Estar nas rodovias e cruzar o país com mercadorias não tem sido uma tarefa fácil para os caminhoneiros. O roubo de carga é um problema frequente e, infelizmente, em constante crescimento. Para quem trabalha com caminhões, esse é um risco iminente, e é preciso lidar com ele de forma inteligente e segura.
No cotidiano da profissão, caminhoneiros podem adotar algumas boas práticas que ajudam a fazer viagens mais seguras. Além disso, já há no mercado tecnologias de rastreamento que tornam o acompanhamento da carga possível. Aliar todos esses cuidados é fundamental para reduzir os índices desse tipo de crime.
Neste post, você, caminhoneiro, saberá mais sobre o cenário de roubos de carga no Brasil e como ele está impactando a economia do país. Veja também algumas boas dicas para evitar esse problema e como proceder caso você seja uma vítima. Confira!
Saiba mais sobre o roubo de cargas no Brasil
Não é nenhuma novidade o alto índice de crimes no Brasil. O roubo de cargas é apenas parte desse cenário difícil, mas que todos precisam enfrentar. Para os caminhoneiros, além de suas preocupações com os veículos, com a má conservação das estradas e com o tempo das entregas, ainda há a o risco do roubo.
O problema vai além do prejuízo material. Ficar sob a mira e o poder de quadrilhas organizadas tem colocado a vida de caminhoneiros em risco. Sempre armados, bandidos fazem reféns dos condutores, que, muitas vezes, passam horas sob o poder desses criminosos.
As estatísticas
Os dados não são animadores, mas ajudam a entender o tamanho do problema. No Brasil, só em 2017, esse crime já gerou um prejuízo de R$ 1,5 bilhão. Esses números astronômicos representam nada menos do que um crescimento de mais de 70% desse tipo de ocorrência nos últimos 5 anos.
Em meio a essa onda de roubos de cargas, a Região Sudeste lidera o número de ocorrências. Em 2017, foram mais de 22.200 casos registrados. O problema ocorre em todo o país, mas nos estados da região ele é mais intenso, gera mais prejuízos e também tem maiores índices de violência.
O problema é tão complexo e evidente, que o Brasil esteve sob a análise de outros países. Uma pesquisa realizada pelo Joint Cargo Committee, do Reino Unido, apontou que o país é o 6º mais perigoso do mundo para o transporte de carga. À frente, estão países que vivem confrontos políticos e situações de guerra.
A organização dos criminosos
Não é difícil imaginar o quanto cada uma das cargas roubadas vale para os criminosos. A prova mais clara de que é uma atividade rentável é justamente o aumento incontrolável do número de roubos. Diante disso, assim como tráfico de drogas, pessoas que aderiram a esse segmento criminoso estão se organizando.
Há verdadeiras quadrilhas especializadas em roubo de cargas. Elas interceptam caminhões em regiões mais isoladas, mas também se mostram ousadas e executam roubos em vias expressas na região urbana. O Rio de Janeiro, por exemplo, tem sofrido bastante com ações desse tipo.
À polícia, resta o trabalho de inteligência para desarticular as facções responsáveis por esse tipo de crime, uma vez que elas são de grande porte e estão cada vez mais bem armadas. No entanto, a falta de respaldo da Justiça também tem influência direta no crescimento de um mercado paralelo e que sustenta o roubo de cargas.
A falta de punição aos receptadores
O código penal do Brasil não pune com o devido rigor os receptadores das cargas, ou seja, quem gere, compra ou articula esse comércio. O peso acaba todo para quem é pego roubando ou em atividade de planejamento criminoso. Nesse contexto, o receptador não cumpre pena, conseguindo liberdade com fiança.
Essa flexibilidade faz com que a atividade de comércio ilegal de mercadorias cresça cada vez mais no Brasil, uma vez que não há punições severas. Desse modo, se a compra e venda de produtos roubados não gera prisões, o roubo continua acontecendo, uma vez que o negócio é lucrativo.
As cargas mais visadas
Em meio ao crescimento do roubo de cargas, é importante também analisar as diversas ocorrências do crime. Diferentes volumes são interceptados pelos ladrões, no entanto, alguns não estão sob a mira desses grupos organizados. É importante entender que há categorias específicas de produtos mais roubados.
