A piscicultura é uma atividade essencial para o abastecimento de pescado no Brasil e no mundo. No entanto, a criação de peixes em tanques é suscetível a diversas doenças, principalmente quando o manejo não é adequado.
Muitos dos problemas relacionados à saúde dos peixes poderiam ser evitados com a adoção de boas práticas e uso de equipamentos próprios para piscicultura, além de pequenos cuidados extras no dia a dia.
Continue lendo e saiba quais são as principais causas de doenças em peixes e como, por meio de medidas simples e eficientes, o piscicultor pode evitar prejuízos financeiros e danos à saúde de seus animais.
Quais são as principais causas do surgimento de doenças nos peixes?
O surgimento de doenças nos peixes envolve circunstâncias similares à de seres humanos e outros animais. A ausência de cuidados que garantem a qualidade de vida das espécies é o principal fator que contribui para seu adoecimento.
Portanto, garantir um bom ambiente no criadouro é decisivo para o bem-estar dos peixes na piscicultura, uma vez que a vida em confinamento tende a ser estressante para eles. Tanques superlotados, água de má qualidade e manejo inadequado são situações que enfraquecem o sistema imunológico dos animais e colaboram para a proliferação de micro-organismos nocivos à sua saúde.
O contágio pode ocorrer pelo contato com animais, água ou objetos contaminados. Isso acontece, por exemplo, quando são usados equipamentos sujos ou novos organismos são introduzidos nos tanques sem antes passarem pela quarentena. Animais predadores também podem transmitir doenças aos peixes em criadouro.
Como identificar sinais de doenças em peixes?
Identificar sinais de doenças em peixes é fundamental para garantir sua saúde e prevenir o contágio na aquicultura. Reunimos a seguir alguns dos principais sinais que podem indicar que um animal está doente:
- letargia: peixes que ficam no fundo do tanque ou não nadam ativamente podem estar doentes;
- excesso de agitação ou nado descontrolado: pode ser um sinal de estresse ou infecção;
- falta ou excesso de apetite: a recusa em se alimentar ou o excesso são um dos sinais mais comuns de que algo está errado;
- descoloração: peixes podem perder suas cores vibrantes devido a estresse, infecções ou desequilíbrios no ambiente;
- manchas ou lesões na pele: manchas brancas (indicando infecções fúngicas ou parasitárias), feridas abertas, úlceras ou nódulos podem ser sinais de doenças;
- nadadeiras danificadas ou encolhidas: podem ser causadas por infecções, infestações parasitárias ou lesões físicas;
- inchaço abdominal: pode indicar problemas digestivos, parasitas internos ou infecção bacteriana;
- dificuldade para respirar: peixes com respiração rápida ou ofegante podem ter problemas nas brânquias, como infecções bacterianas ou parasitárias, ou ainda níveis inadequados de oxigênio na água;
- comportamento de “raspar” ou “coçar”: peixes que esfregam seu corpo em objetos ou na parede do aquário podem estar tentando aliviar coceiras causadas por parasitas externos;
- deformações físicas: alterações no corpo do peixe, como uma coluna curvada ou crescimento anômalo de partes do corpo podem indicar doenças crônicas, ou infecções bacterianas.
Quais são as doenças mais comuns na criação de peixes em tanques?
Abaixo, confira as doenças mais comuns que interferem na integridade das espécies.
Ictiofitiríase
Causada pelo protozoário Ichthyophthirius multifiliis, essa doença causa manchas brancas na pele, nadadeiras e olhos dos peixes (por isso, é também chamada de Doença dos Pontos Brancos).
Além das manchas, os animais podem perder o apetite, ter problemas com a respiração e dificuldade de nadar.
Oodiniose
A oodiniose, também conhecida como Doença do Veludo, é causada pelo protozoário Oodinium pilularis. Seu nome popular se deve ao principal sintoma da doença, que é o aspecto aveludado no corpo do peixe.
Ela é uma doença altamente contagiosa e alguns dos principais sintomas são a dificuldade em ganhar peso, pontos dourados no corpo do peixe e insuficiência respiratória.
Estreptococcose
Também chamada de Doenças dos Olhos Esbugalhados, ela é causada pela bactéria Streptococcus. Além dos olhos esbugalhados, outros sinais da presença da enfermidade incluem dificuldade na engorda, lentidão ao nadar e lesões na cauda.
Trichodina
Causada pela bactéria Trichodina, essa doença costuma provocar lesões na pele dos peixes, deixando a cor com um aspecto cinza-azulado. Além disso, a respiração dos animais fica prejudicada.
Argulose
Chamado popularmente como “piolho de peixe”, o parasita Argulus fixa-se na pele e se alimenta do sangue dos animais. Os sintomas mais comuns passam pela incapacidade de engordar e feridas.
Dactylogirose
A dactylogirose, ou Doença dos Olhos Embaçados, é uma condição parasitária que afeta principalmente as brânquias dos peixes. Ela é causada por vermes microscópicos do gênero Dactylogyrus, conhecidos como monogéneos. Esses parasitas se fixam nas brânquias, onde se alimentam de tecido e fluidos, causando inflamação e lesões.
Além das inflamações e lesões, outros sintomas da Dactylogirose geram problemas respiratórios e nadadeiras retraídas.
Spironucleose
Mais conhecida como Buracos na Cabeça ou BNC, essa condição afeta especialmente as espécies de água doce, como as tilápias. Os sintomas mais evidentes são lesões visíveis, geralmente com a aparência de buracos ou cavidades na cabeça, ou no corpo dos peixes afetados. Esses buracos podem ser causados pela ação do parasita, que destrói o tecido da pele e expõe as camadas internas.
