O transporte de cargas é um setor de alta complexidade. Por isso, gerenciar as diversas vulnerabilidades e demandas do mercado, além de otimizar a performance das operações, pode ser desafiador para aqueles que não contam com uma gestão de riscos bem implementada.
Nenhuma empresa de sucesso no setor de transporte e logística deve ignorar a importância desse gerenciamento para a movimentação de mercadorias do país. Afinal, são muitos os perigos que podem surgir durante uma entrega, como danos à carga, problemas mecânicos nos veículos e até roubo de produtos.
Para mitigar essas questões, preparamos este material com um passo a passo sobre como fazer um gerenciamento de riscos, quais as melhores ferramentas para esse processo e algumas estratégias. Acompanhe!
Quais são os riscos no transporte de cargas?
Confira quais são os principais problemas enfrentados nesse cenário.
Roubos e desvios
Infelizmente, o transporte de mercadorias no Brasil ainda é um grande desafio devido ao risco significativo de roubo de cargas. A falta de segurança nas estradas, especialmente em determinadas regiões, deixa os carregamentos expostos a ataques de criminosos.
Além das perdas financeiras para as empresas, esses problemas podem causar danos físicos aos motoristas, colocando suas vidas em risco.
Para enfrentar esse dilema e proteger as mercadorias durante o transporte, é importante implementar medidas de segurança, como escoltas especializadas, monitoramento por GPS e estratégias de roteirização para identificar e evitar percursos de maior risco.
Avarias e danos
A falta de capacitação adequada dos motoristas é outro problema identificado na gestão de riscos no transporte de cargas. É vital que os profissionais que conduzem os veículos conheçam técnicas de direção defensiva, manuseio das cargas e procedimentos de segurança.
Quando não há qualificação suficiente, os perigos aumentam, levando a possíveis acidentes, danos às mercadorias e comprometendo a eficiência logística.
As empresas precisam investir em programas contínuos de treinamento e atualização para seus motoristas, para que eles estejam sempre preparados e aptos a lidar com os desafios da estrada, com o objetivo de reduzir riscos e promover um transporte mais seguro.
Problemas com entregas incompletas
Os atrasos no transporte de cargas são comuns e podem ser causados por vários motivos, como congestionamentos, falhas mecânicas, condições climáticas adversas ou problemas na gestão logística.
Esses retardos podem afetar toda a cadeia de suprimentos, levando à insatisfação dos clientes e à perda de oportunidades de vendas. Além disso, quando parte da mercadoria se perde ou é danificada durante o transporte, as empresas enfrentam prejuízos financeiros e a insatisfação dos consumidores.
Sobrecarga de mercadorias
A sobrecarga de veículos é um gargalo comum, especialmente no Brasil, em que as normas de peso nem sempre são respeitadas e há o risco de ataques violentos. Esse problema pode afetar a estabilidade do veículo, aumentar o desgaste dos pneus e dos componentes mecânicos, assim como colocar em risco a segurança nas estradas.
A sobrecarga também pode levar a multas e encargos para as empresas, o que impacta diretamente sua rentabilidade. Para evitar essas situações, as companhias precisam se precaver, tomando medidas como utilizar balanças para verificar o peso das cargas. Além de garantir a segurança, isso contribui para o sucesso do negócio a longo prazo.
Estradas com condições precárias
Um dos grandes desafios no transporte de cargas no Brasil, avaliado de perto pela gestão de riscos, é a condição das estradas. Muitas rodovias apresentam falta de sinalização adequada e são malconservadas, aumentando o risco de acidentes e danos tanto aos veículos quanto às mercadorias. Essas condições também podem provocar atrasos nas entregas, o que afeta toda a cadeia logística.
A vasta extensão territorial do Brasil complica muito a situação, pois o transporte rodoviário precisa percorrer longas distâncias para entregar os produtos. Muitas vezes, as estradas não estão preparadas para o intenso tráfego de veículos pesados, o que acelera o desgaste da infraestrutura.
