Para o sucesso na criação de tilápias, cabe ao piscicultor escolher o sistema de produção que melhor se adeque às suas necessidades.
A tilápia foi introduzida em nossas bacias para o repovoamento de lagos e represas, devido à sua grande capacidade de reprodução, à sua boa adaptabilidade em condições ambientais favoráveis e à sua boa conversão alimentar e ganho de peso, possuindo alta rusticidade ciclo precoce, com bons índices de desempenho. Sua carne tem textura firme, sem espinhos e com boa aceitação no mercado. É um peixe não carnívoro, que se alimenta de ração e de plâncton. Por isso, torna-se imprescindível que o piscicultor conheça os componentes de um ecossistema de um viveiro de peixes, a partir do ciclo de produção de alimentos naturais. Da mesma forma, deve escolher o sistema de produção que melhor se adeque às suas necessidades.
Ciclo de produção de alimentos naturais
Um viveiro de piscicultura é um ambiente que serve de habitat para vários organismos aquáticos. Dependendo da parte (superfície, meio, fundo) da massa líquida onde esses organismos habitam, eles são classificados como:
– Macrófitas: são os vegetais superiores, que vivem submersos ou flutuando na água, como por exemplo, os aguapés e as aeloidias;
– Neustons: refere-se a organismos, como pequenos insetos, que se movimentam sobre a superfície da água;
– Bentos: é a denominação dada aos vermes e a formas jovens de insetos que habitam o fundo dos viveiros e que se alimentam principalmente de matéria orgânica;
– Néctons: são aqueles organismos que nadam ativamente na massa d’água, isto é, são os peixes;
– Plânctons: são organismos muito pequenos, que habitam a parte superior da massa d’água, vivendo à deriva.
“Os plânctons são formados pelo fitoplâncton, que se referem às algas microscópicas que se formam nos ambientes aquáticos e pelo zooplâncton, constituído por diminutos animais aquáticos. Tanto o fitoplâncton como o zooplâncton se desenvolvem graças à presença de matéria orgânica e são também incentivados pelas adubações realizadas nos viveiros. Em um viveiro de piscicultura, todos esses seres encontram-se interagindo uns com os outros”, afirmam os professores Manuel Vazquez Vidal Júnior e Taciano Cezar Freire Maranhão, do curso Criação de Tilápias, elaborado pelo CPT – Centro de Produções Técnicas.
Sistemas de produção
Sistema extensivo
Consiste em colocar os peixes juvenis em lagos ou represas, onde permanecerão até o momento de serem capturados. Apresenta as principais características:
– Não há fornecimento de ração aos peixes;
– Não há adoção de um manejo adequado;
– Apresenta baixa produtividade, geralmente, em torno de dois a três mil quilos por hectare de área alagada por ano;
– Utiliza a técnica do policultivo, geralmente, permitindo que várias espécies sejam cultivadas ao mesmo tempo, como por exemplo, tilápias; surubim; carpas; pacu ; tambaqui; tambacu; matrinchã; curimbatá; e piau.
Em vista disso, o sistema extensivo é o mais adequado de se utilizar, quando o papel da piscicultura na propriedade é secundário, ou seja, não é a principal atividade da fazenda.
A criação conjunta desses peixes tem como principal vantagem o aproveitamento quase que total dos alimentos fornecidos aos peixes, evitando, dessa forma, o acúmulo de sobras, o que permite manter a taxa de oxigênio da água em níveis mais elevados.
Sistema semi-intensivo
É um sistema praticado em lagos ou represas e apresenta as seguintes características:
– Há fornecimento de alimento para os peixes, sendo parte desse alimento constituído por rações e parte por restos de alimentos ou dejetos de animais, como de suínos, desde a fase juvenil até alcançarem o ponto de comercialização;
– É um sistema utilizado como atividade secundária da fazenda;
– Apresenta produtividade em torno de cinco mil quilos por hectare de área alagada por ano;
– É um sistema adequado para o produtor que pretende fazer o policultivo, com o objetivo de fornecer peixes aos pesque-pagues ou para o comércio de peixes abatidos em menor escala.
Sistema intensivo
A finalidade desse sistema é obter alta produtividade e, por isso, deve ser feito em viveiros, podendo ser adotado como uma das principais atividades da propriedade. Aqui, as fases de recria e de engorda são bem definidas, as quais poderão ser realizadas em conjunto na própria piscicultura. Caso os peixes juvenis venham a ser adquiridos junto a pisciculturas de recria de alevinos, a engorda poderá ser feita sozinha.
As pisciculturas que adotam esse sistema têm como principal objetivo atender a mercados consumidores de peixes abatidos. Por essa razão, o sistema intensivo é recomendado para o monocultivo, ou seja, o cultivo de uma só espécie em cada viveiro. Nesse sistema, utilizam-se espécies que permitem ser cultivadas com maiores densidades de peixes, sendo as tilápias, vermelhas ou tailandesas, as espécies mais recomendadas.
A alimentação dos peixes deverá ser feita com ração balanceada e adequada para a tilápia, de acordo com a fase de desenvolvimento. Se o manejo for feito de maneira criteriosa, o piscicultor poderá produzir até 10.000 kg de tilápias por hectare de área alagada por ciclo de cultivo.
Comparado com os demais sistemas de produção, o superintensivo apresenta maior custo de implantação, porém permite obter produtividades bem maiores. Foto: reprodução.
Sistema superintensivo
Trata-se de um sistema que possui as mesmas características do intensivo, porém permite que se utilize densidade de povoamento ainda maiores. Para isso, os peixes são cultivados em estruturas apropriadas como:
– Viveiros circulares;
– Tanques-rede;
– Raceway’s;
– Canais de concreto, construídos para conduzir água de irrigação.
Comparado com os demais sistemas de produção, o superintensivo apresenta maior custo de implantação, porém permite obter produtividades bem maiores. Aqui, a exemplo do que é feito no sistema intensivo, é muito importante fazer um acompanhamento adequado da alimentação dos peixes e da qualidade da água para evitar queda de produtividade.
A tilápia é uma das espécies de peixes que melhor se adaptaram ao sistema superintensivo de produção, cultivada em estruturas do tipo tanques-rede, raceway’s e canais de concreto. Nesse sistema o piscicultor poderá obter uma produção de até 40 mil quilos de tilápias por hectare de área alagada por ano, o que leva o custo de cada quilo de peixe produzido ser consideravelmente reduzido.
(Fonte: Centro de Produções Técnicas)
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