Além dos buracos visíveis, os peixes infectados podem apresentar outros sinais clínicos, como perda de apetite, dificuldade de nado e nadadeiras retraídas.
Quais são os impactos das doenças na criação de peixes em tanques?
As doenças na criação de peixes em tanques podem gerar consequências tanto para o bem-estar dos animais quanto para a rentabilidade e sustentabilidade da produção.
A seguir, estão alguns dos efeitos mais expressivos das doenças na aquicultura em sistemas de cultivo controlado.
- mortalidade elevada: algumas infecções podem se espalhar rapidamente, resultando em grandes perdas de indivíduos, afetando diretamente a produção;
- deterioração da qualidade da carne: algumas doenças podem afetar a saúde dos peixes de maneira que comprometa a qualidade da carne, tornando-a menos atrativa para o mercado. Doenças bacterianas ou parasitárias podem modificar o sabor, a textura ou a aparência da carne;
- tratamentos caros: o controle de doenças, especialmente em larga escala, pode exigir tratamentos como antibióticos, antiparasitários e outros produtos químicos, que aumentam os custos operacionais da aquicultura;
- aumento com a manutenção das instalações: a manutenção de ambientes adequados para os peixes (incluindo controle da qualidade da água e do manejo) pode ser mais cara quando a doença já está presente, já que pode ser necessário melhorar as condições do tanque ou substituir sistemas de filtragem para evitar a propagação;
- crescimento retardado: doenças podem reduzir o apetite e a energia dos peixes, resultando em menor taxa de crescimento e retardamento no ciclo de produção. Isso afeta a quantidade de peixe disponível para o mercado e o tempo necessário para atingir os tamanhos comerciais;
- propagação de doenças para outras espécies: em sistemas de aquicultura com diferentes espécies de peixes ou em áreas próximas a ambientes naturais, uma doença pode se espalhar rapidamente para outros peixes;
- aumento do risco financeiro: o controle inadequado de doenças pode levar a falências em operações de aquicultura de médio e grande porte, devido ao alto custo de recuperação e à instabilidade nos preços de mercado dos peixes.
Como prevenir e tratar essas doenças?
A prevenção e o tratamento de doenças na piscicultura exigem práticas cuidadosas de manejo, controle sanitário e monitoramento constante das condições ambientais dos tanques.
Portanto, ao criar peixe em tanque, é preciso realizar algumas ações de forma a prevenir e tratar doenças. Abaixo reunimos algumas orientações que podem ajudar.
Qualidade da água
A qualidade da água é fundamental para a saúde de organismos aquáticos, por isso você deve se certificar de que os seus parâmetros estejam em níveis adequados para a espécie criada. Elementos como o pH do tanque, a temperatura, a amônia, o nitrito e a oxigenação devem ser monitorados regularmente e ajustados quando necessário.
Além disso, os aeradores para piscicultura são ótimos para reduzir o estresse dos peixes, pois eles ajudam a uniformizar a oxigenação e a temperatura dos tanques.
Higienização regular
Tanques e equipamentos podem se tornar um prato cheio para fungos e bactérias, devido às fezes, restos de comida e outras matérias orgânicas que se acumulam ali. Uma limpeza periódica é imprescindível para evitar doenças em peixes e garantir a qualidade de vida da criação de peixe em tanques,
Os criadouros devem ser desinfetados a cada troca de lote, pois patógenos e parasitas do lote anterior podem sobreviver nos detritos acumulados no fundo do criadouro e contaminar a nova população de peixes.
Vale a pena investir na instalação de sistemas de renovação ou circulação de água. Apesar de terem um custo mais alto, esses sistemas são um bom investimento para manter a limpeza e diminuir gastos com a troca de água.
Controle de temperatura
O controle da temperatura da água é fundamental para a saúde dos peixes, já que variações térmicas podem causar estresse, enfraquecer o sistema imunológico e aumentar a suscetibilidade a doenças.
Para prevenir problemas relacionados a isso, é essencial realizar medições regulares com termômetros adequados, garantindo que a temperatura da água esteja dentro da faixa ideal para a espécie criada.
Quarentena
A quarentena compreende um período de observação ao adquirir novos peixes, que devem permanecer em viveiros isolados dos demais. Esse é um cuidado importante para evitar a introdução de animais infectados nos criadouros, pois há um período de incubação para que as enfermidades manifestem os sintomas visíveis.
Os viveiros em quarentena não devem compartilhar a mesma água dos demais criadouros, uma vez que ela também atua como vetor de doenças.
Utilizar um tanque apropriado
Ao escolher um tanque apropriado para criação de peixes, com as características e capacidade correta, é possível melhorar a qualidade da produção e prevenir doenças.
Nesse contexto, recomendamos os tanques Vinitank da Sansuy. Eles são comercializados em diversas capacidades, diâmetros e modelos e são projetados especialmente para criação de peixes.
Tratamentos específicos
Quando a prevenção não for suficiente, o produtor deve recorrer ao tratamento dos peixes doentes. O tratamento varia de acordo com a doença, mas os mais comuns são os banhos de imersão e a administração de medicamentos via ração.
O banho de imersão com sal é amplamente utilizado devido à sua facilidade, baixo custo e eficiência em alguns tipos de doenças. Já o tratamento com medicamentos administrados via ração é realizado com antibióticos e antiparasitários e recomendado para enfermidades mais graves. Cabe ressaltar que ambos os procedimentos devem ser realizados por um médico veterinário.
Como você pode perceber, a criação de peixes em tanques exige cuidados específicos para que os animais estejam sempre saudáveis. Seguir as boas práticas de manejo é fundamental para a lucratividade do negócio, pois evita gastos excessivos e prejuízos decorrentes da perda de animais.
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