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Água residuária de piscicultura: como aproveitá-la?

Modificado em: fevereiro 25, 2025

Em tempos de reutilização, reciclagem e reúso, o aproveitamento da água residuária da piscicultura não pode ficar de fora desses movimentos. O aproveitamento dos recursos disponíveis não apenas gera economia, mas também promove a sustentabilidade, uma abordagem que vem ganhando destaque, especialmente diante da crescente demanda por produções mais ecológicas.

Para mais detalhes, este guia apresenta as melhores estratégias de aproveitamento e dicas para realizar um gerenciamento inteligente desses recursos na sua propriedade. Acompanhe.

Uso de água na piscicultura

A água é o pilar da piscicultura, influenciando diretamente a viabilidade econômica e produtiva do setor. O crescimento desse setor traz consigo a necessidade de atentar para a visão da sustentabilidade, uma vez que grande parte da produção envolve peixes de água doce. 

É preciso alinhar as estratégias de aproveitamento desse recurso para que possamos usufruir de uma produtividade escalável e que atenda à demanda populacional em constante expansão.

Por isso, atentar para o manejo desses efluentes é o primeiro passo para um aproveitamento consciente. Para começarmos esse debate, veja abaixo os principais impactos do descarte incorreto dessa água.

Impactos da água residuária

Confira os principais problemas que a água residuária não tratada pode causar.

Eutrofização

Esse é o maior problema. A eutrofização é um fenômeno causado pelo crescimento de algas, devido ao aumento na concentração de nutrientes em ambientes aquáticos. Entre esses elementos, destacam-se o nitrogênio e o fósforo — componentes amplamente disponíveis em rações para peixes e excretas.

Durante períodos de insolação, ocorre grande proliferação de algas, formando uma camada superficial semelhante a um caldo verde, fenômeno conhecido como floração. Essa cobertura bloqueia a passagem de luz para as regiões mais profundas do ambiente aquático, levando a um desequilíbrio generalizado no ecossistema aquático. 

Adicionalmente, a decomposição dessas algas mortas também desencadeia uma série de problemas, como a dissolução do oxigênio disponível devido ao metabolismo de microrganismos. O processo de eutrofização ocorre principalmente em lagos e reservatórios, que são ambientes de águas paradas.

Além disso, o crescimento exagerado de plantas aquáticas flutuantes, como o aguapé (Eichhornia crassipes) e a alface-d’água (Pistia stratiotes), causam transtornos em atividades recreativas, dificultam a navegação de embarcações e prejudicam o funcionamento de turbinas em usinas hidrelétricas, principalmente em períodos de escassez.

Contaminação de corpos hídricos

A água residuária da piscicultura quando não tratada também pode tornar a água imprópria para o consumo, além de alterar os parâmetros como turbidez e demanda bioquímica de oxigênio (DBO).

A contaminação dos corpos hídricos impacta a biodiversidade local, levando à perda de espécies sensíveis às mudanças desses teores e também levando à acidificação do pH da água devido às reações químicas.

Redução da atividade pesqueira

Esse é um fator consequente. Além da eutrofização, toxinas e estresse, há uma diminuição na qualidade da pesca e da sua população.

Composição da água residuária

Como mencionamos, a água residuária da piscicultura é rica em substâncias provenientes de excreção e restos de ração. Os principais componentes são:

  • cálcio (Ca²+);
  • magnésio (Mg²+);
  • carbono orgânico (C.O.);
  • fósforo (P);
  • potássio (K);
  • nitrogênio (N).

Para a agricultura, os nutrientes citados são responsáveis desde o funcionamento do metabolismo até a colheita. O cálcio fortalece a parede celular, promove o crescimento das raízes e auxilia na absorção de outros nutrientes, enquanto o magnésio é o principal como componente da clorofila.

Já o fósforo atua na transferência de energia e no desenvolvimento de raízes, flores e frutos, especialmente na divisão celular. O potássio melhora a resistência a estresses e ativa enzimas relacionadas ao metabolismo. Por fim, o nitrogênio faz toda a diferença no desenvolvimento, pois participa da formação de proteínas, clorofila e ácidos nucleicos, além de favorecer a fotossíntese. 

Possibilidades de aproveitamento

Separamos três estratégias bastante interessantes. Acompanhe.

Agricultura

A utilização da água residuária permite integrações de técnicas como fertirrigação (técnica de aplicação de irrigação rica em nutrientes dissolvidos) de maneira mais econômica.

De maneira geral, as culturas que mais se beneficiam da água residuária de piscicultura são as hortaliças e forrageiras, devido ao seu ciclo curto e praticidade.