As quadrilhas têm a seguinte proposta: roubar a carga para, em sequência, comercializá-la em mercados paralelos. Por isso, roubar alimentos perecíveis, por exemplo, não faz muito sentido. Entre as cargas mais visadas, é possível destacar:
- cigarros;
- eletrônicos;
- confecções;
- alimentos congelados;
- medicamentos para impotência sexual;
Além de cargas de alto valor agregado, os criminosos também têm interesse em produtos que sejam de fácil comercialização nos mercados paralelos. Celulares, por exemplo, podem ser facilmente repassados sem maiores problemas. Com roupas e calçados, o mesmo acontece. Eles retêm a carga por pouco tempo e conseguem capitalizar com o roubo rapidamente.
Veja como evitar roubo de cargas
O roubo de cargas não depende somente do motorista e das transportadoras. No entanto, implementar boas práticas de preservação se torna importante. É um trabalho de prevenção, acima de tudo. Nem sempre é possível se proteger adequadamente dessas situações, então não resta nada a fazer.
A atividade de roubo tem algumas características muito próprias, que, quando analisadas, dão origem a mecanismos de segurança desenvolvidos com base nelas. Essa é a melhor forma de se proteger da alta incidência de roubos. Com os riscos iminentes, cabe aos motoristas e às transportadoras se proteger como podem.
A seguir, veja algumas dicas práticas de como manter a segurança no transporte e na retenção das cargas durante as viagens. Veja quais ferramentas, hábitos e estratégias podem ser aplicados e têm boas chances de surtir efeito contra os roubos.
Utilizar serviços de rastreamento
O rastreamento é um mecanismo já bem conhecido e amplamente utilizado em veículos, seja de uso pessoal, seja em caminhões. Trata-se de uma tecnologia que permite que um centro de controle visualize onde o veículo está, graças a um dispositivo instalado nele. Assim, a localização é facilitada.
Essa não é uma prática de prevenção, mas tem seu valor caso o roubo de carga aconteça. Com os dados de rastreamento, é possível identificar em qual posição geográfica o caminhão se encontra, para então acionar a polícia. Esse rastreamento é realizado com base em um sistema simples e GPS, já muito conhecido.
Manter o monitoramento em tempo real
O mesmo centro de controle que cuida do rastreamento deve estar de olho nos caminhões que estão em rota de entrega. Trata-se do monitoramento, ou seja, acompanhar a frota em tempo real. Dessa forma, é possível entender onde a carga está e por quais caminhos ela está se deslocando.
Monitorar já pode ser considerado um trabalho mais voltado à prevenção, uma vez que um desvio de rota pode ser um sinal de alerta ao centro de controle. O acompanhamento permite que, ao detectar essa mudança de caminho, uma comunicação com o motorista seja feita. Se não houver sucesso, a polícia é acionada.
Utilizar as iscas de monitoramento
Não é só o caminhão que pode ser monitorado. As iscas são utilizadas para que a carga, quando roubada, seja acompanhada durante todo o trajeto. Dessa forma, o centro de controle, após receber o comunicado do motorista, identifica o caminho que a carga roubada fez a partir do ponto do crime.
Para ter essas iscas, é simples: basta acoplar um dispositivo de rastreamento em uma das unidades da carga, e não somente no veículo. Dessa maneira, após abandonar o caminhão, os criminosos continuam sendo rastreados até o destino que a carga roubada terá — daí a denominação de isca!
Planejar a logística adequadamente
Um bom planejamento logístico também é fundamental no trabalho para evitar o roubo de cargas. A organização das viagens, o horário em que elas serão feitas e as rotas utilizadas têm impacto direto na mensuração e redução de riscos. Essa organização deve ser realizada por meio de estudos que mostram os índices de roubo de carga por:
- dias da semana;
- localização;
- horários;
- trechos de rodovia.
Diante desses dados, a logística de viagem das cargas pode ser feita com um cuidado maior em relação aos riscos de roubo. Todos esses pontos citados são considerados e, como resultado, o planejamento é feito de modo que o máximo de fatores de riscos seja devidamente evitado.
Encerrar rotas muito perigosas
Algumas rotas têm enorme potencial de risco aos caminhoneiros. Sempre há trechos específicos cujo índice de criminalidade é maior. É sempre importante avaliar se vale a pena seguir praticando rotas em que a viagem precise passar por esses locais. Afinal, financeiramente, pode não ser mais viável.
Por mais que seja uma medida radical demais, encerrar rotas muito perigosas é sempre algo a se considerar. O aumento crescente desse tipo de crime é evidente e, em rotas que já são naturalmente perigosas, o problema pode ser ainda maior. Se os riscos são muito grandes mesmo com métodos de prevenção, abandonar a rota é uma alternativa.
