vida dos peixes e para garantir o equilíbrio dos ecossistemas aquáticos.

Se você é do ramo da piscicultura, com certeza já ouviu falar dela. Mas você sabe qual é sua importância para o ecossistema? Quais impactos isso tem na produção de peixes e quais são as leis e normas envolvidas?

Continue conosco neste conteúdo, pois explicaremos o que é a piracema, como ela acontece, onde e quando pode ocorrer, quais são as regulações relacionadas e o que fazer durante esse período. 

O que é piracema?

A palavra “piracema” tem origem no tupi-guarani, e significa “subida dos peixes”, onde “pira” se refere a “peixe” e “cema” a “subida”. Esse fenômeno ocorre quando os peixes nadam em cardumes para desovar e se reproduzir.

O esforço realizado pelas espécies ao nadar contra a corrente e fatores ambientais como chuva e temperatura estimulam a produção de hormônios nos peixes, deixando-os mais preparados para a reprodução.

Como acontece?

A piracema ocorre principalmente em águas doces, como rios e lagos. Durante esse período, os peixes nadam contra a correnteza em busca de um local adequado para desovar e superam obstáculos como corredeiras, cachoeiras, barragens e represas.

Ela geralmente acontece no início das chuvas, quando os níveis dos rios e lagos ficam mais elevados e as temperaturas das águas ficam alteradas. Essas mudanças são uma espécie de aviso para os peixes de que é o momento de iniciar a sua migração.

Ao realizar a piracema, as fêmeas liberam seus óvulos na água, e os machos, por sua vez, liberam os espermatozoides, fertilizando os óvulos de maneira externa. Esse processo de fecundação acontece na correnteza e os ovos fertilizados são carregados pelas águas até áreas mais calmas.

Quando os ovos eclodem, os alevinos (filhotes de peixe) nascem e começam a se desenvolver nessas águas mais tranquilas, onde há maior disponibilidade de alimento e menor risco de serem predados.

Por fim, à medida que crescem, esses filhotes retornam ao rio principal e completam seu ciclo de vida, repetindo o processo de migração na fase adulta.

Quando e onde pode ocorrer?

Conforme mencionado, a piracema ocorre nos períodos de chuvas — também chamado de períodos de águas altas —, que variam de uma região para outra. Portanto, quando as chuvas aumentam o nível dos rios e lagos, a subida dos peixes começa.

De modo geral, a piracema pode ocorrer em praticamente todo o Brasil, em ambientes de água doce (como rios e lagos) e o período depende de cada estado. 

Por exemplo, entre novembro e fevereiro a piracema ocorre em Goiás, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. No Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso, o período varia de outubro a janeiro. Já em Roraima, ela se inicia em março e término em junho.

No entanto, a construção de barragens ou mudanças climáticas extremas impactam diretamente na piracema. Nesses casos, a migração dos peixes pode ocorrer a qualquer momento.

Qual a importância da piracema?

A piracema é de extrema importância nos ecossistemas aquáticos, pois é fundamental para o ciclo de vida dos peixes, além de contribuir diretamente para a preservação da biodiversidade e para o equilíbrio ecológico dos rios e lagos.

Quando esse fenômeno é interrompido, a reprodução é altamente prejudicada. Peixes como o tambaqui, dourado e pintado estão entre as espécies migratórias que, sem a piracema, poderiam sofrer grandes perdas populacionais.

Esse fenômeno migratório garante que diversas espécies de peixes possam se reproduzir em ambientes seguros e adequados, permitindo a continuidade da vida aquática e a manutenção dos ecossistemas. Além disso, a piracema tem uma forte influência nas interações ecológicas dos biomas aquáticos. 

Ao migrarem, os peixes contribuem para a dispersão de nutrientes por diferentes áreas dos rios, alimentando outros organismos aquáticos e terrestres, como aves e mamíferos, que dependem desses peixes para sua alimentação.

Mas para que as espécies migratórias completem seu ciclo reprodutivo sem interrupções, é necessário que sejam empregadas práticas sustentáveis durante o período da piracema. A primeira delas é o manejo sustentável, como, por exemplo, a pesca controlada ou proibida.

Outra prática bastante comum é a restauração de habitats aquáticos, como a remoção de barreiras artificiais e a criação de passagens de peixes. Por fim, o investimento em educação ambiental sobre a piracema e a pesca sustentável, principalmente nas regiões ribeirinhas, também é uma ação recomendada.

Quais espécies realizam a piracema?

Espécies como o dourado, piramutaba, salmão, piraíba, pirarara, jaú e surubins, matrinxã, tambaqui, pirapitinga e tucunaré, além de cetáceos como botos e quelônios como tartarugas e tracajás, realizam a piracema.