Veja as principais que podem se beneficiar da água residuária:

  • hortaliças — além da alface, tomate, rabanete e outras folhosas, têm mostrado um bom desenvolvimento quando irrigadas com esses efluentes;
  • forrageiras — espécies como a Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã e o capim Zuri (Panicum maximum) apresentam aumento no teor de proteína bruta e produtividade com a utilização.

Aquaponia

Também conhecida como sistema aquapônico, essa técnica combina piscicultura e hidroponia de forma simbiótica. A hidroponia, por sua vez, é um método de cultivo que dispensa o uso de solo, utilizando uma solução rica em nutrientes para garantir o desenvolvimento das culturas. As olerícolas, principalmente folhosas como alface, são excelentes para essa abordagem.

Produção de biofertilizante 

Como essa água é rica em nutrientes, como nitrogênio, fósforo e potássio, ela pode ser tratada e fermentada para produzir esse tipo de fertilizante orgânico. É um processo relativamente simples, que requer os seguintes passos:

  • filtrar a água residuária: remova os resíduos maiores, como partículas de ração ou sedimentos;
  • adicionar biomassa preparada: é importante complementar com matéria orgânica rica em carbono para o processo de fermentação. Esse material pode ser composto de ser esterco animal e restos culturais triturados;
  • vedar para fermentação anaeróbica: coloque a água em um recipiente fechado (como um tambor ou tanque) para fermentação anaeróbica e, se preferir, aplique um inoculante biológico para acelerar o processo;
  • ter atenção à proporção: de maneira geral, para cada 100 litros de água residuária, adicione de 2 a 5 kg de matéria orgânica e 1 a 2 litros de inoculante biológico.

Gerenciamento de água residuária

O gerenciamento da água de maneira eficiente é um dos temas mais discutidos, especialmente para promover a sustentabilidade ambiental. Inclusive, de acordo com os dados da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), o Brasil produziu 887.029 toneladas de peixes de cultivo em 2023, registrando um crescimento de 3,1% em relação ao ano anterior.

Nesse cenário, para atender a demanda populacional em constante crescimento, é importante aplicar as estratégias que citamos e adotar as diretrizes do Sistema de Recirculação da Água (RAS). 

Trata-se de um sistema de produção que reaproveita a água após tratamento, promovendo maior economia e aproveitamento. Atualmente, esse processo já foi introduzido com sucesso em regiões semiáridas.

Para que o RAS seja implementado com sucesso, no entanto, quatro princípios precisam ser seguidos:

  1. planejamento e dimensionamento precisos de todos os componentes do sistema;
  2. implementação de sistemas de segurança e fontes de energia de reserva, como geradores;
  3. contar com profissionais altamente capacitados;
  4. priorizar o cultivo de espécies de elevado valor comercial e boa rentabilidade.

Essa abordagem pode ser bem aproveitada com as estratégias que citamos acima, principalmente com a hidroponia. Afinal, as raízes das culturas desempenham o papel de filtro biológico e há uma interação benéfica entre os peixes.

Tecnologias para manejo da água residuária

Além do RAS, algumas inovações também vêm surgindo como aliadas para o aproveitamento da água residuária da piscicultura de maneira sustentável. A primeira que podemos citar é o wetland. Esse é um sistema projetado para tratar água residuária, aplicando os processos naturais de purificação encontrados em zonas úmidas. 

Esses sistemas utilizam plantas aquáticas (macrófitas) em um meio suporte, geralmente areia, brita ou cascalho, capazes de promover a proliferação de microrganismos que atuam na degradação da matéria orgânica complexa, transformando-os em elementos mais simples que podem servir como nutrientes para as plantas. Alguns exemplos são taboas (Typha spp.) e juncos (Scirpus spp.).

Outro exemplo é a osmose reversa. É uma tecnologia de separação por membranas bastante eficaz para remover contaminantes, especialmente sais, incluindo nitratos. Ou seja, essa membrana retém a maioria dos contaminantes, incluindo sais, bactérias e vírus, permitindo a passagem apenas de moléculas de água. Como resultado, conseguimos uma água de alta pureza, adequada para diversos usos.

Como vimos, o aproveitamento estratégico da água residuária da piscicultura não é apenas uma questão de economia, mas um passo importante em direção à sustentabilidade ambiental.

Adotar estratégias que permitam o reúso desse recurso valioso faz toda a diferença. A implementação de sistemas de recirculação (RAS), wetlands construídos e osmose reversa, além de técnicas como fertirrigação e aquaponia são exemplos de sucesso.

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