Para entender o tempo necessário para a criação de peixes, é preciso conhecer o mercado e quais as expectativas e exigências dos consumidores. A primeira etapa, dentro do processo de criação, é a reprodução, seguida pela incubação dos ovos e, após a eclosão, acontece a larvicultura. Na sequência, ocorre a alevinagem, que é a produção dos alevinos (filhotes de peixe).
Depois da alevinagem, acontece a recria. Essa fase pode ainda ser dividida em duas etapas: na primeira, ocorre a produção de juvenis e na segunda a engorda, quando os peixes se desenvolvem, crescem e ganham peso, ou seja, são preparados para o mercado.
Agora que você já conhece as fases da criação de peixes, vamos ver como elas se aplicam em relação às principais espécies. Prossiga a leitura e descubra!
Tempo de produção para cada espécie
Tilápia
A tilápia é considerada um dos melhores peixes para criação, especialmente em água doce (o que não descarta a possibilidade de ser produzida em água salobra ou água do mar), principalmente por ter algumas características importantes como poucas espinhas intramusculares, boa taxa de crescimento e rápido tempo de criação. No Brasil, o tempo de engorda varia de 4 a 11 meses, dependendo do local, clima, temperatura e qualidade da água e as exigências do mercado.
As tilápias também são fáceis de serem mantidas em ambientes como os aquários, o único problema é que comem todas as plantas ornamentais e constroem ninho no fundo do aquário causando o efeito de um furacão ou de um maremoto. Porém, é preciso ter cuidado ao colocá-las junto de outros peixes, em especial os de menor tamanho, pois elas têm um comportamento um pouco agressivo por serem territorialistas.
Alguns produtores colocam os peixes em plantações de arroz, aproveitando a estrutura dos arrozais e retirando-os quando atingem o tamanho ideal para o consumo, o que normalmente acontece junto do início da colheita do cereal. Esse modelo de produção é chamado de rizipiscicultura, mas antigamente era realizado com as carpas.
Basicamente, elas são criadas para o consumo humano e a produção é lucrativa, devido à alta procura pela carne desse peixe, conhecida e apreciada pela textura e sabor suave.
Peixes Redondos: tambaqui, pacu, pirapitinga e seus híbridos interespecíficos
São espécies de peixes de clima tropical, hábito alimentar onívoro e pertencentes à Ordem Characiformes, família Serrasalmidae. Em comum apresentam o corpo comprimido, coberto por escamas e boca com dentes molariformes.
O pacu se origina da Bacia do Prata, sendo encontrado em águas doces que vão do Sul do país até o Centro-oeste. No Pantanal, encontram o seu habitat ideal, especialmente pelo clima e temperatura média da água próxima aos 30 graus Celsius.
O tambaqui e a pirapitinga, podemos, por assim dizer, primos do Pacu, são espécies nativas da Bacia Amazônica consideradas precoces, tolerantes ao manejo e rústicas.
Em comum apresentam carne branca com sabor suave, aceitam qualquer tempero mas, dependendo do processamento pós-colheita, podem apresentar espinhas nos filés.
Produzidos em represas rurais e viveiros de derivação com fundo e paredes naturais escavadas, normalmente são comercializadas com peso variando de 1 kg até 3 kg.
Carpa
A carpa é um peixe de manuseio delicado e em cativeiro pode ser criado de diversas formas como em tanques, tanques-rede, gaiolas flutuantes ou açudes, por exemplo. Sendo a capacidade de investimento do produtor que definirá a melhor opção.
Quando falamos em carpa, é preciso dizer que esse nome representa várias espécies. Entre elas, podemos citar a carpa húngara, carpa espelho, carpa escama, carpa real, carpa cabeçuda ou cabeça grande, capim, carpas coloridas e o kinguio ou peixe-dourado (ou ainda peixe-japonês).
Sobre o tempo de produção, estima-se que em um 1 ano de criação a Carpa atinja em torno de 1,5 kg. Esse peixe tem alta longevidade, podendo chegar a 40 anos (ou até mais em alguns casos).
Piau
O Piau se caracteriza por seu crescimento rápido, em especial no primeiro ano e nos 6 meses seguintes. A sua criação possui diversos fins como consumo de carne, recreação ou pesca esportiva e ornamentação.
Sua carne é considerada sutil e saborosa, e a produção em cativeiro é suficiente para atender os diversos fins para que ela se destina. Esses peixes são onívoros e podem ser alimentados tranquilamente com ração comum.
A reprodução, assim como em outras espécies, é realizada através da indução hormonal para favorecer a reprodução. Em casos como esse, é fundamental contar com ajuda especializada.
Bagre Africano
O bagre africano foi introduzido no Brasil na década de 1980, tendo como fim principal a aquicultura. O crescimento dele ocorre normalmente em águas tranquilas como pequenos riachos e lagos.
Tem um corpo esguio, cabeça óssea plana e boca com grande largura possuindo oito barbilhões, característica que o diferencia das espécies nativas de bagre apresentam seis barbilhões. Por possuir um órgão respiratório auxiliar, pode sobreviver em locais com índices baixos de oxigênio.
O seu comportamento é tido como predatório, pois é um peixe com hábito alimentar carnívoro, podendo engolir facilmente qualquer peixe menor que caiba em sua boca. Ainda sobre a alimentação, apesar de ser um peixe onívoro, o bagre africano se caracteriza pela voracidade do seu apetite, o que torna difícil que ele rejeite qualquer tipo de alimento oferecido.
Na criação em aquário, recomenda-se ter o cuidado de tampá-lo, pois a espécie pode tentar fugir do ambiente, especialmente à noite. O tempo de criação gira em torno de 12 meses até a chegada da maturidade sexual e o pico reprodutivo ocorre aos 3 anos.
Aspectos químicos e da água
Os aspectos químicos da água são fundamentais para uma boa criação de peixes, já que isso influencia de forma significativa no processo. Logo, é importante ter bastante cautela, pois pouco adianta focar em outras questões como alimentação e deixar de lado esses itens que dizem muito em relação à qualidade de vida dos animais.
Uma recomendação é usar o filtro biológico para tratar a água produzida, livrando-se de efluentes industriais e de resíduos domésticos. Além disso, sua aplicação se mostra uma solução bem ampla no tratamento da água.
A construção do filtro ao nível do solo possibilita ter diversas camadas de substratos específicos, com formatos variados e com impermeabilização para evitar contaminações no ambiente e na cadeia de peixes.
Também é indicado usar plantas, vegetais superiores aquáticos enraizadas ou não, que contribuem especialmente para produzir um visual agradável e, em alguns casos, até para servir como fonte de alimentação. Esse modelo de filtragem é conhecido como wetlands.
Medidas como essas mostram o cuidado e o carinho que se tem com os animais, o que é extremamente favorável no processo de criação de peixes. Sendo assim, vale a pena colocar essas dicas em prática e, assim, ter mais condições de aproveitar os benefícios da piscicultura, que é uma área muito rentável.
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