O calcário é um composto comumente usado no manejo da criação de peixes. A preparação dos viveiros consiste, basicamente, na calagem e nas adubações. Esse processo é necessário quando a água apresenta pH inferior a 7.
A adubação do viveiro de peixes pode ser orgânica ou inorgânica, e apresenta a mesma finalidade que na agricultura. Quando se aduba a água e o solo, por exemplo, o fitoplâncton que alimenta a maioria das espécies é estimulado a crescer, auxiliando a suprir a demanda por alimento natural.
Quer entender o que é calcário e quais são os principais benefícios dessa prática para a piscicultura? Acompanhe a seguir e confira!
O que é calcário?
O calcário é uma rocha sedimentar, constituída, principalmente, por carbonato de cálcio. A calagem — ou seja, a técnica de aplicação de calcário agrícola — proporciona o aumento da produtividade e o fornecimento de nutrientes, além de outras vantagens.
O principal objetivo da calagem é reduzir a acidez e aumentar o pH, além de fornecer nutrientes — como cálcio e magnésio — às plantas. Quando aplicado na piscicultura, o calcário é adotado para controlar o pH da água e do solo dos tanques de criação, desde que com a correta dosagem e acompanhamento profissional.
Quanto mais baixo o pH, maior deve ser a quantidade de calcário, que varia de uma tonelada a quatro toneladas por hectare.
O calcário é tóxico, dependendo de como a aplicação é feita. Por isso, o criador de peixes precisa manter uma rotina de medição da alcalinidade na água.
Quais são os seus benefícios para a piscicultura?
No caso da piscicultura, a calagem fornece nutrientes para o fitoplâncton, um dos responsáveis pela produção de oxigênio para os peixes. Caso não ocorra a disponibilidade de carbonato de cálcio, por exemplo, não haverá desenvolvimento adequado de alimento natural para a criação.
Além de contribuir com o crescimento de plâncton, a calagem tem outras funções importantes, como:
- corrigir o pH do solo e da água;
- diminuir a turbidez da água e a quantidade de material argiloso em suspensão;
- reduzir ou eliminar efeitos tóxicos de alumínio, manganês e ferro;
- diminuir a fixação de fósforo pelo solo, para que seja possível liberá-lo para a água;
- elevar as reservas alcalinas (carbonatos e bicarbonatos);
- impedir que ocorram oscilações do pH da água;
- prevenir a predação de peixes;
- servir de fonte de cálcio para a estrutura dos organismos aquáticos e para o esqueleto dos peixes.
Existem outros benefícios do uso do calcário na piscicultura, como economia no ciclo de produção, prevenção e surtos de bactérias e fungos, e redução da retenção do fósforo. A calagem também funciona muito bem como desinfetante para o viveiro.
Quais são as aplicações do calcário na piscicultura?
Sem dúvidas, a aplicação de calcário propicia um ambiente muito mais favorável para o crescimento dos peixes, uma vez que disponibiliza cálcio solúvel para os organismos responsáveis pelo alimento natural do viveiro.
A água, sobretudo de espécies de água doce, sempre deve apresentar alcalinidade equilibrada para garantir um bom crescimento dos animais. Além da água, o calcário também é aplicado no fundo do viveiro para favorecer a decomposição da matéria orgânica.
Em geral, existem três produtos adotados para a calagem dos espaços de cultivo de peixes: calcário dolomítico, cal virgem e cal hidratada. Quando pulverizado, o calcário neutraliza os ácidos presentes na água ou no solo do viveiro.
No solo, o produtor pode utilizar calcário dolomítico ou cal virgem. Já na água, apenas o calcário dolomítico é usado, principalmente para corrigir a dureza ou a alcalinidade relativa. No entanto, esses compostos demoram a dar resultados devido a sua baixa solubilidade.
Para realizar a calagem, é preciso avaliar a condição do solo e da água, que pode ser feita pela medição do pH do solo localizado no fundo do viveiro ou pela determinação da alcalinidade total da água.
Se o pH for menor que 7, é recomendada a aplicação de calcário. Se o pH for igual ou maior que 7, não há necessidade de aplicar o composto no local.
Por que os solos necessitam de correção?
O solo é formado por um conjunto de materiais minerais e orgânicos, ar e água, sofrendo constante atividade química e biológica. Os criadores devem conhecer e compreender os processos que ocorrem no solo, assim como sua interação com a água dentro de um viveiro, para ter melhores resultados na piscicultura.
Antes de qualquer coisa, é fundamental realizar uma análise laboratorial para verificar a classificação, a textura e a granulometria do solo, e também para avaliar a quantidade de matéria orgânica, nitrogênio e pH. Na piscicultura, a análise deve ser obtida com o solo úmido, para preservar as características presentes no sistema de cultivo.
Com esses dados em mãos, o criador verifica se será necessário ou não corrigir o solo de instalação dos viveiros. A correção, sobretudo com calcário, é essencial para ter mais produtividade e resultados superiores no empreendimento da piscicultura.
Em geral, grandes áreas no Brasil são constituídas de terras ácidas, consequência de anos de queima e destruição do solo. Ao adquirir um espaço comercial, é preciso avaliar a necessidade de calagem ou não do terreno, já que esse aspecto influencia diretamente no sucesso do negócio.
Por isso a relevância de corrigir o solo com calcário, e não apenas a água dos tanques. O intuito é neutralizar a camada superficial de sedimentos do fundo do viveiro, e aumentar a alcalinidade e a dureza total da água. A acidez do fundo deve ser corrigida até atingir valores entre 7 e 8.
Geralmente, a calagem é feita após a construção do viveiro, sempre antes de iniciar a primeira criação de peixes. O processo também pode ser realizado em períodos de intervalo entre os cultivos, aproveitando para desinfetar o viveiro.
Para aperfeiçoar um negócio do ramo da piscicultura, entender o que é calcário e qual é a sua importância para a saúde e o bem-estar dos animais é fundamental. A partir da calagem, o criador ainda cuida da qualidade da água e do solo, tornando o empreendimento mais produtivo e rentável a longo prazo.
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