Em grande crescimento no país, a aquicultura vem ganhando cada vez mais destaque como atividade econômica de expressão. Ao longo dos últimos anos, a carcinicultura conquista cada vez mais espaço no litoral à medida que gera valor aos produtores.
A técnica, praticada no Brasil há mais de 30 anos, luta contra as adversidades e, de certo modo, apresenta evolução de acordo com a demanda do mercado. Tudo isso a partir de um elevado valor comercial, gerando empregos e renda para a região. O estado do Rio Grande do Norte é uma das principais regiões que se dedicam à carcinicultura.
Você se interessa pelo tema e quer ficar por dentro? Então, vamos explicar como funciona a carcinicultura, bem como trazer informações sobre esse mercado e sobre os cuidados e as tendências em relação aos sistemas de produção. Continue a leitura e saiba mais a respeito!
Prática da carcinicultura
Carcinicultura é a criação de camarão tanto de água doce quanto do mar. Atraindo os olhares dos governos estaduais e federal, os criadores começaram a ter sucesso e investimentos para modernizar e aumentar a produção, tornando-se hoje um dos grandes fornecedores mundiais.
Por causa do seu valor nutritivo, do consumo em larga escala e de um sabor excelente, a demanda diante do mercado cresceu. A condição climática favorável, aliada à precocidade no desenvolvimento em viveiros que permitem a criação em alta densidade, a carcinicultura se tornou um investimento viável e com rentabilidade a curto prazo para o produtor brasileiro.
Mercado do camarão
Por mais que nos últimos anos o consumo nacional de camarão mostre uma curva ascendente, o mercado brasileiro ainda é incipiente quando comparado ao consumo global — cerca de 500 gramas contra quase 1 kg per capita no mundo.
O aumento se deu por uma pequena, porém perceptível, melhoria da economia brasileira. Mas esses dados também indicam que existe uma oportunidade de crescimento da carcinicultura no mercado nacional em conjunto à criação voltada ao mercado de exportação, como a Europa (França e Espanha em especial) e a América do Norte.
Com um excelente potencial de crescimento, a produção de camarão apresenta duas características significantes: a primeira é consistir em uma criação do setor primário que não depende da chuva para dar certo. Afinal de contas, pode ocorrer em água do mar, águas salobras, como na costa nordestina, ou em água doce. A segunda é a geração de emprego nas comunidades onde estão localizados os criatórios.
Por ser uma produção constante e de fácil evolução, a carcinicultura indica uma evolução acelerada nos últimos anos e sempre com aspectos positivos tanto no setor econômico quanto sob os pontos de vista social e ambiental.
Um investimento de capital por pequeno, médio e grande produtor gera emprego para mão de obra não especializada. A prática atua de forma positiva em questões ecológicas e de preservação do ambiente, sendo que a produção de camarão necessita de água de boa qualidade.
Um produtor que está começando agora deve ter em mente que a evolução do negócio acontece de forma gradativa. Inicialmente, sua produção serve para abastecer o mercado local (exemplos disso seriam os consumidores individuais, restaurantes, revendedores ou atravessadores), sobretudo por conta das dificuldades de estocar e transportar a mercadoria para longas distâncias.
Tipos de camarão
Conforme observamos acima, existem camarões marinhos e de água doce. Na sequência, veja as características peculiares a cada tipo.
Camarões marinhos
Três etapas formam o ciclo do cultivo de camarões marinhos. Elas recebem, na ordem, os nomes de larvicultura, berçário e engorda. Pelo fato de a última demorar entre três e seis meses, um ano registra no máximo três safras.
Camarão branco
No Nordeste ou no Sul do país, essa espécie aparece com certa frequência. Aliás, ela prefere áreas marcadas pela presença de lodos e areia, sempre em regiões de profundidade reduzida ao longo do litoral. A grande fonte de nutrientes do camarão branco, que atinge a medida máxima de 20 cm de comprimento, está na matéria orgânica decomposta e em animais de pequeno porte.
Camarão sete barbas
Desde os EUA até as partes litorâneas mais ao sul do Brasil, o camarão sete barbas pode ser encontrado. Trata-se de uma espécie que vive em águas costeiras de cerca de 30 metros de profundidade. O comprimento de 8 cm atrai bastantes interesses econômicos, sobretudo pela característica do rosto da espécie, que apresenta uma ponta curvada para cima.
Camarão rosa
Agora, falamos de uma espécie facilmente vista em toda a extensão da costa litorânea desde a Bahia até a Argentina. Habitando em águas com profundidade entre 15 e 150 metros, o camarão rosa sofre a ameaça de predadores como aves e alguns peixes. Apesar disso, a pesca predatória é a atividade responsável por colocá-lo em risco de extinção, em conjunto com alterações no habitat e a poluição.
Camarões de água doce
Na anatomia e no paladar, o consumidor final nota a diferença entre os camarões marinhos e de água doce. O grande valor comercial das espécies a seguir está ligado a esses dois aspectos em especial. Confira.
Camarão pitu
Muito comum em toda a costa atlântica da América, dos EUA até o sul brasileiro, essa espécie apresenta um comportamento agressivo e predatório. A peculiaridade acima exige uma separação do camarão pitu dos outros tipos, aspecto que se soma às exigências ambientais igualmente distintas: a temperatura da água ideal figura na casa dos 25 graus Celsius, e o pH, entre 6,5 e 7,8.