A falta de investimentos em melhorias e manutenção das rodovias é um desafio constante para o setor de transporte de cargas, o que compromete a segurança e a integridade dos produtos, além de prejudicar a eficiência operacional das empresas.
Falta de capacitação
É importante que os profissionais que conduzem os veículos estejam bem treinados e conheçam as regulamentações de trânsito, técnicas de direção defensiva, manuseio das cargas e procedimentos de segurança.
Quando não há qualificação suficiente, os riscos aumentam, o que leva a possíveis acidentes, danos às mercadorias e o comprometimento da eficiência logística.
As empresas precisam investir em programas contínuos de treinamento e atualização para seus motoristas, a fim de garantir que estejam sempre preparados e aptos a lidar com os desafios, reduzindo os riscos e garantindo um transporte mais seguro.
Qual é a importância da gestão do transporte de cargas?
Como sabemos, o transporte é o principal aliado para o funcionamento eficaz da logística. A gestão desse processo inclui várias etapas, desde a movimentação de cargas e o armazenamento até a distribuição e a entrega das mercadorias. É um trabalho integrado que assegura que tudo chegue ao seu destino de maneira eficiente e organizada.
Uma pesquisa sobre os custos logísticos no Brasil revelou que 65% do transporte de cargas é realizado por estradas. Essa realidade é bem visível nas movimentadas rodovias brasileiras e ressalta a importância de escolher rotas que minimizem distâncias, considerando as condições das vias e as regras em vigor.
Nesse cenário, a gestão de riscos merece uma atenção especial dentro da logística. Qualquer problema que aconteça durante o transporte pode afetar toda a operação, o que leva a atrasos nas entregas e prejudica a economia da organização.
Como identificar e analisar os riscos do transporte de cargas?
Preparamos um guia para que a gestão de riscos seja realizada de maneira otimizada. Veja a seguir.
Faça o mapeamento e o planejamento
Para uma melhor aplicabilidade, pode-se adaptar a metodologia estratégica SWOT (Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças) ao contexto logístico. Ela promove uma análise que identifica os pontos fortes e fracos, além das oportunidades e ameaças no ambiente externo da empresa para um mapeamento mais completo.
Veja, a seguir, como ela funciona no universo do transporte de cargas:
- forças — identifique os recursos de manutenção disponíveis que garantem a segurança e a eficiência da frota, bem como a qualificação dos motoristas e colaboradores de apoio;
- fraquezas — avalie a ausência de tecnologia para monitoramento de cargas e rastreamento de veículos. Também faça o levantamento de documentação irregular;
- oportunidades — considere a implementação de novas tecnologias na análise de riscos, como sistemas de rastreamento GPS e gestão de frota, além de parcerias para promover melhor segurança no transporte de cargas;
- ameaças — leve em consideração fatores que podem impactar a logística de transporte, como o impacto de condições climáticas adversas e criminalidade, a depender da região.
Após essa etapa, elabore uma matriz para categorizar os riscos identificados em cada uma das quatro áreas. Analise como as forças podem ser utilizadas para mitigar fraquezas e como as oportunidades podem ajudar a enfrentar ameaças. Por exemplo, a tecnologia pode ser uma força que ajuda a minimizar os riscos de roubos.
Coleta de dados históricos
Analisar dados históricos relacionados a incidentes anteriores pode ajudar a identificar padrões e tendências na gestão de riscos.
São informações sobre acidentes, quebras de veículos, roubos, atrasos e danos às cargas. Colete informações de diferentes fontes dos riscos empresariais, como relatórios de seguros, feedback dos motoristas e registros de manutenção.
