Sempre que for investir em algum segmento, existe a necessidade de pesquisar sobre o mercado e de entender quais são as principais tendências e novidades para o próximo período. Dessa forma, além de entender como anda o crescimento dessa área no Brasil e no mundo, produtores têm a possibilidade de buscar por tecnologias e produtos que contribuam para resultados mais efetivos, gerando diferencial competitivo. Na aquicultura, não é diferente.
Com grande potencial no Brasil (devido à extensão territorial), esse é um mercado que vem trazendo bons frutos ao país nos últimos anos — sem sofrer nenhum tipo de impacto com os desafios impostos pela pandemia global.
Pensando nisso, elaboramos este material para que você entenda o que é a aquicultura, quais são os seus impactos positivos e negativos, como está o mercado no Brasil e no mundo, além de explicarmos o seu crescimento nas últimas décadas (especialmente de 1990 para cá). Continue a leitura e saiba mais!
O que é aquicultura?
De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, também conhecida como FAO, aquicultura (ou aquacultura) pode ser entendida como o cultivo de organismos aquáticos, sejam eles crustáceos, moluscos, plantas ou peixes.
Essa é uma atividade que pode ser desenvolvida tanto em água doce ou salgada. Sendo assim, é um tipo de cultivo que garante a renda de pessoas que vivem no litoral brasileiro, bem como em grandes ou pequenas propriedades rurais.
A EMBRAPA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, afirmou que o Brasil é um excelente território para a prática da aquicultura. Afinal, apresenta condições climáticas (tropical) e territorial para realizá-la.
Quais são os impactos da aquicultura?
Os impactos da aquicultura variam em relação a cada referência. Se pegarmos, por exemplo, o meio ambiente, ele também sofre interferência de acordo com o país onde a prática é executada. Em uma nação de grande extensão territorial, como o Brasil, a região também vai influenciar significativamente.
Conforme mencionamos, a aquicultura pode ser tanto de água doce quanto de salgada. Ou seja, nas regiões litorâneas ou em propriedades rurais no interior. Nesse sentido, para ter um entendimento preciso sobre os impactos ambientais e sociais que ela exerce no meio, é preciso entender o contexto no qual está inserida — bem como a legislação na aquicultura.
A espécie cultivada também terá forte influência nesse sentido. Salmão, enguia, camarão e pitu, por exemplo, são alguns dos exemplos que impactam mais o meio ambiente, enquanto algas, moluscos e ostras quase não interferem.
Impactos ambientais
Embora os efeitos climáticos sejam relativamente menores na aquicultura que em outras práticas realizadas, ainda existem alguns pontos que devem ser considerados e estudados para evitar problemas maiores. A seguir, a gente explica alguns deles.
Acidificação do ambiente aquático
Quando mencionamos sobre os danos causados pela emissão de CO2, nos remetemos principalmente ao efeito estufa e ao aquecimento global. Porém, essa prática também atinge de forma direta os ambientes aquáticos. A acidificação ocorre quando há uma redução do pH da água de oceanos, o que pode afetar diretamente na vida marinha.
Como a aquicultura contribui para a acidificação? Especialmente quando há um aumento significativo de matéria orgânica na água. Entre eles, destacamos dejetos e restos de ração. Por essa razão, o ideal é que os produtores, ao começar a investir na criação de diferentes espécies, estudem formas sustentáveis para levar adiante a sua produção.
Embora algumas espécies sejam mais impactantes do que as outras, qualquer criação pode ser feita de forma sustentável, principalmente com o avanço da tecnologia na aquicultura.
Prejuízos ao fundo do oceano
Na aquicultura, há uma grande concentração de animais em uma pequena área do oceano. Por essa razão, existem riscos de haver contaminação fecal no local, uma vez que há quantidade expressiva de fezes produzidas pelos animais — trazendo prejuízos ao fundo do oceano.
Quais os impactos positivos da aquicultura?
Porém, devemos ressaltar que existem impactos muito positivos da aquicultura e que devem ser considerados. Confira quais são eles!
Preservação de estoques
Conforme vimos, grande parte do consumo mundial de pescados vem da aquicultura. Nesse sentido, essa é uma prática essencial para preservar estoques em diferentes localidades, garantindo o consumo e o comércio desses animais.
Preservação e conservação de espécies em extinção
Geralmente, a aquicultura exerce um importante papel para a preservação e conservação de espécies em extinção — o que contribui para que a prática tenha um papel importante para manter esse equilíbrio das espécies.
Geração de emprego e renda
Por fim, não podemos deixar de lado a preservação de emprego e renda. Como a produção é alta, consequentemente contribui de forma direta para que mais pessoas possam exercer atividades e garantir o sustento de suas famílias.
