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Como impulsionar o desenvolvimento da piscicultura marinha no Brasil?

Modificado em: maio 31, 2023

Nessa edição meu objetivo é comentar alguns aspectos que devem ser trabalhados para o desenvolvimento da piscicultura marinha no Brasil. Dentre as dificuldades do desenvolvimento da atividade posso citar a ausência de instituições de ensino devidamente equipadas. Atualmente no Brasil existem pouquíssimas instituições de ensino que possuem setores que abordam a atividade de uma forma ampla, com setores para reprodução, larvicultura, alevinagem/engorda e sanidade de peixes marinhos. O aspecto positivo é que durante o período em que tivemos o Ministério da Pesca e Aquicultura algumas universidades foram modernizadas e novas instituições passaram a ter um setor de piscicultura marinha.

O reflexo da carência de instituições de ensino com um setor de piscicultura marinha é ausência de profissionais devidamente qualificados para o desenvolvimento da atividade. Me atrevo a dizer que atualmente no Brasil, não existem 10 profissionais devidamente qualificados para serem possíveis “gerentes” (pessoa com conhecimento desde a produção de alimento vivo de qualidade até o envio do juvenil para engorda) de um laboratório de produção de juvenis de peixes marinhos no Brasil.

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Em minha opinião também falta uma continuidade no desenvolvimento do pacote tecnológico de uma determinada espécies. Essa “falta de foco” vem desde as políticas públicas no setor que mudam rapidamente, até mesmo do trabalho dos próprios pesquisadores, que muitas vezes devido a necessidade de publicarem artigos científicos focam em muitas espécies, ou até mesmo por falta de financiamento adequado para o desenvolvimento de um pacote completo. Nesse sentido eu também acho importante uma maior aproximação do setor produtivo com os centros de pesquisa e desenvolvimento, que as vezes não se conversam como deveriam.

A carência de dietas adequadas aos peixes marinhos também é um problema atual. A farinha e o óleo de peixe fabricados no Brasil não possuem em sua grande maioria qualidade adequada, principalmente em ácidos graxos altamente insaturados (n-3 HUFA) e alguns aminoácidos essenciais.

Desta forma, a importação desses produtos além de onerar em muito o preço da ração, gera uma variação na qualidade da ração. Esse aspecto tem sido bastante discutido entre a academia e as indústrias de ração e passos positivos têm sido dados para tentar resolver esses problemas nos últimos anos.

Existe também a necessidade de desenvolvimento de equipamentos específicos para a atividade. Muitos equipamentos como tanques-redes e equipamentos para sistemas de recirculação de água para sistemas marinhos como reatores de ozônio, skimmers, raios ultravioletas são importados. A boa notícia nesse aspecto é que com a incipiente produção que temos algumas empresas nacionais estão trabalhando para desenvolver esses equipamentos.

Os licenciamentos ambientais e a regularização de áreas aquícolas são aspectos fundamentais para o entrave não só da piscicultura marinha como para a aquicultura de uma forma geral no Brasil. Para maiores informações sobre essa temática sugiro a leitura do artigo publicado na primeira edição da Aquaculture Brasil “Regulamentação da Aquicultura Brasileira: Nadando em águas turvas e turbulentas”, que traz de forma geral e bem concisa um resumo dessa temática.

Embora existam todas essas dificuldades, sou otimista e acredito que passos importantes foram dados nos últimos anos. Como é uma atividade nova no Brasil, o bom é que existe muito trabalho a ser desenvolvido!

(Fonte: AQUACULTURE BRASIL – Ricardo Vieira Rodrigues)


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