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O que é decoada e como pode afetar o cultivo de peixes?

Modificado em: maio 31, 2023

Quem trabalha com o cultivo de peixes entende muito bem a necessidade de manter o controle da maior quantidade possível das respostas da natureza à população aquática. Talvez você nunca tenha ouvido falar da decoada, mas, de qualquer maneira, é importante conhecê-la a fundo para proteger as espécies e a produção.

Trata-se de uma modificação nos parâmetros físicos e químicos da água na região do Pantanal. A anomalia causa impactos diretos em todos os seres vivos que habitam o ambiente. No local onde acontece a decoada, a cadeia inteira é afetada, desde plânctons até, claro, os peixes.

Neste post, vamos mostrar os motivos pelos quais esse fenômeno natural acontece e como prejudica o cultivo de algumas espécies (principalmente pelas alterações que ocorrem na água). Além disso, explicaremos porque a decoada acontece no Pantanal e quais órgãos fazem o acompanhamento. Continue conosco e confira o texto na íntegra para saber mais. Boa leitura!

Por que acontece a decoada?

Definida como fenômeno natural, conforme observamos acima, em geral ocorre entre os meses de fevereiro e abril, com auge no final de março. É nessa época que chegam as primeiras ”levas” de água e, por causa das cheias, a matéria orgânica acaba decomposta a partir dessa invasão aquática.

Empurrados na direção da água, os micro-organismos transformam de modo drástico o índice de qualidade do lago ou rio em questão. Pela ausência de matéria orgânica, também falta oxigênio, consequência fatal para os peixes. Eles sobem à superfície à procura de ar e assim viram presa fácil para outros seres vivos.

No final da inundação, a vegetação da água morre, enquanto a da terra se recompõe rapidamente. Mais tarde, vem outra cheia que deixa a planície submersa, iniciando um ciclo. Vale lembrar que as alterações no pH aquático são as principais responsáveis pela redução de oxigênio e mudanças de coloração.

Como fica o oxigênio da água?

Enfatizando o que conferimos no tópico anterior: o oxigênio desaparece em um ritmo gradativo. O fator responsável por essa redução de O2 no ambiente aquático é a proliferação de diversas bactérias, causando danos a basicamente todas as espécies as quais vivem na água.

Pelo fato de ser tratada como inevitável pelos especialistas, você já deve imaginar que a decoada significa um fenômeno ecologicamente necessário. Afinal de contas, ela auxilia de maneira direta o equilíbrio do meio ambiente, apesar da morte em massa de alguns animais aquáticos, o que, por vezes, pode até assustar quem olha.

Na natureza, ação e reação representam vários processos que não podem ser impedidos. Exemplo disso é a fuga constante de muitos peixes rumo a baías próximas ao Rio Paraguai, buscando água limpa disponível por lá. Essas espécies recebem a denominação de ”peixes tontos”. O motivo é simples: eles ficam bastante debilitados pela decoada.

É importante, para compreender o fenômeno, também observar o outro lado. Há uma população de garças, por exemplo, que constantemente realiza migrações para áreas afetadas pela decoada, procurando alimentos a partir dos animais mortos.

Para a população local, pesa o fator do costume. Já que sempre acontece, o fenômeno exigiu mudanças no tratamento da água durante a época de atividade. Se não conseguem tratá-la do modo correto, as pessoas buscam o líquido limpo em riachos da região. Tudo isso é consequência da falta de oxigênio, que vimos lá no começo do post.

Por que a decoada ocorre no Pantanal?

Apesar de se notar alterações anuais na intensidade, a decoada sempre acontece no mesmo lugar: a área do Pantanal, bioma de mais de 250 mil quilômetros quadrados de extensão e inscrito como patrimônio mundial da UNESCO. Elementos como níveis da cheia e da seca interferem, porém o local não muda.

O fenômeno tem origem na zona da chamada Serra do Amolar. Nessa região, águas oriundas de partes altas, como Cuiabá e outros estados ao norte, se encontram. Os rios Paraguai, Taquari e Miranda são os que mais sofrem com a decoada, além da região do Passo do Lontra.

A área pantaneira é propícia para os fatores que levam à decoada porque, sobretudo, tem muitas enchentes. Coberta pelo alto nível das águas, a vegetação intensifica o processo de decomposição, facilitando a penetração de matéria orgânica. Somam-se a isso as temperaturas altíssimas e as fortes chuvas.

O Pantanal tem um ecossistema que também modifica as características químicas e joga lá embaixo o índice de oxigênio encontrado nos lagos e rios da região entre fevereiro e abril. A água, então, ganha tons escuros e passa a apresentar um forte cheio ruim.

Quem acompanha esse fenômeno?

A Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária (Embrapa) é uma das principais responsáveis nacionais pelo acompanhamento dos períodos de decoada. No Pantanal, também existem organizações não governamentais, como a Ecoa, que costumam tomar a dianteira nas pesquisas.

As universidades federais e estaduais do estado do Mato Grosso são outras instituições que contribuem com a avaliação do fenômeno. Para encontrar informações precisas sobre a decoada, vale a pena prezar pela consulta a arquivos da Embrapa Pantanal, que é, entre todas, a formação de pesquisadores há mais tempo estudando o assunto (mais de 20 anos).

Um desses grupos da Embrapa descobriu, entre os anos de 2011 e 2014, por exemplo, que a decoada influencia a dinâmica da emissão de metano e dióxido de carbono nos rios. De quebra, foi constatada a formação de algumas áreas, inclusive durante o fenômeno, que não se misturam à parte afetada, podendo servir de refúgio para peixes e outras espécies.

Vamos chegando ao fim do conteúdo. A decoada, portanto, é um evento anual e, pelo menos até hoje, inevitável. Assim como todos os outros fenômenos naturais, existem explicações plausíveis para que ela ocorra, e quem atua no cultivo de peixes deve se manter preparado para minimizar os impactos em meio ao período.

E aí, gostou do post? Se o texto a respeito da decoada foi útil para você, aproveite a visita ao nosso blog e conheça também as melhores práticas de bem-estar animal na piscicultura a fim de melhorar ainda mais a sua produção.

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