Treinar os motoristas
Os motoristas podem também trabalhar de modo que evitem o roubo de carga. Naturalmente, isso não envolve combater os crimes e se colocar em risco. Pelo contrário, os treinamentos são voltados para que as viagens sejam feitas de modo seguro. A carga e o condutor podem ser protegidos por meio desses atos.
A proposta é evitar situações de risco e preparar o condutor para reagir adequadamente quando elas aparecerem. Aos motoristas, há orientações comportamentais no relacionamento com pessoas e na condução. As dicas tratam de:
- não falar sobre as cargas nas paradas;
- manter a atenção à blitz falsa;
- ficar atento a veículos suspeitos;
- evitar parar sem necessidade na estrada.
Reduzir o tempo de carga em repouso
Viagens longas demandam repouso, para que o motorista recupere suas melhores condições físicas. Isso evita o desgaste excessivo e os riscos na condução. No entanto, essas pausas precisam ser planejadas de maneira segura. Cargas paradas na estrada são, naturalmente, mais suscetíveis às ações de ladrões.
O tempo de repouso deve ser pensado com responsabilidade. O motorista deve ter seu tempo para descansar, se alimentar, abastecer, cuidar de suas necessidades fisiológicas, de acordo com as leis trabalhistas. Após isso, é fundamental retornar à estrada assim que possível. Qualquer período além disso já representa risco à carga.
Priorizar o transporte diurno
As rodovias brasileiras enfrentam problemas estruturais que os caminhoneiros conhecem bem. Desde a má conservação da pista até a sinalização ruim, tudo atrapalha muito o condutor. No entanto, quando o assunto é roubo de cargas, o fator que mais colabora para esses riscos é a iluminação ruim, tornando o trajeto perigoso.
Dirigir à noite é muito arriscado, especialmente pela falta de fiscalização nas rodovias. Aliando essa negligência aos caminhos escuros, o resultado é um prato cheio para criminosos. Por isso, é importante priorizar os transportes diurnos, uma vez que as condições, apesar de não serem perfeitas, são mais seguras para o motorista.
Usar uma escolta armada
Entre os recursos de segurança, é possível avaliar a escolta armada como o último nível deles. Ela é utilizada apenas quando os riscos são realmente grandes, tanto que valem até mesmo o investimento de contratar profissionais de segurança. Eles, em carros de passeio, acompanham os caminhões por todo o trajeto realizado.
A princípio, a intenção não é que os profissionais entrem em confronto com criminosos para evitar o roubo. De modo geral, só o fato de haver a escolta já é um fator de intimidação a possíveis tentativas. Isso gera uma sensação de segurança maior ao motorista, que pode dedicar toda a sua atenção à estrada, fazendo uma rota tranquila e em menor tempo.
Planejar paradas seguras
As paradas fazem parte da rotina do motorista, afinal, ele tem as suas necessidades. No entanto, ao pensar nessas pausas, é importante considerar os riscos de roubo de carga. Os horários e os locais das paradas são dois detalhes fundamentais, sendo importante optar por locais seguros, iluminados e movimentados.
Além disso, é melhor parar antes de escurecer evitando ter que diminuir a velocidade na madrugada ou encostar o caminhão nesses períodos em que a movimentação de veículos é menor. Essas práticas de responsabilidade nas pausas têm extremo valor e, se aplicadas, são ótimos recursos de proteção.
Conheça as tecnologias para evitar o roubo de cargas
A tecnologia já é inerente ao cotidiano da sociedade, seja para o trabalho, seja para o lazer. Na segurança, isso não muda. Já há sistemas preparados para dar apoio ao motorista em sua rota, de modo que ele, mesmo de longe, seja acompanhando por profissionais. São sistemas que ajudam a prevenir o roubo.
Na prática, esses recursos geram uma conexão direta entre o caminhão e a central de comando. Dessa maneira, qualquer situação suspeita ou perda do contato com o motorista pode despertar o alerta necessário. A seguir, entenda mais como funcionam duas das principais tecnologias contra o roubo de carga existentes.
Sistemas de planejamento e gestão de rotas
Planejar rotas é um trabalho fundamental, uma vez que serve como uma forma de evitar riscos nas estradas. Ficar fora das zonas com alto índice de crimes é fundamental, e uma rota otimizada e estratégica é indispensável para avaliar e minimizar esses riscos.
Os aplicativos de carga com a função de planejamento proporcionam rotas automáticas, de acordo com sua base de dados. São considerados pedágios, conservação das estradas e outros fatores importantes para o motorista, inclusive a segurança. Todo o software pode ser configurado previamente, de modo que essas regiões sejam evitadas.
