Existem diversos tipos de carpas no mercado e elas têm ganhado cada vez mais destaque na piscicultura devido ao seu alto valor agregado, especialmente para ornamentação. Além disso, essa espécie tem excelente versatilidade, podendo ser utilizada em pescarias esportivas, controle de vegetação aquática e até mesmo para o campo de pesquisa e ciência, no estudo sobre ecologia!
De fato, esse peixe é fascinante, o que aumenta a busca por informações sobre como realizar sua criação e quais as melhores variedades disponíveis no mercado. Para isso, preparamos este guia detalhado que abordará os principais tipos de carpas e finalidades, além de um tutorial sucinto de como criá-las. Boa leitura!
O que são carpas?
A carpa, cujo nome científico é Cyprinus carpio, é uma espécie de peixe comum na Ásia, África e Europa, originária da China. Esse animal carrega diversos significados místicos da cultura oriental, sendo considerado um símbolo de boa sorte, virilidade, sabedoria e resiliência.
Também conhecida como koi ou karpa koi, é criada em tanques há mais de mil anos e capaz de habitar águas cálidas, como rios de fluxo lento e lagos. Sua alimentação consiste principalmente em pequenos invertebrados encontrados no lodo, ao fundo de rios e lagos.
Quais são os tipos de carpas?
Confira quais são as variedades dos tipos de carpas mais interessantes para serem adotadas em escala comercial.
1. Carpa-húngara
A carpa-húngara é um tipo de carpa que lida bem com as mudanças de temperatura, o que facilita seu manejo. É um peixe adaptável, perfeito para uma criação de potencial rentável. Além disso, tem um crescimento rápido, capaz de atingir de 800 gramas a até 1 quilo no primeiro ano de vida.
Suas escamas são pequenas e uniformes, distribuídas por todo o corpo, com tons que variam do amarelo-claro ao bege dourado. Nos pesqueiros, podem atingir até 35 kg, enquanto na natureza, especialmente na Europa, podem ultrapassar os 60 kg. Costuma habitar o fundo de lagos e rios em busca de alimento, embora nos pesqueiros ela tenha o hábito de se alimentar na superfície.
Geralmente come zooplâncton, minhocas, pequenos moluscos e insetos. No entanto, essa preferência alimentar pode limitar seu manejo a tanques-redes, uma vez que em lagos e açudes, esse peixe tem o hábito de revirar o fundo e as paredes.
2. Carpa-espelho
O seu nome é atribuído à sua particularidade escamosa que se assemelha a espelhos, uma característica marcante deste peixe. Embora sejam semelhantes com a húngara, sua diferença reside principalmente na presença dessas escamas de maior comprimento.
Essa variedade tem um potencial de crescimento notável, podendo alcançar mais de um metro de comprimento e pesar até 40 quilos, especialmente quando livre em seu habitat natural.
A dieta da carpa espelho consiste principalmente de zooplâncton e organismos encontrados em profundidade, incluindo minhocas, moluscos pequenos e larvas de insetos. Quanto à reprodução, se dá uma vez por ano, durante o intervalo entre o final do inverno e o início da primavera.
3. Carpa-cabeçuda
Em termos visuais, sua característica distintiva são as numerosas pequenas manchas escuras distribuídas ao longo do corpo. Além disso, tem escamas uniformes e pequenas, e uma boca de tamanho considerável. Essas características a tornam bastante similar à carpa-prateada.
Também, sua principal característica reside na cabeça, com 25% do seu corpo. Tende a ser mais comprida que as outras variedades. É considerada uma espécie com carne mais saborosa para o consumo.
Outra característica é sua excelência para criação comercial. Em um ano, ela pode atingir até 15 kg em condições adequadas e tem particularidades distintas, como se alimentar nas camadas próximas à superfície e tem preferência na dieta com alimentos mais doces, como mel, frutas e amendoim. Na natureza, pode atingir pesos acima dos 50 kg, sendo uma ótima alternativa para pesca esportiva.
4. Carpa-capim
A carpa-capim é 100% herbívora, se alimenta de vegetação aquática submersa e gramíneas. Inclusive, consome grandes quantidades de capim, representando de 30% a 90% de seu peso, o que rendeu esse nome popular.
Devido à sua dieta, a carpa-capim é conhecida por gerar uma quantidade significativa de adubo, sendo uma excelente opção de consorciação para hidroponia em tanques, com um melhor aproveitamento a longo prazo. Ademais, pode atingir um peso superior a 15 kg durante o período de cultivo.
É uma espécie bastante valorizada na piscicultura, especialmente em áreas que apresentam crescimento excessivo de plantas aquáticas em lagos e açudes. Sua dieta herbívora desempenha um papel crucial na preservação da saúde ecológica dos ecossistemas aquáticos.
5. Carpas Nishikigoi
Essa é uma das variedades mais apreciadas com alto valor comercial, empregada por paisagistas e entusiastas em projetos de decoração de lagos, espelhos d’água e piscinas naturais. Destacam-se por suas cores vibrantes, aparência imponente e movimento gracioso ao nadar.
De acordo com a ciência, todas as carpas ornamentais pertencem à espécie Nishikigoi. No entanto, devido à diversidade de padrões, elas são classificadas em exposições internacionais em várias categorias.