Quais as diferenças entre aquicultura de água doce e água salgada?
Existem diferenças consideráveis quando comparamos a aquicultura de água doce para a água salgada, tanto no modo de produção quanto nos cuidados necessários para cada uma das criações. Afinal, cada um dos organismos cultivados conta com adaptações diferenciadas, tanto anatômicas quanto fisiológicas. Além disso, espécies se adaptam de formas diferentes de acordo com os níveis de salinidade. A tilápia, por exemplo, se adapta bem à salinidade intermediária.
O cultivo em água doce
Quanto ao cultivo das espécies em água doce, normalmente ele é praticado em viveiros escavados no solo. Também são utilizados tanques-rede, tanto em sistemas de recirculação da água quanto em sistema de bioflocos. Porém, os sistemas mais utilizados no Brasil são viveiros escavados e tanques-rede.
O cultivo em água salgada
Quanto ao cultivo em água salgada, vai depender da espécie e da região. No caso da piscicultura marinha, por exemplo, o processo é feito em tanques-rede. Quando a intenção for criar ostras e mexilhões, as estruturas são instaladas diretamente no ambiente marinho.
Já a carnicicultura, opta-se pela escavação de viveiros próximos ao litoral. Como a tecnologia avança de forma continuada, hoje, já existe, até mesmo, a possibilidade de essa criação ser feita em regiões afastadas da costa, pois há soluções e sistemas de criação em bioflocos bacterianos.
A criação de espécies de água doce e salgada
Quando entendemos sobre a atuação do Brasil na aquicultura, o primeiro diferencial a ser observado está relacionado à possibilidade de produzir tanto em água doce quanto em água salgada. Existem locais, por exemplo, que são focados apenas em um tipo de produção, o que dificulta a expansão do mercado e a venda internacional.
Como está o mercado de aquicultura no mundo?
Se formos observar o consumo de animais aquáticos, a aquicultura representa mais da metade dos frutos do mar consumidos em todo o mundo. Ou seja, supera aqueles capturados em ambiente natural por pescadores.
O relatório “Blue Frontiers: Managing the environmental costs of aquaculture”, publicado pela Conservação Internacional e também pela WorldFish Center, concluiu que, embora ela ofereça grandes impactos (principalmente para pequenos produtores), ela é mais eficiente quando comparamos com outras formas de produção de proteína animal (agricultura, por exemplo). Afinal, há menos emissão de nitrogênio e fósforo, comuns em criações de animais suínos e bovinos.
Em relação ao que a aquicultura produz, ela é responsável por cerca de 99% das algas marinhas do mundo, 90% das carpas e 73% dos salmões. Além disso, 50% do fornecimento de tilápias, mariscos, caranguejos, bagres e lagostas também vêm da prática.
Qual a realidade no Brasil?
Se fizermos um estudo sobre a realidade da aquicultura no Brasil, também identificaremos uma forte presença da prática. Do total de 1,2 milhão de toneladas, por exemplo, 415 mil vieram da aquicultura.
Nesse sentido, devemos destacar que os números seguem a mesma tendência da produção mundial, principalmente quando consideramos a junção de produção de água doce e salgada. De acordo com o IBAMA, em 1997 a produção foi de 87.500 toneladas. Já no ano de 2006, a produção subiu para 271.500. Mais recentemente, como vimos, mais de 400 mil de pescados comercializados no país foram provenientes da aquicultura.
Principais modalidades de aquicultura no Brasil
Quando estudamos sobre a aquicultura e o seu mercado no país, é importante entender sobre as principais modalidades existentes. Confira quais são elas:
- piscicultura — criação de peixes;
- ranicultura — criação de rãs;
- carnicicultura — criação de camarões;
- malacocultura — criação de ostras, mexilhões, moluscos;
- quelonicultura — criação de tartarugas e tracajás;
- algicultura — cultivo de alga;
- criação de jacarés.
Diferenças entre as regiões
Novamente, destacamos o fato de haver diferenças significativas entre as regiões, uma vez que o país tem grandes dimensões. Nesse sentido, cada região do país há suas criações específicas, como vemos a seguir:
- região Norte — tambaqui, pirapitinga;
- região Nordeste — camarão marinho, tilápia;
- região Sudeste — tilápia, pintados e pacu;
- região Centro-Oeste — pacu, pintados e tambaqui;
- região Sul — carpas, ostras, mexilhões, jundiá.
Desafios do Brasil
Conforme vimos, há um grande potencial do Brasil para a produção de diferentes animais. Porém, ainda existem alguns desafios que precisam ser superados. No país, é percebida uma defasagem quando nos referimos ao estudo e dados científicos para estruturar melhor as produções, seja no litoral, seja em grandes e pequenas propriedades.