Avaliação do impacto e probabilidade
Após estabelecer o SWOT e com os dados do histórico em mãos, é importante avaliar o impacto e a chance de cada um deles ocorrer. Ou seja, classifique cada risco, baseado na gravidade de suas consequências e na probabilidade de ocorrência. Essa avaliação ajuda a priorizar quais perigos exigem atenção imediata e quais podem ser monitorados regularmente.
Monitoramento contínuo
O mapeamento e análise não são atividades únicas, elas devem ser parte de um processo contínuo. Monitorar regularmente as operações de transporte e ajustar as estratégias de mitigação conforme necessário faz toda a diferença para lidar com novos perigos que podem surgir.
Reuniões periódicas com a equipe envolvida na logística e transporte também ajudam nessa etapa de controle de riscos.
Como mitigar os riscos?
Para isso, usufrua da tecnologia para planejar rotas que sejam tanto mais eficientes quanto mais seguras. Atualmente, existem serviços de roteirização especializados que auxiliam na identificação sobre quais caminhos devem ser evitados, assegurando a seleção de trajetos que não atravessem áreas de risco.
Também é imprescindível monitorar continuamente as condições das máquinas e equipamentos utilizados durante toda a operação de transporte.
Pondere as situações inseguras nas instalações da empresa, como a falta de equipamentos de segurança para os colaboradores e a ausência de planos de emergência, evacuação e contingência na gestão de riscos.
A estrutura também merece atenção: mantenha-a bem organizada para evitar danos e acidentes. Aspectos como a iluminação dos ambientes, objetos e mobiliário que possam obstruir o movimento ou causar problemas na movimentação de cargas, além de uma sinalização adequada, devem estar sempre na lista de prioridades do gestor de frota.
Outro aspecto fundamental na gestão de riscos é realizar manutenções preventivas. Manter caminhões, furgões e outros automóveis em boas condições ajuda a evitar falhas e panes durante a viagem, para que tudo saia como o planejado.
Afinal, vale lembrar que um caminhão parado devido a problemas significa atrasos nas entregas, o que gera problemas logísticos e prejuízos para a empresa.
Além disso, a manutenção corretiva tende a ser bem mais cara e pode impactar negativamente o orçamento do setor. Por outro lado, veículos de carga que passam por revisões e troca de óleo regulares também ajudam a economizar combustível, tornando a operação mais eficiente.
Qual é o papel da tecnologia na gestão de riscos?
O uso da tecnologia é a chave na avaliação de riscos, pois oferece diversas ferramentas e soluções para melhorar a segurança e eficiência das operações. Isso porque ela promove o monitoramento em tempo real, melhor segurança, excelente previsibilidade e manutenção preventiva aprimorada.
Uma das ferramentas que mais se destacam nesse cenário é o uso de softwares para monitoramento de cargas e videotelemetria. Atualmente, os recursos mais eficientes para uma melhor gestão de riscos são:
- TMS: é um sistema de gestão de transporte, que controla fluxo logístico da empresa e pode ser personalizado de acordo com as necessidades do negócio;
- WMS: é uma ferramenta de gerenciamento de armazéns que permite administrar a cadeia de suprimentos, incluindo aspectos como vendas, otimização do espaço no armazém e controle de estoque.
Já a videotelemetria é uma tecnologia que emprega câmeras de segurança veicular para capturar imagens e coletar dados. Seu principal objetivo é aumentar a segurança dos motoristas no trânsito e reduzir os custos para a empresa, permitindo a identificação de áreas onde as operações podem ser aprimoradas.
Como podemos perceber, a gestão de riscos é uma ferramenta valiosa para aprimorar a assertividade e eficiência dos processos empresariais. Ela permite identificar, avaliar e mitigar os riscos que podem impactar negativamente os resultados de uma empresa. Além disso, essa abordagem faz toda a diferença para acompanhar as mudanças do mercado e garantir uma posição competitiva.
Para aplicar bem esse conceito, é importante prestar atenção às aplicações dos modais de transporte no Brasil. Saiba mais consultando nosso guia completo sobre o assunto.