Na Categoria A (ou Go Sanke), destacam-se 4 variedades:
- Kohaku — apresenta coloração branca, com manchas vermelhas bem delimitadas e cores bem aparentes, com borda também bem definida. As manchas correspondem a cerca de 50 a 70% do corpo, e o branco, de 30 a 50%;
- Taisho — apresenta três cores, com o corpo predominantemente branco e padrões vermelhos semelhantes ao kohaku, além de manchas pretas, também conhecidas como “Sumi”, distribuídas pelo corpo;
- Showa — essa Nishikigoi possui três cores, com o ventre negro com manchas vermelhas e brancas;
- Utsurimono — consiste em três variedades de cores distintas. A principal é a Shiro Utsuri (preto e branco), seguida pela Hi Utsuri (preto e vermelho), bastante valorizada, e a última, porém não menos significativa, é a Ki Utsuri (preto e amarelo).
Por outro lado, na Categoria B, há uma ampla gama de opções, como:
- Bekko — tem coloração branca com manchas negras. Em outras regiões, essa carpa pode apresentar cor vermelha, branca ou amarelada com manchas escurecidas. Suas variações mais valiosas possuem manchas maiores e mais bem definidas;
- Asagi — a base da cor é o branco, com escamas no dorso que apresentam uma pigmentação azul ou cinza, formando um padrão semelhante a uma pinha ou rede;
- Shusui — existem três variedades de cores distintas. A principal é a Shiro Utsuri (preto e branco), seguida pela Hi Utsuri (preto e vermelho), e a terceira variedade, igualmente expressiva, é a Ki Utsuri (preto e amarelo);
- Goshiki — essa carpa tem o ventre acinzentado com algumas manchas marrons.
Como criar carpa?
Além de abordar os tipos de carpas, separamos um tutorial prático sobre como criá-las em cativeiro. Confira.
Faça o planejamento
Antes de iniciar a atividade, é crucial avaliar a demanda no mercado local. Ao adquirir alevinos, certifique-se de que tenham, pelo menos, 6 centímetros de comprimento.
No Brasil, esses peixes podem ter valores comerciais de até R$10 mil, especialmente aqueles que exibem cores vibrantes e padrões marcantes. Eles ocupam uma posição de destaque no mercado de peixes ornamentais, que gera um movimento financeiro de aproximadamente R$700 milhões anualmente no mercado nacional.
Adote o sistema ideal
Os sistemas mais comuns são o extensivo, que possibilita o policultivo com outras espécies de carpas, e o semi-intensivo, que oferece uma produtividade superior. Esse último, porém, demanda um investimento mais significativo, uma vez que requer um capital de giro substancial e o uso de rações específicas.
A densidade de peixes pode variar consideravelmente, indo desde um peixe a cada 20 a 50 m² no sistema extensivo e até dois exemplares por m² no sistema semi-intensivo.
Utilize viveiros escavados
Os viveiros escavados, com profundidade entre 1 e 2 metros, devem estar equipados com um sistema de drenagem controlado, como um cachimbo no fundo, para esgotar a água conforme necessário. Também podem ser criadas em tanques de lona.
Para o abastecimento, é recomendado instalar canaletas posicionadas de forma a permitir o enchimento por gravidade, com uma renovação diária equivalente a 10% do volume total de água.
Na reprodução natural, os viveiros devem ter pelo menos 300 metros quadrados de área. Para o sistema semi-intensivo, tanques a partir de 200 metros quadrados são adequados para a engorda.
Avalie a qualidade da água
A água pode ser proveniente de riachos ou nascentes próximas à área de manejo. No entanto, para realizar o desvio e a condução do fluxo hídrico, é necessário cumprir requisitos e obter autorização dos órgãos ambientais competentes.
É essencial realizar avaliações regulares da coloração, transparência e dos níveis de oxigênio dissolvido, amônia total e amônia não ionizada. A temperatura ideal varia entre 24 ºC e 28 ºC, enquanto o pH deve se aproximar da neutralidade (7).
Além disso, realize a manutenção e limpeza dos equipamentos usados na criação com regularidade, evitando o uso de produtos químicos. Embora as carpas possam tolerar níveis baixos de oxigênio dissolvido, é aconselhável ter bombas ou quedas d’água para garantir a presença adequada de gás.
Fique atento aos períodos de reprodução
A reprodução natural nos viveiros ocorre na primavera, em que os ovos são depositados em plantas aquáticas. Após a eclosão, os alevinos são transferidos para os tanques de larvicultura. Além disso, também pode ser realizada de forma artificial, por meio da indução dos reprodutores com hormônios presentes na hipófise de peixes.
Esse procedimento deve ser conduzido por profissionais experientes e em laboratórios especializados. As carpas-húngaras podem produzir de 100 mil a 200 mil óvulos para cada quilo de peso da fêmea.
Esse foi o nosso guia detalhado sobre os tipos de carpas, com o passo a passo prático sobre como realizar a sua criação. Como pode-se perceber, de todas, a variedade Nishikigoi é a que mais destaca devido ao seu valor ornamental alcançando valores de até R$10 mil, a depender do vigor e tamanho do peixe.
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