Caso haja uma ampliação do conhecimento em diferentes níveis, os resultados serão mais atrativos, garantindo um melhor posicionamento do Brasil frente ao mercado mundial. Afinal, haverá melhorias quanto à reprodução dos animais, à nutrição, à fisiologia, além de os estudos também focarem em trazer soluções para que a prática da aquicultura seja sustentável.
Para isso, o ideal é que haja uma aproximação entre órgãos de pesquisa e a produção. Dessa forma, profissionais terão o entendimento sobre o contexto de produção, as diferenças existentes para cada região, o modo de criação e suas particularidades, entre outras informações.
O Brasil como superpotência na aquicultura
Justamente os desafios enfrentados pelo Brasil o impedem de se tornar uma superpotência na aquicultura. Para que haja maior efetividade na produção, mais volume e, consequentemente, maiores lucros, existe a necessidade de haver um maior investimento tanto em pesquisa quanto em tecnologias.
Inclusive, esse é um segmento que tende a se elevar para os próximos anos. De acordo com as Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, devido a aquicultura ser uma forma rápida de produzir proteína animal, é um ramo essencial para o combate à fome em todo mundo, bem como para garantir suprimentos de alimentos para países mais carentes.
Justamente por isso que, em alguns campos de pesquisa, o objetivo tem sido aperfeiçoar a matriz genética da produção — em outros meios, como a criação de frangos, bovinos e suínos, trazer melhorias genéticas para os animais foi a virada de chave para que alcançasse um patamar de alto desenvolvimento.
Como se deu o crescimento do mercado nos últimos anos?
Desde a década de 1990, observamos um importante crescimento da aquicultura, tanto no cenário mundial quanto no cenário nacional — cujo aumento foi ainda mais significativo. Prova disso é a comparação com as importações de produtos pesqueiros para o país. Na década de 1990, por exemplo, houve um gasto superior a 300 milhões de dólares para abastecer o mercado doméstico. Grande parte das importações estava relacionada a bacalhau, salmão e merluza.
Além disso, temos uma diferença significativa quando comparamos regiões distintas. Pelo fato de o Brasil ser um país com dimensões continentais, há distorções socioeconômicas que interferem na aquicultura.
Para se ter uma ideia do crescimento da prática no país se comparado com o restante do mundo, houve uma expansão de 9% em 1999 no mercado global, o que equivalia a um valor líquido de 40 bilhões. Já no Brasil, nesse mesmo período, a expansão foi de 35%, cujo valor girou em torno de 30 milhões de dólares. Grande parte desse mercado nacional compreendia o comércio de peixes vivos para o lazer.
Quais tecnologias e soluções estão auxiliando a aquicultura?
Conforme vimos, o que mais vai impactar para o crescimento e desenvolvimento constantes da aquicultura no país é o investimento em novas tecnologias (aquicultura 4.0, por exemplo). De acordo com pesquisadores da Embrapa, quando houver um aumento dessa aplicação de recursos, o que tende a acontecer com o segmento é parecido com o que ocorreu com a avicultura — elevar o patamar tecnológico permitiu que se tornasse uma das maiores cadeias de exportação do Brasil.
Hoje, o maior emprego tecnológico ocorreu na cadeia produtiva de tilápia, justamente o animal que corresponde a quase 40% da produção nacional. Vimos, ainda, sobre a importância do melhoramento genético, estratégia utilizada para outros meios de produção.
Quanto à produção de tilápia, essa é uma tecnologia que já vem sendo aplicada, contribuindo para que haja ganho de peso desses animais com a mesma quantidade de ração consumida.
Outro ponto de destaque quanto ao melhoramento genético está relacionado à capacidade de reduzir o ciclo de produção, proporcionando animais que tenham maior rendimento de filés.
Quais as expectativas para o futuro?
No mesmo relatório apresentado acima, estudiosos chegaram à conclusão de que a demanda de produtos da aquicultura conseguirá manter padrões elevados para os próximos anos. Quando foram feitas estimativas — conservadoras — , constatou-se de que, nos próximos anos, a produção chegará entre 79 e 100 milhões de toneladas por ano em 2030, contra 65 a 85 toneladas produzidas dez anos antes.
Em 2020 e em 2021, a pandemia da Covid-19 trouxe alguns impactos para diferentes setores da economia. Porém, o ramo de pescados não houve tanta alteração. De acordo com um estudo realizado pela Embrapa Pesca e Aquicultura de Tocantins, em parceria com a Universidade Federal do Tocantins, não houve redução quanto ao consumo de pescado devido ao distanciamento social.