Dessa maneira, os gestores e profissionais que trabalham na estratégia logística conseguem ter rotas traçadas com auxílio de sistemas inteligentes, definindo quais áreas de risco são evitadas. Além de trabalhar para evitar o roubo de carga, essas plataformas também garantem a otimização das viagens dos condutores.
Sistemas de acompanhamento de viagens
O acompanhamento das viagens é uma prática antiga e que pode ser feita de duas formas: pelo monitoramento e pelo rastreio. Enquanto o primeiro oferece informações em tempo real, o segundo dá o posicionamento geográfico exato do motorista. Em conjunto, esses recursos são fundamentais para a segurança.
Esses dois sistemas têm funcionamento via satélite, ou seja, capaz de rastrear o posicionamento em diversas áreas. No entanto, parte fundamental do trabalho está no centro de controle. Por lá, é possível tomar as providências mais adequadas em casos de suspeitas ou de constatações de roubo das cargas.
Os softwares utilizados, geralmente, têm integração direta com o sistema da polícia. Ou seja, quando o crime é detectado, é possível acionar imediatamente as autoridades responsáveis. Outro recurso importante é o bloqueio do caminhão. Ele pode estar associado tanto ao rastreamento quanto ao monitoramento.
Saiba como proceder caso tenha o roubo de cargas
Se nenhum dos recursos de prevenção surtir efeito, é importante saber o que fazer em uma situação de roubo. Isso ajudará na preservação da integridade do motorista, assim como contribuirá para as chances de recuperar a carga.
O motorista tem um papel fundamental nesse momento. Reagir jamais é uma alternativa, tendo em vista que a vida do condutor vale mais que a carga. Com calma, atenção e seguindo cada passo, é possível reagir adequadamente nessas situações. Veja, a seguir, como prosseguir em caso de roubo de carga!
Comunique assim que acontecer
A primeira atitude a ser tomada é comunicar o roubo ao centro de controle da empresa. Dessa forma, as previdências podem ser tomadas, como o contato direto com as autoridades responsáveis. Isso também ajuda a esclarecer o motivo pelo qual o caminhão parou e, certamente, vai seguir uma rota diferente a partir dali.
Acione o seguro e a transportadora
A transportadora também deve ser comunicada de que a carga sofreu o roubo. Dessa forma, os responsáveis também podem agir da melhor forma. A seguradora também deve estar ciente do acontecido. Só assim o procedimento padrão começa a ser realizado, de modo que a empresa não tenha prejuízos.
Entre em contato com o sindicato
O sindicato ao qual o motorista é afiliado também pode ser comunicado logo após o roubo acontecer. Por conta da recorrência dos crimes, essas instituições prestam auxílio para que os motoristas saibam exatamente como proceder com o restante dos passos necessários. Elas também podem ajudar no contato com a polícia.
Ligue para a Polícia Rodoviária Federal (PRF)
A PRF é a responsável por combater e solucionar crimes realizados nas estradas e rodovias do país. Dessa forma, é fundamental entrar em contato no 191 logo após o roubo para comunicar o ocorrido. Junto à polícia, também pode ser buscada a realização do boletim de ocorrência, que faz parte do registro padrão da ação sofrida.
Evite reações ao crime
Reagir nunca deve passar pela cabeça do motorista. Se, no calor da emoção, ele pensar nisso, deve rejeitar essa ideia rapidamente. Criminosos agem armados, muitas vezes em grande número, o que não deixa nenhuma chance a quem não é preparado para combater a ação. Não há o que fazer. Preservar a vida é fundamental!
Deixe o local do roubo imediatamente
O motorista deve buscar abrigo imediatamente após o crime acontecer. Pode ser em qualquer local seguro, seja à beira da estrada, seja em alguma cidade próxima. Caso o caminhão seja bloqueado, pode acontecer de os criminosos retornarem ao local do crime para algum tipo de retaliação ao motorista.
Mantenha a calma e não contrarie os criminosos
Por mais que seja difícil manter o equilíbrio em uma situação de roubo, o motorista deve se esforçar para ficar calmo durante a abordagem criminosa. Nesse momento, tudo o que poderia ser feito já foi, ou seja, não há saída. É fundamental buscar não contrariar os criminosos, para evitar reações e riscos à vida.
Infelizmente, a carreira de caminhoneiro reserva alguns desses percalços, que se tornaram recorrentes nos últimos anos. O roubo de carga é algo concreto no Brasil e pode colocar a vida do profissional em risco. Pratique as dicas de prevenção e mantenha a atenção caso o roubo aconteça!
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