Camarão da Amazônia
O nome engana um pouco, pois essa espécie se encontra não apenas na área tropical da América do Sul, mas também abaixo dos trópicos. Pouco tolerante a temperaturas abaixo de 20 graus Celsius, o camarão da Amazônia costuma frequentar águas ácidas, com pH 5,0, ou até mesmo habitats de maior alcalinidade, como no Nordeste (pH 9,9).
Camarão canela
No Nordeste, principalmente em planícies inundadas, rios e riachos, o camarão canela se sente em casa. Pescadores ribeirinhos de estados como Sergipe têm nessa espécie uma considerável parcela de suas rendas, transformando o camarão canela em um elemento essencial da atividade econômica da região. Trata-se de um crustáceo bastante usado na nutrição de peixes carnívoros.
Sistemas de produção
A escolha de um local adequado para a realização da carcinicultura é um dos principais fatores para o sucesso do negócio e o funcionamento do seu sistema de produção. Considerar o clima, a disponibilidade de água (doce ou do mar), o tipo do solo, as vias de acesso que facilitam o transporte, a proximidade de centros de consumo e as condições topográficas são preocupações na hora de definir o local da produção.
Existem três tipos de sistema: extensivo, semi-intensivo e intensivo. Eles se diferenciam na intensidade de manejo e na oferta de alimento, variando na quantidade de camarão estocado por metro quadrado, fatores diretamente proporcionais ao investimento feito pelo produtor. Descubra um pouco mais sobre cada uma dessas modalidades a seguir.
Sistema extensivo
Caracterizado pelo baixo investimento e pela pequena quantidade de camarão estocado por m² (até quatro unidades), a produção desse sistema gera em torno de 450 kg/hectare ao ano. O baixo investimento é em função da ausência da oferta de alimentação artificial e de aeradores para melhorias na qualidade da água.
Sistema semi-intensivo
Com um nível de investimento intermediário, certamente apresenta uma produção maior de camarão. A densidade de estocagem é entre 6 e 20 unidades/m² de viveiro natural escavado. Neste sistema, a alimentação artificial se faz necessária por meio de rações complementares, mas a alimentação natural ainda cumpre papel fundamental no desenvolvimento.
Sistema intensivo
Com um investimento ainda maior, no sistema intensivo a produção é feita em tanques de pequenas dimensões com fundo e paredes revestidos, além de alimentação à base de dietas completas e de alta qualidade. A renovação da água, quando realizada, pode ser feita parcial (50%) ou totalmente durante o dia. O controle dos custos é primordial para viabilizar, de forma econômica, a atividade produtiva.
No Brasil, os dois últimos tipos são os mais comuns e se caracterizam pela densidade média de 20 até mais de 290 camarões/m². Utiliza-se aeração mecânica, adição de prebióticos e comedouros fixos, que fazem o ajuste do consumo de ração, dietas completas e de excelente qualidade com a inclusão de probióticos, além do monitoramento constante e prolongado dos parâmetros da qualidade da água.
Cuidados na produção
No ano de 2017, uma doença atingiu a produção de camarão no Nordeste e deixou como consequência um grande prejuízo para os criadores. A mancha branca, nome pelo qual ficou conhecida no mundo, pode acabar com um viveiro em um único dia.
Segundo a opinião de especialistas, é possível conviver com ela, já que a doença não tem cura, porém a perda é inevitável, já que a densidade de camarão por metro quadrado exige redução significativa. Essa enfermidade foi notificada em 2005 na cidade de Laguna, em Santa Catarina.
Caso consumido, o camarão contaminado não passa nenhum risco para a saúde das pessoas. O vírus não tem a capacidade de atuar no corpo humano, sendo exclusivo apenas aos invertebrados, o que o faz causar doenças somente ao camarão.
Novidades e tendências
Uma maneira interessante de o produtor ficar por dentro das novidades relacionadas à aquicultura e à carcinicultura é por meio de eventos. A Associação Brasileira de Criadores de Camarão do Brasil (ABCC) realiza o mais importante do setor, que é a Feira Nacional do Camarão (FENACAM).
Na próxima edição, marcada para acontecer em Natal entre os dias 16 e 19 de novembro de 2021, será possível conferir um número superior a 225 estandes, além de apresentações técnicas e científicas. Elas mostrarão os resultados das mais recentes pesquisas nacionais e internacionais capazes de ajudar o produtor de forma direta e indireta.
O evento conta também com Festival Gastronômico de frutos do mar e uma feira internacional especializada em serviços e produtos para a aquicultura, dando espaço a muitos expositores. A programação recebe organização segundo a demanda do produtor brasileiro de camarão.
Além da FENACAM, outros eventos como o PECNORDESTE (Seminários Nordestinos de Pecuária) e o Simpósio de Controle de Qualidade do Pescado (SIMCOPE) trazem novidades e informações valiosas para os carcinicultores.
O empresário que escolher a criação de camarão para investir deve levar em conta a dificuldade na comercialização do seu produto e na concorrência com outras opções alimentares, como as carnes bovina, suína e de frango.
Mas é fato que o crescimento do mercado e a expansão dos negócios fazem da carcinicultura uma atividade de alto retorno econômico. É necessário, porém, como em qualquer outra atividade, o controle rigoroso da produção, dos custos e decisões técnicas de qual seria, por exemplo, o melhor sistema de produção e o melhor tanque para isso.
Se você gostou deste post, entre em contato com a gente e tire suas dúvidas sobre qual o melhor tanque para começar agora mesmo a sua produção de camarão!