Enquanto 27% dos entrevistados afirmaram que houve uma redução de consumo, outros 18% declararam que aumentou a frequência. Quanto ao mercado como um todo, houve modificações na forma de consumo. Quanto à aquisição de peixe congelado, houve um aumento na produção e comercialização. Porém, o consumo de comida japonesa teve uma redução.
Como se preparar para elas?
Sabemos, dessa forma, que a tendência da aquicultura no país é de crescimento. Para se preparar para todas essas transformações, o ideal é contar com produtos de qualidade e estudar os diferentes produtos existentes para que a aquicultura possa trazer os resultados almejados. A seguir, selecionamos alguns deles.
Buscar por produtos de qualidade para a aquicultura
Seja qual for os animais aquáticos criados em sua propriedade, é importante contar com produtos que sejam de qualidade para poder oferecer ao mercado itens que contribuirão para o crescimento da aquicultura no país.
Existem materiais, por exemplo, que oferecem um sistema integrado de criação de organismos aquáticos, seja em tanques, seja em viveiros escavados, com a preocupação de serem recobertos e impermeabilizados.
Dessa forma, alguns ganhos podem ser usufruídos pela produção:
- bloqueio das perdas de água por infiltração;
- redução das operações de solda no local da obra — minimizando o tempo e o custo;
- possibilidade de aplicar os materiais em diferentes tipos de criação.
Escolher produtos adequados para cada tipo de criação
Na aquicultura, quando há início da criação de organismos vivos, existe a necessidade de entender como é o processo de trabalho para aquela espécie em particular, uma vez que vai impactar nos produtos a serem comprados e até mesmo no meio de criação.
Além disso, existe a possibilidade de buscar por itens que favorecem a expressão genética da linhagem desses organismos, contribuindo para um uso mais eficiente da água e também para a ocupação do espaço.
As vantagens de buscar por um tanque de criação que atenda à realidade de sua criação e que tenha tradição no mercado são muitas. Entre elas, destacamos especialmente:
- facilidade de instalação e montagem;
- facilidade para a separação de sólidos;
- redução nas perdas de água;
- minimização das perdas de ração — contribuindo para a redução de custos da criação;
- baixo impacto ambiental — o que possibilita o desenvolvimento de uma aquicultura sustentável (explicaremos melhor mais adiante);
- manutenção da qualidade da água.
Todos esses ganhos possibilitam uma vantagem competitiva para a criação. Dessa forma, aliado ao potencial de desenvolvimento da aquicultura no Brasil, temos ainda mais oportunidades de crescimento internacional.
Analisar as condições da criação
Também é importante analisar as condições da criação. Exemplo: caso os animais não sejam criados em seu habitat natural, é preciso contar com produtos específicos que garantirão a qualidade do que é vendido e ao mesmo tempo que trarão sustentabilidade para a sua propriedade.
Nesse caso em específico, é preciso contar com uma estrutura em formato de arco, que vai cobrir por completo toda a área que abriga, inclusive os espaços laterais. Por meio de uma estrutura como essa, é possível cultivar peixes ou alevinos, de acordo com as necessidades do produtor. Ela vai oferecer cobertura tanto para a entrada de luz quanto para proteger contra intempéries.
Como desenvolver a aquicultura sustentável?
Já falamos ao longo do material algumas vezes sobre aquicultura sustentável. Trata-se da produção lucrativa dos organismos aquáticos, de forma que haja uma preocupação com as comunidades locais e com os ecossistemas. Ou seja, a interação entre quem produz e o meio deve ser harmônica. Apesar disso, ela continua sendo lucrativa para quem produz, considerando sempre quais são as externalidades e os custos envolvidos.
Porém, é preciso considerar que a aquicultura é uma atividade que demanda muitos recursos naturais. Água, solo, energia etc. são utilizados para que se possa fazer a produção de forma efetiva.
Nesse cenário, a aquicultura sustentável estará atenta em produzir com lucratividade e conservando todos os recursos utilizados — sem que haja a acidificação do ambiente aquático, por exemplo —, bem como promover o desenvolvimento social.
De acordo com o CONAMA, também conhecido como Conselho Nacional do Meio Ambiente, a atividade é considerada de baixo impacto. Como vimos, outros meios de produção trazem mais degradação (criação de gados e porcos). Nesse sentido, o licenciamento ambiental para que sejam iniciados empreendimentos da área são relativamente mais simplificados.
Neste conteúdo, você pôde entender o que é a aquicultura, quais são os seus impactos positivos e negativos, além de conferir as principais tendências.
Conforme vimos, aplicar a tecnologia e buscar por produtos de qualidade é a principal saída para que o mercado se torne mais competitivo e haja um destaque maior no cenário mundial. Dessa forma, há a possibilidade de trazer um resultado de qualidade e, ao mesmo tempo, com lucratividade.
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