Quais as regulamentações sobre a piracema?

Durante a intensa movimentação dos peixes, muitos pescadores aproveitam essa fase para suas atividades de pesca. Para combater essa prática no período da piracema e garantir que as espécies migrem de um local para o outro sem interrupções, existem algumas leis sobre o assunto que estabelecem limites de quantidade e tamanho para a captura ou até mesmo a proibição da pesca.

Uma das principais é a Lei n.º 7.653, de 12 de fevereiro de 1988, que proíbe a pesca em locais de desova e/ou reprodução dos peixes. Há também a Lei n.° 9.605/1998, que prevê prisão de um a três anos a quem for flagrado pescando em locais proibidos, e o Decreto Federal 6.514/2008, que estipula multas de 700 a 100 mil reais para infrações relacionadas à pesca em períodos de piracema.

Outra legislação importante é a Portaria IBAMA n.° 50/2007, que estabelece normas referentes ao período da piracema, especificamente, na bacia do Rio São Francisco.

Além das leis federais, cada estado e cidade pode determinar suas próprias normas que complementam as regulamentações nacionais, respeitando os limites impostos pela legislação federal. Por isso é fundamental que pescadores e agricultores consultem as regulações específicas da sua região, pois as datas e regras podem variar.

Dependendo das leis da região, a pesca é permitida para pescadores amadores, utilizando varas com molinetes ou caniços simples. O descumprimento dessas normas pode resultar em multas, detenção e processos federais para os infratores.

Quanto às agências reguladoras que atuam na fiscalização e regulamentação da piracema, as principais são o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), as Secretarias Estaduais de Meio Ambiente e a Polícia Ambiental.

Como adaptar as atividades de agricultura e pesca?

A piracema exige a adaptação de atividades humanas, como agricultura e pesca. Durante o período, os pescadores e agricultores precisam adotar estratégias para lidar com as restrições e, ao mesmo tempo, manter suas atividades econômicas de forma sustentável.

Em primeiro lugar, é importante que os pescadores e agricultores façam um planejamento financeiro antecipado, pois, com a diminuição da pesca durante a piracema, os rendimentos tendem a cair. Por isso, faz-se necessário esse planejamento para garantir que esses indivíduos possam se sustentar durante esse período.

Em segundo lugar, recomenda-se focar na pesca de espécies exóticas (que, geralmente, são permitidas na maioria das regiões) durante o período.

Por fim, é possível aproveitar a época da piracema para investir na piscicultura e na aquicultura, criando peixes em ambientes controlados (como tanques e viveiros) e também realizar a manutenção de equipamentos e embarcações que vão ficar parados.

O que fazer durante a piracema?

Durante a piracema, é necessário, principalmente, que sejam respeitadas as leis. Contudo, outras medidas também são importantes. Confira as principais:

  • não pescar: a pesca em rios e lagos onde ocorre a piracema é proibida por lei em várias regiões, pois é o momento em que os peixes estão mais vulneráveis. Caso esse seja o caso da sua região, respeite a proibição;
  • se for permitido pescar, atente para as espécies permitidas: dependendo da região, é permitido pescar espécies exóticas (aquelas que não são nativas e foram inseridas no bioma pelo homem);
  • denunciar práticas ilegais: é importante que as comunidades façam denúncias caso percebam qualquer atividade de pesca ilegal;
  • promover a conscientização ambiental: tanto pescadores quanto a população em geral podem contribuir, promovendo o conhecimento sobre a importância da piracema e os impactos da pesca ilegal.

Como vimos, a piracema é um fenômeno natural de suma importância para o ciclo de vida dos peixes e para a preservação dos ecossistemas aquáticos. Esse processo migratório permite a reprodução de diversas espécies, garante o equilíbrio ecológico e a continuidade da biodiversidade.

No entanto, para a piracema acontecer da melhor forma e sem interrupções é fundamental que as legislações sobre o assunto sejam seguidas à risca e que práticas sustentáveis sejam adotadas.

Para isso, é fundamental que agricultores, pescadores e a comunidade se unam para adaptar suas atividades, respeitando os ciclos naturais e contribuindo para a piracema acontecer da maneira certa.

Se você já vive da piscicultura ou pretende viver dela, além de conhecer sobre a piracema é importante saber quais são as espécies de peixes mais indicadas para criação.

Pensando nisso, preparamos um guia completo sobre as melhores espécies para a piscicultura brasileira. Confira e aprimore os seus conhecimentos sobre esse assunto.

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